Reitor-mor
Terça, 13 Agosto 2013 12:00

"O que santifica não é o sofrimento, mas a paciência"

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Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesiano um artigo para leitura e reflexão. Na preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens, a partir de reflexões escritas em primeira pessoa. Veja o artigo de agosto.   Eu chegara a Grenoble, França, na noite de 12 de maio de 1886, cansado, depois de uma longa viagem que, em três meses me levara de Turim à França e Espanha. Submetera-me a um autêntico tour de force porque, em Roma, paralisava a construção do templo em honra do Sagrado Coração pela falta crônica de dinheiro. Fora amavelmente recebido pelo reitor do seminário que, preocupado com o estado de exaustão em que me encontrava, disse: “Reverendo padre, ninguém melhor do que o senhor sabe o quanto o sofrimento santifica”. Contudo, permiti-me corrigi-lo afirmando que “o que santifica não é o sofrimento, mas a paciência”. Não era apenas uma frase de efeito; era a síntese da minha existência, aos 71 anos que já pesavam às minhas costas e me tinham reduzido a “um homem morto pelo cansaço”, como, poucos dias antes, tinha-me definido o Dr. Combal.  
Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesianoum artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens, a partir de reflexões escritas em primeira pessoa. Veja o artigo de julho.   Quando me despedi dos 10 primeiros missionários que partiam para a Argentina, recordo-me destas palavras: “Damos início a uma grande obra, não porque se acredite converter todo o universo em poucos dias, mas, quem sabe, não seja esta partida como uma semente da qual surja uma grande árvore?...” Vivi em tempos muito difíceis. Era preciso uma boa dose de prudência, de “esperteza” para não piorar as coisas. Muito tato, jogo delicado de diplomacia. Nisso era favorecido pelo meu caráter. Mais do que colidir com os obstáculos, estava pronto a rodeá-los e vencê-los quando dava a impressão de querer desistir.
No encerramento da primeira sessão estiva do Conselho Geral, realizada nesta segunda-feira, 03 de junho, em Roma, Itália, o reitor-mor dos salesianos, padre Pascual Chávez, anunciou o tema da Estreia para 2014: “apropriemo-nos da experiência espiritual de Dom Bosco, para caminhar na santidade segundo a nossa vocação específica”. Depois de conhecer a história e a pedagogia do Santo dos Jovens, o triênio de preparação ao Bicentenário de Nascimento de Dom Bosco se completa com o tema Espiritualidade.   Padre Pascual Chávez apresentou a citação ao lema da Estreia com um breve texto, no qual ele esclarece que a espiritualidade salesiana como a cristã, “se concentra na caridade. Trata-se neste caso da “caridade pastoral”, ou seja, daquela caridade que nos impele a buscar  “a glória de Deus e a salvação das almas”: “Caritas Christi urget nos” – e, depois, – “A “caridade salesiana” é caridade pastoral, porque busca a salvação das almas; e é caridade educativa, porque encontra na educação o recurso que permite ajudar os jovens a desenvolver todas as suas potencialidades de bem. Deste modo, podem os jovens crescer quais honestos cidadãos, bons cristãos, futuros habitantes do céu”.   “Não basta conhecer os aspectos da vida de Dom Bosco, das suas atividades e também do seu método educativo” – escreve o reitor-mor; e convida a conhecer e a descobrir “a sua profunda vida interior, aquela que se poderia chamar de sua “familiaridade” com Deus”.   São três os conteúdos específicos que a Estreia 2014 irá aprofundar e que esta breve apresentação antecipa: a experiência espiritual de Dom Bosco, a caridade pastoral qual centro e síntese da espiritualidade salesiana e, enfim, a espiritualidade salesiana válida e eficaz para todas as vocações.   O texto integral da apresentação do tema da Estreia 2014 está disponível no site sdb.org e na seção ‘serviço’ da Agência Info Salesiana.   InfoANS
Segunda, 03 Junho 2013 20:37

