Segundo as Sagradas Escrituras, Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Para o cristão, Jesus é a Verdade que liberta, que mostra ao homem a verdadeira compreensão de que Deus é Pai e que, portanto, todos somos irmãos. Esta é uma afirmação de fé que está na base de toda a doutrina e da práxis católica, porém, nos dias de hoje, torna-se algo que precisa ser compreendido e melhor assimilado.
Vivemos num contexto em que o “eu” é quem decide o que é certo ou errado, bom ou ruim, útil ou desnecessário, ou seja, tudo é relativo, conforme a própria opinião ou forma de ver o mundo. Se o “eu” é a fonte de todo discernimento, a Verdade não existe e vemos a instauração de um mundo relativista, sem pontos fixos sobre os quais possamos nos apoiar.
Este é um dos grandes problemas do mundo atual: como falar de Verdade para as novas gerações? Como compreender Cristo como a grande Verdade, se tudo é relativo e qualquer caminho pode ser seguido? Ao mesmo tempo, como não cair no extremo de fechamento diante da diversidade que o mundo contemporâneo apresenta? São questões complexas que precisam ser refletidas, especialmente no universo de educação católica, pois são essenciais para a formação do ser cristão.
Relativismo e respeito às diferenças
É importante distinguir o relativismo do respeito às diferenças. O ser humano em si é marcado pela diversidade que provém de todas as suas características: físicas, psicológicas, étnicas, culturais, religiosas e de outras naturezas. O problema do relativismo é que, ao pensar nesta ótica, não há nada de permanente, de verdadeiro. Tudo é visto como relativo aos próprios desejos e àquilo que o “eu” acredita ou pensa. Num mundo relativista não há espaço para a Verdade, para o “Totalmente Outro”. Diferentemente, para o cristianismo, se Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, Ele é o ponto fixo. É Nele que devemos nos apoiar para o discernimento e para as escolhas que fazemos.
Quando falta este ponto fixo, o ser humano fica sem bases sólidas sobre as quais possa construir sua vida. Instaura-se, então, um sentimento de vazio, como se nada pudesse fazer sentido. O ser humano precisa de bases fixas que vão além de si mesmo, que possam dar suporte para a própria vida. Se tudo depende do indivíduo, então cada um pode seguir o seu caminho, sem necessariamente considerar o outro que está ao seu lado. Corre-se então o risco de instrumentalizar as pessoas, que não são mais vistas pela sua dignidade, mas apenas pelos critérios utilitaristas que a sociedade apresenta.
A centralidade de Cristo
Educar para a comunicação nesse contexto de relativismo requer uma reflexão importante sobre a centralidade de Cristo, ponto fixo sobre o qual podemos apoiar nossas vidas. Nele se encontra o sentido plenamente humano das relações. Em um ambiente educativo, mais do que tentar responder aos desejos de cada um, é preciso educar para a comunicação fraterna que se concretiza na certeza de que Cristo é o centro que nos torna irmãos pela filiação divina.
Cristo não é só mais um profeta, só uma pessoa iluminada, em meio a tantas outras. Ele é o próprio Deus presente entre nós, é a Verdade Absoluta e a partir dele é que encontramos o sentido da vida e reconhecemo-nos numa fraternidade humana. É desse modo que, por Cristo, podemos aceitar as nossas diversidades.
Pensar desta forma faz toda a diferença. Indica, portanto, que não precisamos ter medo de comunicar a Verdade; que não é uma questão de proselitismo religioso, mas de essência do que é ser cristãos. Comunicar a Verdade é colocar Cristo como centro de tudo, é recuperar a mística da presença de Deus no cotidiano, o que permite a vivência de relações fraternas e igualitárias, nas quais que o amor é o ensinamento primordial que deve ser ensinado não apenas com palavras, mas principalmente pelo testemunho de vida e de ação.
Irmã Márcia Koffermann, FMA, é diretora-executiva da Rede Salesiana Brasil de Comunicação (RSB-Comunicação)