Dom Helder Câmara e a Sinfonia dos Dois Mundos

Terça, 13 Novembro 2018 09:14 Escrito por 
Este é o título do livro escrito por Cícero Williams, professor de História do Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, em Jaboatão dos Guararapes, PE. O livro faz uma síntese do pensamento de Dom Helder a partir de uma de suas obras menos conhecidas no Brasil: a Sinfonia dos Dois Mundos. O livro é fruto da pesquisa para o Mestrado em Ciências da Religião na Universidade Católica de Pernambuco e foi publicado pela editora Bagaço, como a primeira obra da Coleção Teses e Dissertações, que terá13 livros com temas em que o eixo central é educação e religião.    

O que é a “Sinfonia dos Dois Mundos” e por que escrever sobre ela?

Ainda na graduação fui chamado para compor uma equipe de pesquisa sobre história e religião, orientado pelo professor Newton Cabral, e ele me incentivou a pesquisar sobre dom Helder. Muito já tinha sido escrito sobre sua história, o viés pastoral e social etc. Mas percebi que há poucos estudos sobre o lado artístico. Ele escreveu muitos poemas, belíssimos, e nessa produção artística encontrei a Sinfonia dos Dois Mundos.

Em 1979, dom Helder Câmara e o maestro suíço padre Pierre Kaelin decidiram compor juntos uma sinfonia, como instrumento de conscientização. Compuseram a Sinfonia dos Dois Mundos, que foi apresentada pela primeira vez em março de 1980, em Genebra, Suíça. Depois essa obra seguiu o mundo, foi apresentada em 39 cidades, de 14 países em três continentes. No Brasil, só veio a ser apresentada em 1985. O meu trabalho é em cima das duas apresentações realizadas em 1985, em João Pessoa, PB, e no Recife, PE.

 

Como está estruturado o livro?

O primeiro capítulo é teórico e trata da relação entre arte e religião. No segundo capítulo entra o contexto histórico, da ditadura militar no Brasil e, internacionalmente, da guerra fria, quando o mundo estava dividido entre os países socialistas do Leste e os países do Oeste. Mas para dom Helder a divisão não era essa. Os “dois mundos” eram o Norte, dos países mais industrializados, e o Sul, com os mais pobres. Ele pensava que era preciso romper essas fronteiras e tornar o mundo harmônico, como uma sinfonia.

Uma sinfonia é uma obra de arte que tem movimento: música dentro de música. No caso desta, há seis movimentos que dialogam e, para cada um, dom Helder fez as letras a partir dos discursos que ele já vinha produzindo ao longo dos anos. Discursos contra a miséria, a injustiça e com muito teor teológico. O terceiro capítulo é sobre essa sinfonia e sua mensagem.

 

Qual é sua relação com a Colônia Salesiana de Jaboatão?

Me afastei das salas de aula para me dedicar ao mestrado e, quando decidi voltar no início do ano, os salesianos me deram essa oportunidade. Eu já conhecia um pouco da pedagogia salesiana, através do meu orientador e das obras de Lorena, SP, e Carpina, PE. Percebo que a obra aqui em Jaboatão é muito organizada, a Pastoral é muito atuante e há um acompanhamento psicopedagógico não só dos alunos, mas também das famílias. É uma proposta pedagógica que vai além do espaço físico da escola e cuida do social e do espiritual em toda a comunidade. Estou satisfeito demais em fazer parte desse grupo.

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Dom Helder Câmara e a Sinfonia dos Dois Mundos

Terça, 13 Novembro 2018 09:14 Escrito por 
Este é o título do livro escrito por Cícero Williams, professor de História do Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, em Jaboatão dos Guararapes, PE. O livro faz uma síntese do pensamento de Dom Helder a partir de uma de suas obras menos conhecidas no Brasil: a Sinfonia dos Dois Mundos. O livro é fruto da pesquisa para o Mestrado em Ciências da Religião na Universidade Católica de Pernambuco e foi publicado pela editora Bagaço, como a primeira obra da Coleção Teses e Dissertações, que terá13 livros com temas em que o eixo central é educação e religião.    

O que é a “Sinfonia dos Dois Mundos” e por que escrever sobre ela?

Ainda na graduação fui chamado para compor uma equipe de pesquisa sobre história e religião, orientado pelo professor Newton Cabral, e ele me incentivou a pesquisar sobre dom Helder. Muito já tinha sido escrito sobre sua história, o viés pastoral e social etc. Mas percebi que há poucos estudos sobre o lado artístico. Ele escreveu muitos poemas, belíssimos, e nessa produção artística encontrei a Sinfonia dos Dois Mundos.

Em 1979, dom Helder Câmara e o maestro suíço padre Pierre Kaelin decidiram compor juntos uma sinfonia, como instrumento de conscientização. Compuseram a Sinfonia dos Dois Mundos, que foi apresentada pela primeira vez em março de 1980, em Genebra, Suíça. Depois essa obra seguiu o mundo, foi apresentada em 39 cidades, de 14 países em três continentes. No Brasil, só veio a ser apresentada em 1985. O meu trabalho é em cima das duas apresentações realizadas em 1985, em João Pessoa, PB, e no Recife, PE.

 

Como está estruturado o livro?

O primeiro capítulo é teórico e trata da relação entre arte e religião. No segundo capítulo entra o contexto histórico, da ditadura militar no Brasil e, internacionalmente, da guerra fria, quando o mundo estava dividido entre os países socialistas do Leste e os países do Oeste. Mas para dom Helder a divisão não era essa. Os “dois mundos” eram o Norte, dos países mais industrializados, e o Sul, com os mais pobres. Ele pensava que era preciso romper essas fronteiras e tornar o mundo harmônico, como uma sinfonia.

Uma sinfonia é uma obra de arte que tem movimento: música dentro de música. No caso desta, há seis movimentos que dialogam e, para cada um, dom Helder fez as letras a partir dos discursos que ele já vinha produzindo ao longo dos anos. Discursos contra a miséria, a injustiça e com muito teor teológico. O terceiro capítulo é sobre essa sinfonia e sua mensagem.

 

Qual é sua relação com a Colônia Salesiana de Jaboatão?

Me afastei das salas de aula para me dedicar ao mestrado e, quando decidi voltar no início do ano, os salesianos me deram essa oportunidade. Eu já conhecia um pouco da pedagogia salesiana, através do meu orientador e das obras de Lorena, SP, e Carpina, PE. Percebo que a obra aqui em Jaboatão é muito organizada, a Pastoral é muito atuante e há um acompanhamento psicopedagógico não só dos alunos, mas também das famílias. É uma proposta pedagógica que vai além do espaço físico da escola e cuida do social e do espiritual em toda a comunidade. Estou satisfeito demais em fazer parte desse grupo.

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