Na manhã de 11 de fevereiro, segunda-feira de carnaval aqui no Brasil, a notícia de que o papa Bento XVI renunciaria ao cargo dentro de alguns dias ganhou as manchetes de todas as mídias internacionalmente. “... Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, por causa da idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino”, afirmara o sumo pontífice. Na história, a última renúncia papal datava de 1415, por decisão de Gregório XII, quase 600 anos atrás.
A escolha de Jorge Mario Bergoglio, de nacionalidade argentina, quebrou outro precedente histórico, tornando o cardeal arcebispo de Buenos Aireso primeiro papa latino-americano. Segundo as diretrizes do Documento de Aparecida, a Igreja identifica a relevância de estar mais próxima dos católicos da América Latina e um papa proveniente dessa região do planeta era especulado desde antes do Conclave.
A escolha do sucessor de Bento XVI se deu rapidamente, em 13 de março. Havia assuntos prementes a serem tratados, sendo que um dos maiores, a Jornada Mundial da Juventude, exigiria um empenho de grande monta de toda a Igreja, afinal, o evento, criado em 1985 pelo papa João Paulo II, tinha data marcada e implicava mobilizar jovens católicos de todo mundo.
Desde as primeiras horas de pontificado, o papa mostrou um diferencial. Escolheu o nome Francisco, uma homenagem explícita ao santo dos pobres e dos animais, e passou a falar aos fieis de forma direta.
Pedidos de oração
Em seu primeiro pronunciamento como bispo de Roma, o papa Francisco pediu “paz e unidade à Igreja em todo o mundo” e que a humanidade siga o caminho da fraternidade. “Vamos sempre orar uns pelos outros. Vamos sempre orar com o mundo todo, para que sempre haja bastante fraternidade”. Uma oração dirigida ao bispo emérito Bento XVI foi seguida de um outro pedido de oração, esta por ele mesmo, o que se tornou uma marca das falas do novo papa: “E agora quero dar a bênção, mas antes, peço-vos um favor: ...que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim”.
JMJ – o papa pede atitudes
Durante todo o período em que esteve no Brasil, opapa Francisco ressaltou que a busca pelo protagonismo juvenil é uma via a ser trilhada por eles, e que lhes exige coragem e determinação. O agir do modelo cristão é uma porta estreita, segundo a referência bíblica encontrada no livro de Mateus. Sem sublimar o desafio do “caminho”, nas expressões do sumo pontífice durante a JMJ, havia um apelo à atitude de cada um, como agentes da transformação. “...Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais!”, disse, durante sua visita à comunidade de Varginha, em Manguinhos, na Grande Rio de Janeiro.
Na visita à Basílica de Aparecida, SP, mais uma mensagem que pede a mudança interior, do fiel e em benefício coletivo: “Venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Para tal, gostaria de chamar a atenção para três simples posturas: Conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria”.
A Missa do Envio, ponto alto da JMJ, reuniu 3,7 milhões de participantes. Em sua homilia, o papa reforçou o tema da Jornada: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”. Na ocasião, como em todos os seus discursos e mensagens, o papa Francisco deixou clara a importância do jovem como agente de mudança na sociedade e convocou os católicos a vencerem a apatia e serem construtores de um mundo melhor.
Por fim, na homilia dirigida aos cerca de 15 mil voluntários, realizada no dia 28 de julho, o papa lhes reiterou o poder da mudança. “Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é ‘curtir’ o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, ‘para sempre’, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã. Em vista disso eu peço que vocês sejam revolucionários, eu peçoque vocês ajam contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, crê que vocêsnão são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de ‘ir contra a corrente’. E tenhamtambém a coragem de ser felizes!”
As falas do papa Franciso durante a JMJ repercutiram em todo o mundo, e são os indicadores da postura que a Igreja Católica pretende incentivar, em favor dos jovens e dos pobres.