O poço salesiano: Dá-me as pessoas!

Terça, 31 Julho 2018 22:01 Escrito por 
O poço salesiano: Dá-me as pessoas! Nino Musio
“É preciso saciar a sede da proximidade. Estar com o outro para conhecê-lo, valorizá-lo e acompanhá-lo em novos empreendimentos. Esta é a fonte do encontro entre o menino samaritano excluído, abandonado, órfão, confundido com um marginal e o jovem padre cheio de energia, ideais e sonhos”.  

Naquele tempo, um jovem padre que superou muitos interditos para responder ao chamado de Deus chega ao poço existencial no encontro com um adolescente. Saiu de casa ainda jovem, aprendeu vários ofícios para sobreviver, estudar e conquistar seu espaço. Aos 26 anos, em 5 de junho de 1841, recebe o sacramento da Ordem. Torna-se padre. E agora? O que fazer?

 

Outro padre amigo, mais maduro, lhe aconselha a voltar para sua terra natal, Castelnuovo, sua paróquia, e durante alguns meses trabalhar e pensar no futuro. O jovem padre João Bosco retorna ao ar puro dos campos. Depois de seis meses volta a Turim e seu confessor e amigo o aborda: “João, agora és padre, o que pretendes fazer? Queres ser professor? Queres uma paróquia no interior? Ou gostarias de estudar um pouco mais no Convitto Eclesiástico para aprender moral, homilia e fazer uma experiência pastoral?”

 

O jovem padre se coloca, então, à disposição do amigo confessor. Este lhe propõe: “Vais ao Convitto estudar”. Este foi o poço onde João saciou a fome de oração e conhecimento da realidade juvenil.

 

Sede de liberdade e de vida

Contudo, o padre Bosco está sedento de algo maior. Ele sabe que Deus quer algo específico para ele, mas é preciso estar preparado. Sua sede e o poço onde buscar a água ainda não estão totalmente claros.

 

No Convitto ele começa a fazer uma experiência pastoral nos presídios da cidade. Fica horrorizado com a triste realidade daqueles meninos e jovens condenados à morte, esquecidos pela sociedade. Eram jovens sedentos de liberdade, oportunidade, vida.

 

Um dia, padre Bosco se prepara para a missa, e de repente uma gritaria o desconcentra. O sacristão expulsa um jovem que entrara sem permissão na sacristia. João não aprova tal violência e manda o sacristão trazer o jovem de volta. Começa uma amizade.

 

Aquele menino estava com sede, fome e frio. Na conversa, inicialmente tímida, o menino repete o nome: “Sou Bartolomeu Garelli. Não tenho ninguém da família aqui, sei apenas assobiar”. Pronto, foi o suficiente para começar um diálogo interessante. A sede de oportunidade daquele menino e a do padre João Bosco se encontram num único poço: a proximidade!

 

A fonte do oratório

A data deste encontro ficou marcada no poço: 8 de dezembro de 1854. É preciso saciar a sede da proximidade. Estar com o outro para conhecê-lo, valorizá-lo e acompanhá-lo em novos empreendimentos. Ali tudo começou. Esta é a fonte do encontro entre o menino samaritano excluído, abandonado, órfão, confundido com um marginal e o jovem padre cheio de energia, ideais e sonhos; sobretudo daquele sonho de 1825, quando animais ferozes se tornaram ovelhas e cordeiros depois de muita briga e até tapas. Contudo, ali estava o Senhor majestoso, radiante como o sol, e uma senhora que pousava a mão sobre a cabeça dele e dizia: “Não tenha medo João, a seu tempo tudo compreenderás. Torna-te forte, humilde e robusto”.

 

O deserto atravessado por João desde os Becchi até Turim parecia não ter fim. Agora, porém, começa uma nova estrada. Brota em seu coração uma luz interior que lhe indica o caminho. É preciso ir ao encontro dos meninos mais vulneráveis. Neles, aquele Senhor e a Senhora do sonho o esperavam com a verdadeira água para saciar seu longo caminho formativo. O poço do encontro com Deus seriam os adolescentes e jovens samaritanos de todos os tempos (CG 23, n. 95).

 

A história continua

Os adolescentes e jovens samaritanos estão por todo lado. Homens e mulheres identificados com a sede de Dom Bosco continuam a despertar ações educativas e evangelizadoras.

 

É preciso continuar indo ao deserto para encontrar esses samaritanos, é urgente estar no poço das “periferias existenciais” para saber saciar a sede. As sedes são muitas: sede de pão e peixe, de paz, de oportunidades, de fé, de saúde, de afeto, de acolhida, de amizades verdadeiras, de conhecimento, de proximidade, de fraternidade e amor, de dedicação, respeito, tolerância e escuta, de trabalho. Enfim, a sede de Deus não pode ser saciada, mas a sede de justiça sim.

