O continente digital oferece relações rápidas por meio das novas tecnologias. A imensa rede de informações no ciberespaço abre-nos milhões de janelas para todos os tipos de informações. A interseção entre sons, imagens e palavras dos clips de músicas, das noticias e do entretenimento das mídias interativas, a expansão das redes sociais, a instantaneidade das informações produzidas e compartilhadas, a convergência das mídias e o avanço tecnológico sem fronteiras geográficas significam estabelecer um profundo diálogo do Evangelho com a cultura midiática.
Os nativos da internet são privilegiados por crescerem em um novo mundo onde têm o domínio das novas tecnologias e novas linguagens da comunicação. Ao mesmo tempo, eles têm também uma grande responsabilidade diante dos grandes problemas do mundo. Educar e evangelizar os jovens de hoje significa, sobretudo, acreditar e promover o seu protagonismo.
Os jovens são os novos autores do continente digital
Esse protagonismo se caracteriza, em primeiro lugar, pela sua relação natural com as novas tecnologias. Eles e as novas mídias formam um ecossistema, isto é, vivem imersos no universo midiático. Da busca por experiências deriva o consequente engajamento nas atividades onde eles se sentem participantes de fato. Identifica-se uma busca por experiências, ao invés da representação. Ser protagonista para eles é estar individualmente em conexão com outros jovens e a esfera pública. Ser ‘sujeitos’ significa assumir uma atitude colaborativa e expressar competência dentro de uma sociedade global e complexa.
O protagonismo dos nativos da internet
A noção de protagonismo (autor) dos jovens na cultura midiática precisa ser entendida a partir do seu modo de pensar, sentir e viver no seu ambiente midiático. Tomemos como exemplo as redes sociais, que fazem parte do seu ecossistema relacional. A atuação ocorre em um ambiente onde os jovens dominam a nova linguagem, têm uma nova visão da sociedade e do mundo.
A visão estrutural ou da cultura de massas, entretanto, tem sua validade e importância e deve ser utilizada, como por exemplo, a questão da exclusão digital. Porém, a visão sistêmica da comunicação, onde o todo está ligado à parte e a parte ao todo, exige uma análise mais profunda, considerando inclusive as questões da linguagem, da subjetividade, da arte, da simbologia, da corporeidade.
É importante ressaltar que a cultura midiática rompe com a noção rígida de hegemonia cultural, de domínio e controle de grupos de comunicação e da indústria cultural. Temos um novo espaço de relações entre a mídia e os jovens. A imaginação criativa e a criatividade imaginativa são as grandes forças dos jovens. Portanto, o mundo virtual apresenta-se como o lugar da nova sociabilidade. Neste contexto, deve-se entender a busca dos jovens pela espiritualidade e religiosidade.
Para dialogar com os jovens sobre estes dois temas é importante trazer essas dimensões para sua ambiência. Para eles não existe a linha que separa os que seguem uma religião e outra. Não existem os de fora que devem ser evangelizados pelos de dentro (Igreja). O protagonismo juvenil é um dom de Deus para todos os jovens. A questão é saber dialogar e compreender a situação de busca do sobrenatural, da fé e da vivência cristã dos jovens, e saber somar com as diversas situações e experiências que eles vivem. Podemos então afirmar que o ciberespaço é lugar de evangelização quando esta é vista como o diálogo com a cultura midiática, com as expressões dos novos tempos. Apresentar Jesus Cristo como o Senhor da Vida e a Igreja como mensageira do Evangelho é um desafio e uma necessidade para os jovens que vivem dentro dessa ambiência complexa e rica para novas experiências cristãs.
É necessária uma atitude educativo-interativa com os jovens para dialogar com eles sobre as verdades do Evangelho, a novidade e a força da mensagem de Jesus Cristo e o apelo de ser cristão na Igreja. É dentro do universo midiático que eles fazem as escolhas de vida, sentem-se atraídos pelos valores percebidos (testemunhados), fazem suas opções vocacionais, empenham-se pelo estudo e fazem suas escolhas de fé e de religião.
Ativos na Igreja
Os membros da geração internet não deixaram de acreditar. Ao contrário: acreditam em Deus, buscam o sagrado, gostam das atividades religiosas que valorizam o afetivo, o simbólico, e que levam à experiência vital, ao estar juntos, ao senso de aventura, de originalidade, de experiência com o mistério. Esse retorno ao simbólico e afetivo não significa, para eles, uma negação da racionalidade. Eles sabem valorizar a espiritualidade, os rituais religiosos, e se engajam quando, em nome do sagrado e da religião, são motivados para a ação.
O protagonismo dos jovens na Igreja deve ser visto a partir da interatividade nas relações, procurando ouvir e ser ouvido, participar, ser autor das atividades da Igreja, buscar o engajamento na liturgia, na catequese, nas pastorais sociais. Eles necessitam de experiências que tenham apelo, nas quais possam sentir que o que fazem tem sentido para eles e para os outros. A vida de oração passa pela sua subjetividade, seus desejos profundos de viver e amar, seu sentido de solidariedade pelo próximo e necessidade de pertença a uma comunidade. Eles se envolvem como missionários quando têm apelo e veem a autenticidade nas relações e organizações a serviço dos outros. Os jovens amam Jesus Cristo e têm grande reverência e respeito pelo sagrado.
Os nativos digitais são os novos cristãos do futuro. A Igreja, por meio da CF 2013, demonstra sua fé e seu apoio aos jovens do continente digital. Quem souber caminhar e acreditar neles vai saber caminhar com os tempos. Caminhar com os tempos é entrar na dinâmica do educador e evangelizador que mantém sua fé em Jesus Cristo e sabe compreender as mudanças da cultura e da história.