Dom Bosco conta: Eu sempre precisei de todos

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Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesianoum artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens, a partir de reflexões escritas em primeira pessoa. Veja o artigo de junho.   Nasci pobre, contudo pelas minhas mãos passaram somas incríveis, às quais jamais apeguei o coração. Para mim, ser pobre queria dizer ser livre, daquela liberdade verdadeira que o Senhor nos ensinara com o exemplo e as palavras. Livres, não bloqueados! Pobre, como eu era, conheci e frequentei muitos ricos. Tinha uma ideia fixa que nem sempre foi compreendida, antes me suscitou um vespeiro de críticas cansativas e asfixiantes. Dizia e repito: “Não são os ricos que nos fazem a caridade, mas somos nós que a fazemos a eles, dando-lhes a oportunidade de fazer um pouco de bem”. Mais claro do que isso... Eu estava convencido de que “aos senhores, nunca há alguém que ouse dizer a verdade”.  
  Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesiano um artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens, a partir de reflexões escritas em primeira pessoa. Veja o artigo de maio.   Graças também à presença materna de minha mãe na antiga casa Pinardi (onde teve início a obra salesiana), havia um estilo simples de relações humanas, feito de calor paciente, compreensão e correção, em perfeito estilo de família. Com tantos em casa, a disciplina era necessária para que tudo não acabasse em confusão incontrolável. Disciplina reduzida ao mínimo, mas “acordos claros e amizade longa” como ela, em sua inata sabedoria popular, condensava as suas conclusões.  
  Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesiano um artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens. Veja o artigo referente ao mês de abril.   Eu era um garotinho vivo e atento que, com permissão de minha mãe, ia às várias festas campestres nas quais se apresentavam saltimbancos e ilusionistas. Punha-me sempre na primeira fileira, atento aos movimentos com que procuravam distrair os espectadores. Aos poucos, eu conseguia descobrir os seus truques; voltando para casa, repetia-os por horas a fio. Com frequência, porém, os movimentos não produziam o efeito desejado. Não foi fácil caminhar sobre aquela bendita corda suspensa entre duas árvores! Quantas quedas, quantos joelhos esfolados! E, muitas vezes, vinha-me a vontade de deixar tudo prá lá... Depois, recomeçava suado, cansado e, às vezes, também angustiado. Depois, aos poucos, conseguia equilibrar-me; sentia as plantas dos pés descalços aderirem à corda; tornava-me uma só coisa com os movimentos dos pés e, então, divertia-me contente repetindo e inventando outros movimentos. Eis porque, quando falava aos meus meninos, dizia-lhes: “Façamos as coisas fáceis, mas façamo-las com perseverança”. Eis aí a minha pedagogia essencial, fruto de muitas vitórias e de tantas outras derrotas, com a obstinação que era minha característica mais marcante.  
Reitor-mor
Terça, 13 Agosto 2013 12:00

"O que santifica não é o sofrimento, mas a paciência"

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Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesiano um artigo para leitura e reflexão. Na preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens, a partir de reflexões escritas em primeira pessoa. Veja o artigo de agosto.   Eu chegara a Grenoble, França, na noite de 12 de maio de 1886, cansado, depois de uma longa viagem que, em três meses me levara de Turim à França e Espanha. Submetera-me a um autêntico tour de force porque, em Roma, paralisava a construção do templo em honra do Sagrado Coração pela falta crônica de dinheiro. Fora amavelmente recebido pelo reitor do seminário que, preocupado com o estado de exaustão em que me encontrava, disse: “Reverendo padre, ninguém melhor do que o senhor sabe o quanto o sofrimento santifica”. Contudo, permiti-me corrigi-lo afirmando que “o que santifica não é o sofrimento, mas a paciência”. Não era apenas uma frase de efeito; era a síntese da minha existência, aos 71 anos que já pesavam às minhas costas e me tinham reduzido a “um homem morto pelo cansaço”, como, poucos dias antes, tinha-me definido o Dr. Combal.  
Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesianoum artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens, a partir de reflexões escritas em primeira pessoa. Veja o artigo de julho.   Quando me despedi dos 10 primeiros missionários que partiam para a Argentina, recordo-me destas palavras: “Damos início a uma grande obra, não porque se acredite converter todo o universo em poucos dias, mas, quem sabe, não seja esta partida como uma semente da qual surja uma grande árvore?...” Vivi em tempos muito difíceis. Era preciso uma boa dose de prudência, de “esperteza” para não piorar as coisas. Muito tato, jogo delicado de diplomacia. Nisso era favorecido pelo meu caráter. Mais do que colidir com os obstáculos, estava pronto a rodeá-los e vencê-los quando dava a impressão de querer desistir.
No encerramento da primeira sessão estiva do Conselho Geral, realizada nesta segunda-feira, 03 de junho, em Roma, Itália, o reitor-mor dos salesianos, padre Pascual Chávez, anunciou o tema da Estreia para 2014: “apropriemo-nos da experiência espiritual de Dom Bosco, para caminhar na santidade segundo a nossa vocação específica”. Depois de conhecer a história e a pedagogia do Santo dos Jovens, o triênio de preparação ao Bicentenário de Nascimento de Dom Bosco se completa com o tema Espiritualidade.   Padre Pascual Chávez apresentou a citação ao lema da Estreia com um breve texto, no qual ele esclarece que a espiritualidade salesiana como a cristã, “se concentra na caridade. Trata-se neste caso da “caridade pastoral”, ou seja, daquela caridade que nos impele a buscar  “a glória de Deus e a salvação das almas”: “Caritas Christi urget nos” – e, depois, – “A “caridade salesiana” é caridade pastoral, porque busca a salvação das almas; e é caridade educativa, porque encontra na educação o recurso que permite ajudar os jovens a desenvolver todas as suas potencialidades de bem. Deste modo, podem os jovens crescer quais honestos cidadãos, bons cristãos, futuros habitantes do céu”.   “Não basta conhecer os aspectos da vida de Dom Bosco, das suas atividades e também do seu método educativo” – escreve o reitor-mor; e convida a conhecer e a descobrir “a sua profunda vida interior, aquela que se poderia chamar de sua “familiaridade” com Deus”.   São três os conteúdos específicos que a Estreia 2014 irá aprofundar e que esta breve apresentação antecipa: a experiência espiritual de Dom Bosco, a caridade pastoral qual centro e síntese da espiritualidade salesiana e, enfim, a espiritualidade salesiana válida e eficaz para todas as vocações.   O texto integral da apresentação do tema da Estreia 2014 está disponível no site sdb.org e na seção ‘serviço’ da Agência Info Salesiana.   InfoANS
Segunda, 03 Junho 2013 20:37