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O poço salesiano: Dá-me as pessoas!

Terça, 31 Julho 2018 22:01 Escrito por 
O poço salesiano: Dá-me as pessoas! Nino Musio
“É preciso saciar a sede da proximidade. Estar com o outro para conhecê-lo, valorizá-lo e acompanhá-lo em novos empreendimentos. Esta é a fonte do encontro entre o menino samaritano excluído, abandonado, órfão, confundido com um marginal e o jovem padre cheio de energia, ideais e sonhos”.  

Naquele tempo, um jovem padre que superou muitos interditos para responder ao chamado de Deus chega ao poço existencial no encontro com um adolescente. Saiu de casa ainda jovem, aprendeu vários ofícios para sobreviver, estudar e conquistar seu espaço. Aos 26 anos, em 5 de junho de 1841, recebe o sacramento da Ordem. Torna-se padre. E agora? O que fazer?

 

Outro padre amigo, mais maduro, lhe aconselha a voltar para sua terra natal, Castelnuovo, sua paróquia, e durante alguns meses trabalhar e pensar no futuro. O jovem padre João Bosco retorna ao ar puro dos campos. Depois de seis meses volta a Turim e seu confessor e amigo o aborda: “João, agora és padre, o que pretendes fazer? Queres ser professor? Queres uma paróquia no interior? Ou gostarias de estudar um pouco mais no Convitto Eclesiástico para aprender moral, homilia e fazer uma experiência pastoral?”

 

O jovem padre se coloca, então, à disposição do amigo confessor. Este lhe propõe: “Vais ao Convitto estudar”. Este foi o poço onde João saciou a fome de oração e conhecimento da realidade juvenil.

 

Sede de liberdade e de vida

Contudo, o padre Bosco está sedento de algo maior. Ele sabe que Deus quer algo específico para ele, mas é preciso estar preparado. Sua sede e o poço onde buscar a água ainda não estão totalmente claros.

 

No Convitto ele começa a fazer uma experiência pastoral nos presídios da cidade. Fica horrorizado com a triste realidade daqueles meninos e jovens condenados à morte, esquecidos pela sociedade. Eram jovens sedentos de liberdade, oportunidade, vida.

 

Um dia, padre Bosco se prepara para a missa, e de repente uma gritaria o desconcentra. O sacristão expulsa um jovem que entrara sem permissão na sacristia. João não aprova tal violência e manda o sacristão trazer o jovem de volta. Começa uma amizade.

 

Aquele menino estava com sede, fome e frio. Na conversa, inicialmente tímida, o menino repete o nome: “Sou Bartolomeu Garelli. Não tenho ninguém da família aqui, sei apenas assobiar”. Pronto, foi o suficiente para começar um diálogo interessante. A sede de oportunidade daquele menino e a do padre João Bosco se encontram num único poço: a proximidade!

 

A fonte do oratório

A data deste encontro ficou marcada no poço: 8 de dezembro de 1854. É preciso saciar a sede da proximidade. Estar com o outro para conhecê-lo, valorizá-lo e acompanhá-lo em novos empreendimentos. Ali tudo começou. Esta é a fonte do encontro entre o menino samaritano excluído, abandonado, órfão, confundido com um marginal e o jovem padre cheio de energia, ideais e sonhos; sobretudo daquele sonho de 1825, quando animais ferozes se tornaram ovelhas e cordeiros depois de muita briga e até tapas. Contudo, ali estava o Senhor majestoso, radiante como o sol, e uma senhora que pousava a mão sobre a cabeça dele e dizia: “Não tenha medo João, a seu tempo tudo compreenderás. Torna-te forte, humilde e robusto”.

 

O deserto atravessado por João desde os Becchi até Turim parecia não ter fim. Agora, porém, começa uma nova estrada. Brota em seu coração uma luz interior que lhe indica o caminho. É preciso ir ao encontro dos meninos mais vulneráveis. Neles, aquele Senhor e a Senhora do sonho o esperavam com a verdadeira água para saciar seu longo caminho formativo. O poço do encontro com Deus seriam os adolescentes e jovens samaritanos de todos os tempos (CG 23, n. 95).

 

A história continua

Os adolescentes e jovens samaritanos estão por todo lado. Homens e mulheres identificados com a sede de Dom Bosco continuam a despertar ações educativas e evangelizadoras.

 

É preciso continuar indo ao deserto para encontrar esses samaritanos, é urgente estar no poço das “periferias existenciais” para saber saciar a sede. As sedes são muitas: sede de pão e peixe, de paz, de oportunidades, de fé, de saúde, de afeto, de acolhida, de amizades verdadeiras, de conhecimento, de proximidade, de fraternidade e amor, de dedicação, respeito, tolerância e escuta, de trabalho. Enfim, a sede de Deus não pode ser saciada, mas a sede de justiça sim.

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