"Querida Amazônia": os sonhos do Papa acerca da Amazônia

Sexta, 14 Fevereiro 2020 16:21 Escrito por  Padre Martín Lasarte - Agência Info Salesiana
Confira alguns apontamentos do padre Martín Lasarte, SDB, sobre o documento pós-sinodal “Querida Amazônia”.


O Papa Francisco finalmente apresentou à Igreja amazônica, à Igreja universal e a todos os homens de boa vontade o documento pós-sinodal «Querida Amazônia». O padre Martín Lasarte, SDB, que participou do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, indica alguns de seus pontos significativos. Confira:

Neste documento, Sua Santidade compartilha conosco seus quatro sonhos para a Amazônia: um sonho social, que luta pelos direitos dos mais pobres e dos povos originários; um sonho cultural, que resplende a beleza das culturas amazônicas; um sonho ecológico, que guarda zelosamente as belezas naturais e um sonho eclesial, em que as comunidades cristãs sejam capazes de se doar e inculturar.

O ar que se respira no documento é mais contemplativo do que técnico, moralista. De fato, a poesia permeia a exortação apostólica por meio de citações de diversos poetas e escritores, tanto de eclesiásticos quanto de leigos, entre os quais: J. C. Galeano, Vargas Llosa, Casaldáliga, Sui Yun, Vinicius de Moraes..., além de nosso irmão missionário salesiano de longa data na Amazônia venezuelana: padre Ramón Iribertegui e sua obra "El hombre y el caucho" (nota 12).

Como salesianos, somos sensíveis ao tema da juventude. O documento leva isso em consideração ao analisar a inadequação de muitos programas educacionais oferecidos a eles. Eles precisam de uma educação adaptada, que promova o desenvolvimento de suas habilidades e os responsabilize. A educação, por sua vez, é um aspecto fundamental da ecologia integral. Convida os jovens, especialmente os indígenas, a "se incumbirem das raízes, porque é delas que nasce a força que faz crescer, florescer, frutificar" (n.33). Ele também fala dos jovens migrantes nas cidades amazônicas, que esperam por acolhimento e caridade das comunidades cristãs, que os protejam das várias redes nocivas. Os jovens, como toda a Amazônia, precisam do ‘kerygma’, a proclamação apaixonada de Jesus Cristo (n. 64).

Intimamente ligado ao tema da juventude está o delicado tema das vocações. Como sabemos, alguns foram incentivados pela mídia a esperar a ordenação sacerdotal de homens casados. A sensibilidade católica do documento consiste em considerar o sacerdócio não apenas como uma função, uma delegação, mas como uma vocação, uma identificação com "Cristo, cabeça da igreja", que o torna ministro da eucaristia e da reconciliação. Diante da falta de sacerdotes, o Papa desafia os bispos ao sentido missionário de enviar padres à Amazônia, orar pelas vocações, formar pastores misericordiosos, sensíveis e capazes de dialogar com as culturas amazônicas (85-90). Os padres, juntamente com os diáconos, religiosos, religiosas e leigos, animados pelo Espírito, devem compartilhar a mesma paixão missionária numa Igreja marcadamente leiga (cf. 91-95).

Muitos outros temas merecem um fundo estudo, que não é possível fazer aqui, como: direitos humanos, povos indígenas, cuidados com a casa comum, depredação de recursos, migração, tráfico, cidades, inculturação, piedade popular, ‘ministerialidade’, eucaristia e reconciliação, protagonismo das mulheres, ecumenismo.

 

Fonte: Agência Info Salesiana

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Última modificação em Quinta, 27 Junho 2024 19:13

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"Querida Amazônia": os sonhos do Papa acerca da Amazônia

Sexta, 14 Fevereiro 2020 16:21 Escrito por  Padre Martín Lasarte - Agência Info Salesiana
Confira alguns apontamentos do padre Martín Lasarte, SDB, sobre o documento pós-sinodal “Querida Amazônia”.


O Papa Francisco finalmente apresentou à Igreja amazônica, à Igreja universal e a todos os homens de boa vontade o documento pós-sinodal «Querida Amazônia». O padre Martín Lasarte, SDB, que participou do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, indica alguns de seus pontos significativos. Confira:

Neste documento, Sua Santidade compartilha conosco seus quatro sonhos para a Amazônia: um sonho social, que luta pelos direitos dos mais pobres e dos povos originários; um sonho cultural, que resplende a beleza das culturas amazônicas; um sonho ecológico, que guarda zelosamente as belezas naturais e um sonho eclesial, em que as comunidades cristãs sejam capazes de se doar e inculturar.

O ar que se respira no documento é mais contemplativo do que técnico, moralista. De fato, a poesia permeia a exortação apostólica por meio de citações de diversos poetas e escritores, tanto de eclesiásticos quanto de leigos, entre os quais: J. C. Galeano, Vargas Llosa, Casaldáliga, Sui Yun, Vinicius de Moraes..., além de nosso irmão missionário salesiano de longa data na Amazônia venezuelana: padre Ramón Iribertegui e sua obra "El hombre y el caucho" (nota 12).

Como salesianos, somos sensíveis ao tema da juventude. O documento leva isso em consideração ao analisar a inadequação de muitos programas educacionais oferecidos a eles. Eles precisam de uma educação adaptada, que promova o desenvolvimento de suas habilidades e os responsabilize. A educação, por sua vez, é um aspecto fundamental da ecologia integral. Convida os jovens, especialmente os indígenas, a "se incumbirem das raízes, porque é delas que nasce a força que faz crescer, florescer, frutificar" (n.33). Ele também fala dos jovens migrantes nas cidades amazônicas, que esperam por acolhimento e caridade das comunidades cristãs, que os protejam das várias redes nocivas. Os jovens, como toda a Amazônia, precisam do ‘kerygma’, a proclamação apaixonada de Jesus Cristo (n. 64).

Intimamente ligado ao tema da juventude está o delicado tema das vocações. Como sabemos, alguns foram incentivados pela mídia a esperar a ordenação sacerdotal de homens casados. A sensibilidade católica do documento consiste em considerar o sacerdócio não apenas como uma função, uma delegação, mas como uma vocação, uma identificação com "Cristo, cabeça da igreja", que o torna ministro da eucaristia e da reconciliação. Diante da falta de sacerdotes, o Papa desafia os bispos ao sentido missionário de enviar padres à Amazônia, orar pelas vocações, formar pastores misericordiosos, sensíveis e capazes de dialogar com as culturas amazônicas (85-90). Os padres, juntamente com os diáconos, religiosos, religiosas e leigos, animados pelo Espírito, devem compartilhar a mesma paixão missionária numa Igreja marcadamente leiga (cf. 91-95).

Muitos outros temas merecem um fundo estudo, que não é possível fazer aqui, como: direitos humanos, povos indígenas, cuidados com a casa comum, depredação de recursos, migração, tráfico, cidades, inculturação, piedade popular, ‘ministerialidade’, eucaristia e reconciliação, protagonismo das mulheres, ecumenismo.

 

Fonte: Agência Info Salesiana

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