Serra Leoa, um novo Valdocco

Quarta, 16 Março 2016 09:17 Escrito por 
Pela primeira vez na história da Congregação Salesiana, a festa do Pai e Mestre da Juventude, Dom Bosco, foi realizada longe da Itália. Este ano, o local escolhido para celebrar, em 31 de janeiro, foi Serra Leoa, na África Ocidental.

Em sua vídeo-mensagem para a Família Salesiana, por ocasião da festa de São João Bosco, o Reitor-mor dos salesianos, padre Ángel Fernández Artime, explicou por que, pela primeira vez na história da Congregação, celebraria o 31 de janeiro longe da Itália. “Quando puderem ver esta mensagem, não estarei em Turim, em Valdocco. Estarei lembrando e rezando por vocês em Serra Leoa, na África”, destacou ele, dirigindo-se, especialmente, aos jovens. Por que Serra Leoa? “Porque aqui estão 15 dos meus irmãos salesianos que em um determinado momento disseram: ‘Nós ficamos com estes jovens’, com estes meninos que perderam seu pai e sua mãe por causa do ebola. Como um presente de Deus e uma graça de Dom Bosco, pudemos, rapidamente, preparar duas casas-lares para todos eles. São quase 200. E disse a mim mesmo: é o momento de ir a outro Valdocco”.

O primeiro Valdocco é o de Turim, onde teve origem a Família Salesiana e onde Dom Bosco viveu e se dedicou aos jovens de seu tempo. Mais que um lugar físico, considera padre Ángel, Valdocco simboliza uma escolha de dedicação integral aos jovens, especialmente os mais carentes. Hoje, essa escolha se renova em cada obra salesiana. E a ação solidária aos “órfãos do ebola” em Serra Leoa é um símbolo desse carisma.

Assim, mesmo longe de Turim, o Reitor-mor fez questão de divulgar essa vídeo-mensagem, traduzida em 21 idiomas, para fortalecer a comunhão com toda a Família Salesiana. A mensagem pode ser assistida no ANSChannel (YouTube).

 

Continente africano

No dia 31 de janeiro, padre Ángel presidiu a solene Eucaristia pela manhã, na Igreja de Maria Auxiliadora, em Lungi, Serra Leoa, com a presença de mais de duas mil pessoas. Ele recordou a todos como o Espírito Santo inspirou Dom Bosco a servir os jovens mais necessitados, sem nunca esmorecer perante os desafios e as dificuldades. O Reitor-mor falou também das experiências vividas em Freetown e em Lungi, que lhe mostraram como Dom Bosco realmente está vivo hoje em Serra Leoa. Por último, dirigiu aos jovens o convite a se inspirar no exemplo de Dom Bosco e a nunca ter medo de seguir Jesus Cristo.

Durante a sua estada em Serra Leoa, padre Ángel visitou a prisão principal de Freetown, em Pademba Road. Ali, depois de um momento de oração, o reitor-mor ouviu as histórias de três detentos. “Quantas emoções emergem por estar com esses jovens a recordar-lhes o que lhes diria Dom Bosco se ali estivesse presencialmente, que ainda têm uma oportunidade..., que não percam a esperança...!”, comentou o Reitor-mor.

Padre Ángel encontrou-se com os residentes na obra Don Bosco Fambul para almoçar e conversar com as crianças – pequenos que sobreviveram ao vírus do ebola, meninas que sofreram abusos e violências na família. Padre Ángel manifestou a sua alegria por poder celebrar com eles a festa de Dom Bosco, de que tanto ouvem falar; e agradeceu pelo trabalho dos que atuam na entidade. O Reitor-mor pediu aos jovens que aproveitassem a oportunidade que lhes ofereciam os salesianos, a fim de que possam construir um futuro melhor, e garantiu a todos que Dom Bosco sempre estará ao lado deles, por toda a vida.

Em 1° de fevereiro, o Reitor-mor continuou sua viagem pelo continente africano, chegando à Libéria, outro país fortemente atingido pela epidemia do ebola. Depois, de 4 a 8 de fevereiro, visitou Gana. Entre outras atividades, ele presidiu a cerimônia de posse do padre Michael Karikunnel, novo inspetor salesiano para a África Ocidental Anglófona (AFW). A viagem à região encerrou-se com a visita à Etiópia.

 

Pós-ebola: realidade social e empenho salesiano

Em dois anos, o ebola matou 11.316 pessoas – de 28.638 casos registrados em Serra Leoa, Guiné e Libéria. Serra Leoa sofreu uma grave recessão, pelas dificuldades nos setores principais da sua economia: agricultura e mineração. A Guiné e a Libéria tiveram o seu comércio duramente reduzido, por causa do fechamento das fronteiras.

Mas as consequências do ebola se estendem, sobretudo, ao tecido social: só em Serra Leoa, cerca de 12.000 crianças ficaram órfãs em decorrência do vírus. Também aumentaram a violência contra os menores e a gravidez precoce. Centenas de crianças foram acusadas de bruxaria, sendo responsabilizadas pela morte dos seus familiares...

Ajudar e acompanhar as crianças e os adolescentes atingidos pelo ebola foi o que fizeram os salesianos da África Ocidental durante todo o tempo da epidemia. E é o que continuarão fazendo, com maior entusiasmo agora, com o encorajamento pessoal do Reitor-mor dos salesianos.