Dom Bosco conta: Eu sempre precisei de todos

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Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesianoum artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens, a partir de reflexões escritas em primeira pessoa. Veja o artigo de junho.   Nasci pobre, contudo pelas minhas mãos passaram somas incríveis, às quais jamais apeguei o coração. Para mim, ser pobre queria dizer ser livre, daquela liberdade verdadeira que o Senhor nos ensinara com o exemplo e as palavras. Livres, não bloqueados! Pobre, como eu era, conheci e frequentei muitos ricos. Tinha uma ideia fixa que nem sempre foi compreendida, antes me suscitou um vespeiro de críticas cansativas e asfixiantes. Dizia e repito: “Não são os ricos que nos fazem a caridade, mas somos nós que a fazemos a eles, dando-lhes a oportunidade de fazer um pouco de bem”. Mais claro do que isso... Eu estava convencido de que “aos senhores, nunca há alguém que ouse dizer a verdade”.  
  Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesiano um artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens, a partir de reflexões escritas em primeira pessoa. Veja o artigo de maio.   Graças também à presença materna de minha mãe na antiga casa Pinardi (onde teve início a obra salesiana), havia um estilo simples de relações humanas, feito de calor paciente, compreensão e correção, em perfeito estilo de família. Com tantos em casa, a disciplina era necessária para que tudo não acabasse em confusão incontrolável. Disciplina reduzida ao mínimo, mas “acordos claros e amizade longa” como ela, em sua inata sabedoria popular, condensava as suas conclusões.  
  Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesiano um artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens. Veja o artigo referente ao mês de abril.   Eu era um garotinho vivo e atento que, com permissão de minha mãe, ia às várias festas campestres nas quais se apresentavam saltimbancos e ilusionistas. Punha-me sempre na primeira fileira, atento aos movimentos com que procuravam distrair os espectadores. Aos poucos, eu conseguia descobrir os seus truques; voltando para casa, repetia-os por horas a fio. Com frequência, porém, os movimentos não produziam o efeito desejado. Não foi fácil caminhar sobre aquela bendita corda suspensa entre duas árvores! Quantas quedas, quantos joelhos esfolados! E, muitas vezes, vinha-me a vontade de deixar tudo prá lá... Depois, recomeçava suado, cansado e, às vezes, também angustiado. Depois, aos poucos, conseguia equilibrar-me; sentia as plantas dos pés descalços aderirem à corda; tornava-me uma só coisa com os movimentos dos pés e, então, divertia-me contente repetindo e inventando outros movimentos. Eis porque, quando falava aos meus meninos, dizia-lhes: “Façamos as coisas fáceis, mas façamo-las com perseverança”. Eis aí a minha pedagogia essencial, fruto de muitas vitórias e de tantas outras derrotas, com a obstinação que era minha característica mais marcante.