No capítulo 17 do volume 9 das Memórias Biográficas de Dom Bosco há uma descrição pormenorizada do interior da Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, construída pelo próprio Dom Bosco.
Na verdade, essa construção foi graças a um incansável pedir, nos diz Pietro Braido: “Na complexa rede de relações pessoais e epistolares de Dom Bosco pode-se encontrar a promessa de bênçãos especiais de Deus mediante a intercessão de Maria Auxiliadora. Uma das mais tempestivas era a preservação da cólera, que se espalhava em diversos países entre 1865 e 1867”. Por isso ele podia dizer, em sua humildade: “Foi Ela quem tudo fez”!
Vejamos a descrição do quadro do pintor Tomás Lorenzone, que transcrevemos aqui.
Entretanto, o mais célebre monumento dessa igreja é o retábulo, ou seja, a grande pintura no alto do altar-mor. Sua altura é de mais de sete metros e largura de quatro, em magnífica moldura dourada. Lorenzone pôde ficar muito satisfeito com sua obra.
A Virgem está num mar de luz e majestade, num trono de nuvens. Um manto real envolvendo-a nos lados lhe desce dos ombros. Na cabeça tem uma coroa de estrelas e um diadema com que é proclamada rainha do céu e da terra. Segura na mão direita o cetro, símbolo de seu poder, como aludindo às palavras que proferiu em casa de Isabel: Fecit mihi magna qui potens est (O Poderoso fez em mim maravilhas – Lc 1,49). Com a mão esquerda segura o Menino, também coroado, braços abertos, oferecendo suas graças e misericórdia aos que recorrem à sua augusta Mãe. Atrás dela abre-se um pedaço de céu com um coro de anjinhos homenageando sua Rainha.
No alto do quadro está representado, no olho simbólico, Deus Pai. Um pouco mais abaixo, o Espírito Santo em forma de pomba. Daí partem raios que pousam sobre a cabeça e todo o redor da Virgem, como para lhe dizer: Ave, Maria: virtus Altissimi obumbrabit tibi (O poder do Altissimo te cobrirá com sua sombra – Lc 1,35).
Embaixo, divididos em duas filas, veem-se, dispostos em graus e em tamanho pouco mais do que o natural, os apóstolos e os evangelistas. Eles, transportados em doce êxtase, contemplam admirados sua rainha: Regina Apostolorum, ora pro nobis. São Pedro e São Paulo estão no meio. Por entre eles aparece uma abertura, pela qual se vê ao fundo o Santuário de Valdocco e o Oratório, com o casario que estava ao redor naquele tempo, e as colinas de Superga. É o lugar onde os fiés agradecem à Virgem as graças recebidas e pedem que continue a se mostrar mãe de misericórdia nos graves perigos da vida presente.
O valor particular do quadro está no pensamento que provoca uma impressão devota no coração de quem quer que o contemple.
Em tempos de coronavírus, é bom lembrar as infinitas graças que os devotos conseguiram de Deus, pela intercessão da Mãe Auxiliadora, na época da peste da cólera. Elevemos confiantes nosso olhar à “Virgem de Dom Bosco”, “dos tempos difíceis”, e imploremos sua intercessão.
Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).
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