A fé de Jesus de Nazaré
Ele vai à casa de Zaqueu e o perdoa; Ele permite que uma mulher beije seus pés e a perdoa; Ele não condena outra mulher que foi jogada em praça pública para ser lapidada; Ele dá a água viva à mulher samaritana; Ele cura os leprosos, cegos, coxos; alimenta os famintos; ressuscita o filho único de uma viúva. Assim encontramos o homem Jesus, profundamente comovido pelas necessidades humanas.
Por outro lado, as pessoas manifestam fé em Jesus e Ele as atende. Foi assim com o paralítico, com a mulher doente de hemorragia, quando ressuscita a filha de Jairo, quando atende o centurião romano e cura seu empregado. Ele sempre diz: “Tua fé te salvou” (Mc 5,34; Lc 17,19), ou, quando se admira diante da fé de alguém, exclama: “Grande é a tua fé, mulher” (Mt 15,28), ou ainda: “Vendo a fé que tinha” (Mc 2,5; Mt, 9,2; Lc 5,12).
E do que Deus nos salva?
São todas expressões que revelam a consequência da fé das pessoas. Jesus não exige sacrifícios, cultos, promessas, nada. Apenas reconhece que naquela pessoa está o reinado de Deus, quer dizer, a presença de Deus que salva.
E do que Deus nos salva? Nos salva de tudo aquilo que nos limita, nos escraviza e nos torna doentes, como as normas e leis que nos obrigam a criar uma imagem de Deus mais danosa e sádica do que o Pai de bondade que acolhe, beija, banha, devolve o anel e as sandálias e faz festa para o filho que retorna. Deus não está preocupado com aquilo que fazemos, mas com o que somos. Às vezes temos mais medo de Deus que amor, mais distância que intimidade, mais culpa que liberdade. Criamos o Deus da culpa e o chamamos de Salvador. Eis o grave problema das religiões cristãs.
A nossa fé em Jesus de Nazaré
Os Evangelhos apresentam a fé em Jesus como uma conduta, um comportamento: bondade, humildade, carinho e confiança. Quando Jesus repreende Pedro, que vacila ao andar pelas águas, Ele diz: “homem de pouca fé”. Isto quer dizer que faltava aos discípulos a intimidade com Jesus. Faltava o assombro diante de suas ações porque eles eram duros de coração. Mesmo depois das primeiras aparições e da subida aos céus, muitos ainda duvidaram se de fato era Jesus. Tomé é apenas uma amostra de uma comunidade que não conseguia ver porque as pessoas estavam como que cegas.
A fé em Jesus pesa quando a religião se impõe com normas para crer e cria fórmulas e convenções que aprisionam a liberdade do ato de crer. A fé será sempre um dom recebido. Dom dado, fruto da compaixão de Deus para conosco. Não é uma conquista, que vem de sacrifícios e lutas interiores e exteriores, mas simplesmente dom. Contudo, a fé em Jesus começa a nos mover quando celebramos, experimentamos os efeitos, estudamos e testemunhamos no cotidiano. A vocação nasce desta entrega.