Dom Bosco não visou e não fez outra coisa senão desejar, continuamente, promover a glória a Deus e zelar pela salvação das almas. Deus e as almas foram os seus amores por toda a sua vida!
Ele, para fazer bem a todos, não perdia nenhuma oportunidade, inclusive de dizer uma boa palavra ou de fazer prudentemente uma advertência salutar.
Um dia, o Senador Miguel Ângelo Castelli, da Ordem Mauriciana e Chanceler da Coroa da Itália, precisando de um favor de Dom Bosco, foi visitá-lo, prometendo-lhe todo tipo de proteção e de ajuda. Embora o senador seguisse princípios muito diferentes, encontrou nele um amigo a mais e o convidou à sua casa.
Dom Bosco esteve lá somente uma vez, precisamente no dia em que uma filha do senador fazia a Primeira Comunhão. Dom Bosco passou algumas horas com a família e não deixou fugir a ocasião de dizer uma boa palavra para o bem daquela inocente criatura, e lhe perguntou:
– Você quer que este dia tão bonito se renove ainda muitas outras vezes?
– Oh sim! – respondeu a menina.
– Muito bem! De vez em quando peça a seu pai essa licença (de ir à igreja), assim você poderá rezar pelo papai, pela mamãe, e Deus os consolará, conservando você sempre boa. Não é verdade, Sr. Comendador?
– Eu nada tenho em contrário. De bom grado!
A pequena correu para o pai, abraçou e agradeceu. O pai, profundamente comovido, tinha os olhos marejados de lágrimas.
Aos jovens e salesianos
Também para os seus jovens e salesianos sabia dirigir uma boa palavra em particular. Com frequência, paramentando-se para celebrar, chamava algum jovem que via na sacristia e lhe dizia em voz baixa:
– Que graça quer que eu peça para você a Jesus na Santa Missa?
No pátio, durante o recreio, abaixando-se, aproximava-se delicadamente do ouvido de um ou de outro rapaz e lhe dava um conselho ou uma advertência. Além das palavras publicadas nos volumes anteriores, o padre Lemoyne recolheu as seguintes:
– Você tem medo de que Jesus esteja zangado com você? Recorra à Virgem bondosa: Ela é sua advogada e patrocinará a sua causa.
– O Paraíso não é feito para preguiçosos. O Reino dos Céus sofre violência, e somente os esforçados é que o conquistam (Mt 11,12).
– Você está no meio de uma tormenta? Invoque a Estrela do mar, invoque Maria.
– Você pensa no juízo de Deus e não tem medo? Por acaso você é mais santo do que um São Jerônimo? Também ele tremia.
– Não confie demais nas suas forças: até São Pedro caiu.
– Quero que acabemos com isso: se me ajudar, quero quebrar os chifres ao diabo.
– Você quer ser bom e ficar contente? Pense em Deus. Tudo começa com Ele.
– Reze, reze bem, e certamente você se salvará.
– Se você me ajudar, quero torná-lo feliz neste mundo e no outro.
– Se você me ajudar, quero fazer de você um São Luís Gonzaga.
– Quem perseverar até o fim será salvo. O prêmio é prometido aos iniciantes, mas é dado aos que perseveram.
Aos salesianos e aspirantes, repetia com frequência:
– Trabalhemos continuamente nesta vida para salvar a nossa alma e muitas, muitas outras. Descansaremos na feliz eternidade!
Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).