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Serra Leoa, um novo Valdocco

Quarta, 16 Março 2016 09:17 Escrito por 
Pela primeira vez na história da Congregação Salesiana, a festa do Pai e Mestre da Juventude, Dom Bosco, foi realizada longe da Itália. Este ano, o local escolhido para celebrar, em 31 de janeiro, foi Serra Leoa, na África Ocidental.

Em sua vídeo-mensagem para a Família Salesiana, por ocasião da festa de São João Bosco, o Reitor-mor dos salesianos, padre Ángel Fernández Artime, explicou por que, pela primeira vez na história da Congregação, celebraria o 31 de janeiro longe da Itália. “Quando puderem ver esta mensagem, não estarei em Turim, em Valdocco. Estarei lembrando e rezando por vocês em Serra Leoa, na África”, destacou ele, dirigindo-se, especialmente, aos jovens. Por que Serra Leoa? “Porque aqui estão 15 dos meus irmãos salesianos que em um determinado momento disseram: ‘Nós ficamos com estes jovens’, com estes meninos que perderam seu pai e sua mãe por causa do ebola. Como um presente de Deus e uma graça de Dom Bosco, pudemos, rapidamente, preparar duas casas-lares para todos eles. São quase 200. E disse a mim mesmo: é o momento de ir a outro Valdocco”.

O primeiro Valdocco é o de Turim, onde teve origem a Família Salesiana e onde Dom Bosco viveu e se dedicou aos jovens de seu tempo. Mais que um lugar físico, considera padre Ángel, Valdocco simboliza uma escolha de dedicação integral aos jovens, especialmente os mais carentes. Hoje, essa escolha se renova em cada obra salesiana. E a ação solidária aos “órfãos do ebola” em Serra Leoa é um símbolo desse carisma.

Assim, mesmo longe de Turim, o Reitor-mor fez questão de divulgar essa vídeo-mensagem, traduzida em 21 idiomas, para fortalecer a comunhão com toda a Família Salesiana. A mensagem pode ser assistida no ANSChannel (YouTube).

 

Continente africano

No dia 31 de janeiro, padre Ángel presidiu a solene Eucaristia pela manhã, na Igreja de Maria Auxiliadora, em Lungi, Serra Leoa, com a presença de mais de duas mil pessoas. Ele recordou a todos como o Espírito Santo inspirou Dom Bosco a servir os jovens mais necessitados, sem nunca esmorecer perante os desafios e as dificuldades. O Reitor-mor falou também das experiências vividas em Freetown e em Lungi, que lhe mostraram como Dom Bosco realmente está vivo hoje em Serra Leoa. Por último, dirigiu aos jovens o convite a se inspirar no exemplo de Dom Bosco e a nunca ter medo de seguir Jesus Cristo.

Durante a sua estada em Serra Leoa, padre Ángel visitou a prisão principal de Freetown, em Pademba Road. Ali, depois de um momento de oração, o reitor-mor ouviu as histórias de três detentos. “Quantas emoções emergem por estar com esses jovens a recordar-lhes o que lhes diria Dom Bosco se ali estivesse presencialmente, que ainda têm uma oportunidade..., que não percam a esperança...!”, comentou o Reitor-mor.

Padre Ángel encontrou-se com os residentes na obra Don Bosco Fambul para almoçar e conversar com as crianças – pequenos que sobreviveram ao vírus do ebola, meninas que sofreram abusos e violências na família. Padre Ángel manifestou a sua alegria por poder celebrar com eles a festa de Dom Bosco, de que tanto ouvem falar; e agradeceu pelo trabalho dos que atuam na entidade. O Reitor-mor pediu aos jovens que aproveitassem a oportunidade que lhes ofereciam os salesianos, a fim de que possam construir um futuro melhor, e garantiu a todos que Dom Bosco sempre estará ao lado deles, por toda a vida.

Em 1° de fevereiro, o Reitor-mor continuou sua viagem pelo continente africano, chegando à Libéria, outro país fortemente atingido pela epidemia do ebola. Depois, de 4 a 8 de fevereiro, visitou Gana. Entre outras atividades, ele presidiu a cerimônia de posse do padre Michael Karikunnel, novo inspetor salesiano para a África Ocidental Anglófona (AFW). A viagem à região encerrou-se com a visita à Etiópia.

 

Pós-ebola: realidade social e empenho salesiano

Em dois anos, o ebola matou 11.316 pessoas – de 28.638 casos registrados em Serra Leoa, Guiné e Libéria. Serra Leoa sofreu uma grave recessão, pelas dificuldades nos setores principais da sua economia: agricultura e mineração. A Guiné e a Libéria tiveram o seu comércio duramente reduzido, por causa do fechamento das fronteiras.

Mas as consequências do ebola se estendem, sobretudo, ao tecido social: só em Serra Leoa, cerca de 12.000 crianças ficaram órfãs em decorrência do vírus. Também aumentaram a violência contra os menores e a gravidez precoce. Centenas de crianças foram acusadas de bruxaria, sendo responsabilizadas pela morte dos seus familiares...

Ajudar e acompanhar as crianças e os adolescentes atingidos pelo ebola foi o que fizeram os salesianos da África Ocidental durante todo o tempo da epidemia. E é o que continuarão fazendo, com maior entusiasmo agora, com o encorajamento pessoal do Reitor-mor dos salesianos.

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