Eles são os nativos da internet. Vivem em um ambiente digital no qual as novas tecnologias são como o ar que respiram. Dia e noite, estão em um universo virtual onde se encontram para conversar por meio da internet, dos celulares, do MSN. A geração internet está mudando e amadurecendo. Ela está influenciando o modo de agir dos pais, transformando a educação nas escolas e o relacionamento nas empresas, e se envolvendo em um novo compromisso social e político. Essa geração está crescendo e cada vez mais apresenta desafios para os pais e educadores: como compreender, dialogar e caminhar com a geração internet?
De acordo com a mais recente pesquisa realizada no Brasil pelo Ibope/Nielsen, o país tinha até final de 2009 o total de 67,5 milhões internautas, ocupando o quinto lugar no ranking mundial. Atualmente, o país é líder mundial de acessos à internet, com 48 horas e 26 minutos mensais, superando até os Estados Unidos. O uso do microblog, o twiter, entre os brasileiros, é de 15%, colocando o Brasil mais uma vez na frente dos Estados Unidos (10,69%). Em relação aos acessos às redes sociais, nosso país está em quinto lugar, com um salto de crescimento em número de usuários de 23 milhões e 966 mil, em 2009, para 35 milhões e 221mil, em 2010.
Para muitos, termos como “Geração Y” e “Geração Z” são novos. Eles fazem parte de uma grande mudança cultural pela qual as sociedades estão passando nesse momento da história. Estes novos tempos têm sido profundamente influenciados pela chamada cultura midiática, um conceito que está relacionado com a ideia de que as pessoas, por meio das novas mídias, criam outros tipos de relacionamento, estabelecem novos meios de produção e de acesso ao conhecimento e constroem redes de interatividade para promover mudanças socioculturais na sociedade em geral. As gerações Y e Z sãos os filhos nativos e imersos na cultura midiática.
Geração Y, Geração Z
Embora a definição e a caracterização de uma geração sejam difíceis de se determinar com exatidão, alguns estudiosos do fenômeno da comunicação sugerem que a cultura midiática é uma realidade marcante no mundo globalizado. E dentre os fatores de maior incidência na mudança de comportamento e de atitudes das novas gerações estão, sem dúvida, a internet, o celular e o vídeo game. Segundo estudos recentes do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), com o uso contínuo do computador e a imersão nos ambientes virtuais, a “geração internet” pode estar expandindo suas capacidades mentais, sugerindo que o cérebro dessa geração processa informações diferentemente da geração que cresceu escutando rádio e vendo televisão. Esses estudos ainda são embrionários, mas apresentam algumas evidências de que a internet tem um efeito psicológico e social profundo.
A Geração Y foi a primeira a vivenciar essas transformações. O estudioso Tapscott denomina de Geração Y, ou Geração Internet, às pessoas nascidas de 1977 a 1990. Entre as características relacionadas a essa geração e ao modo como se comunica percebe-se que esta deixa de ser o receptor passivo de um programa de televisão para acessar um universo incontrolável de portais na internet. Passa do uso da linguagem formal e linear para a linguagem do hiperlink. Deixa de ler os jornais impressos para navegar nos sites e comparar notícias, criar, remodelar, montar, editar, socializar em rede.
Essa é uma geração que tem dificuldade de pensar e agir de modo lógico, que desenvolve ideias e pensamentos com pouca profundidade e que age com certa ambiguidade. Isso porque eles vivem imersos em um grande universo de informações. Mas é também uma geração que está preocupada com o planeta e com o sentido de tolerância religiosa e ética, que cria grupos de interesse e que se compromete com causas sociais e planetárias. É uma geração que prima pela competência, pelos resultados, pela qualidade de vida e pelo respeito pelas diferenças.
Definida como a geração das grandes mudanças de comportamento cultural e social, a Geração Z compreende os nascidos desde 1998 até o presente. Com pais e mães que nasceram na Era da Internet, encontram agora algo mais avançado: o You-Tube e as redes sociais, como Orkut e Facebook. Os membros da Geração Z querem ser autores, interagem, perguntam, respondem, querem dar opinião sobre tudo. Tapscott, na pesquisa que fez com dez mil jovens sobre a nova geração digital, classificou a Geração Z como aquela em que seus membros querem liberdade em tudo o que fazem.
Quem souber dialogar com as gerações Y e Z vai compreender seu futuro. Quem entender o seu futuro, vai acreditar nessas novas gerações. É verdade que estas gerações enfrentam grandes desafios, entre os quais a segurança e a privacidade online. Mas as grandes mudanças do futuro também estão nas mãos das gerações Y e Z. Dom Bosco, apaixonado pelos jovens, com certeza estaria no grupo daqueles que crêem no potencial e no dinamismo das novas gerações. Educar é acreditar e caminhar com eles!
Compreender e dialogar com as novas gerações
Como educar os filhos e filhas da internet? Como falar de valores cristãos e estabelecer novas relações e atitudes para as Gerações Y e Z? Sugiro algumas orientações aos pais e educadores:
- Favorecer o relacionamento e interatividade. A interatividade que eles aprendem nos vídeogames, nas conversas online, é um convite para o educador entrar no processo de diálogo; um convite para interagir e se relacionar.
- Reconciliar o Evangelho com a cultura midiática. Saber inculturar o Evangelho no tecido e no coração da comunicação, da linguagem e da interatividade da cultura midiática.
- Comunicar os valores intangíveis. Estabelecer um diálogo que os leve a abrirem-se para as expressões inter-subjetivas, à capacidade de redescobrirem as dimensões imaginárias da vida individual e coletiva e a busca dos valores intangíveis (o amor, o perdão, a solidariedade e a felicidade).
- Reinventar os apelos para o compromisso social. Saber despertar, dentro do cenário da cultura midiática, o compromisso com o coletivo e com a solidariedade.
- Promover os valores percebidos e a experiência vital. Favorecer experiências artísticas, sociais, celebrativas, que levem à experiência e fortaleçam o senso de pertença e relacionamento autêntico e realizador.
- Confirmar, reconhecer e valorizar experiências. Saber confirmar as experiências das pessoas (na vida de oração, no trabalho profissional, nos trabalhos pastorais, na vivência do amor, na família).
- Celebrar o mistério. Propor a Pessoa de Jesus Cristo e seu projeto de amor com novas linguagens e favorecer a experiência do Cristo Ressuscitado no campo individual e em grupos.