Um novo modo de relacionar-se
O relacionamento, para os jovens da cultura midiática, está associado a seu novo modo de comunicar. Eles querem ser autores e participantes dos processos de relacionamento. Cada vez mais, pessoas, empresas e escolas têm deixado modelos hierarquizados e funcionalistas para valorizar a pessoa, a gestão do conhecimento, a criatividade, e o talento associados ao respeito e à busca pela qualidade de vida. A contemporaneidade caracteriza-se, assim, por uma forte tendência à individualidade. As questões sociais e políticas são motivadas por interesses individuais e de grupos a partir dos valores percebidos (testemunhados, que nascem das experiências).
Os jovens e as novas tecnologias formam uma teia complexa e imensa de interatividade. Os jovens exigem cada vez mais um falar e ouvir, ouvir e falar, onde o diálogo nasce e cresce a partir da relação natural de interagir. Esta interatividade está presente no seu protagonismo na música, na arte, no esporte, no trabalho e na educação. Ao interagir com pessoas no ambiente educativo e no trabalho, eles estão exigindo cada vez mais mudanças.
Uma visão planetária
Os jovens acreditam firmemente que o planeta lhes pertence. Sabem que a ameaça à vida e ao ecossistema pode gerar insegurança tanto para eles quanto para seus futuros filhos. Eles querem viver em um mundo mais pacífico, tolerante e responsável. Por isso, estão se organizando cada vez mais nas redes sociais, onde é possível defender seus direitos, a natureza, a qualidade de vida das pessoas, e construir uma sociedade mais humana e solidária.
Para o ativismo social, os jovens têm utilizado os blogs, o Twitter, o Facebook e os e-mails. Diferentemente dos jovens das décadas de 1960 e 1970, que lutaram contra a ditadura no Brasil, ou os jovens dos anos 1990, chamados de caras-pintadas, a juventude de hoje manifesta-se e se organiza nas redes sociais. A geração das redes sociais encontra sua força de expressão na habilidade e rapidez de rastrear informações na internet, criar e midiatizar a mensagem, formar redes de notícias e se mobilizar em torno de uma causa. Como fazem parte de uma sociedade fragmentada, não linear, suas manifestações políticas não são contínuas ou estruturais. Elas são velozes, passageiras e instantâneas.
Alguns analistas afirmam que, no Egito, na Praça Tahrir, a organização que derrubou o regime do ex-presidente Hosni Mubarak foi resultado de uma mobilização feita nas redes sociais. Outro exemplo é a campanha de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos, assim como as campanhas de solidariedade realizadas para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti.
Família e educação
A relação entre pais e filhos hoje é muito diferente da observada nas gerações anteriores. Se no passado os filhos buscavam a liberdade fora de casa, com a internet eles permanecem no lar muito mais tempo. Muitos dos relacionamentos entre pais e filhos acontecem por e-mails. Às vezes interagem jogando videogames, fotografando momentos familiares para depois compartilharem com outros familiares e amigos. Há ainda aqueles jovens que têm de deixar a família para estudar em outras cidades. Estes encontram no skype, no celular e no Facebook meios de contato e partilha. É preciso destacar também que esta geração, com isso, vai aprendendo a cuidar de si, a valorizar a família e, cada vez mais, a cuidar dos outros e se envolver em atividades solidárias.
Considerados como novos autores no aprendizado, os jovens estão questionando o modelo tradicional do professor que ensina e tem controle do conhecimento. Para eles, o saber é construído de maneira colaborativa, interativa e prática. Com um acesso imenso às informações, às vezes têm dificuldade de interpretar e aprofundar essas informações e aplicá-las à vida. Porém, buscam novos modos de aprender e pesquisar.
Geração solidária e organizada em redes
Com o alcance global da internet, os jovens sentem a necessidade de realizar ações solidárias. O voluntariado cresce na Europa, nas Américas e na Ásia; e os jovens se organizam para campanhas de solidariedade em âmbito internacional.
Pesquisadores com 24 a 35 anos de idade vinculados às mais diversas universidades dedicam tempo e competência para contribuir voluntariamente para muitos projetos ambientalistas, seja nos países do Ocidente, como nos da África e Ásia. Depois do lançamento do filme Uma Verdade Inconveniente, mostrando as consequências do efeito estufa e aquecimento global, muitos jovens se mobilizaram online para fazer uma campanha sobre como proteger o planeta.
Os jovens conhecem e dominam as novas linguagens das mídias mais que os próprios pais e educadores. Filhos e filhas dos novos tempos, eles vivem imersos na nova ambiência midiática de modo natural, seja no conhecimento e domínio da linguagem das novas mídias, seja no modo de participar da Igreja e do desenvolvimento econômico, político, social e ambiental.