No dia 31 de janeiro de 2010, o jovem Salesiano Cooperador Eduardo Amorim se deparou com uma cena dolorosa e questionadora: entrou no lixão da cidade de Juazeiro do Norte, CE, e presenciou muitas famílias, com crianças e adolescentes, catando restos de alimentos, misturados com todo tipo de lixo e resíduos de frutas, verduras, carnes e o que possa imaginar estragado. Observando aquelas pessoas, Eduardo começou a perguntar o nome de uns e outros, onde moravam e porque se encontravam naquela situação! Descobriu que a maioria morava em pequenos barracos, ao redor do lixão, visitados o dia todo, pelos urubus, insetos e animais que também se alimentavam dos restos danificados.
Altamente abalado, Eduardo descobriu também que aquelas famílias estavam completamente fora do convívio humano, escapando com aqueles restos contaminados. Nada de estudo, sem documentos, desconhecidos da sociedade, das autoridades políticas e religiosas!
Depois de longa pesquisa, Eduardo se dirigiu ao Colégio Salesiano local e começou a planejar meios para socorrer aquela gente e fazer alguma coisa para salvá-las daquela situação. Foi até o Horto do Padre Cícero, onde se encontrou com as irmãs salesianas que moravam naquela comunidade e pediu ajuda para elaborar um projeto em favor dos moradores do lixão.
Eduardo já morava no bairro Frei Damião e com a ajuda dos Salesianos alugou uma casa maior para acolher crianças e adolescentes e convocou também pessoas de boa vontade para participarem da missão a ser iniciada. O projeto logo entrou em vigor: um oratório diário para receber e acompanhar as famílias do lixão. Em curto prazo de tempo, Eduardo começou a trazer as pessoas adultas, levar ao cartório e conseguir os principais documentos, com patrocínio dos políticos e das pessoas que ele chamou de benfeitores do Oratório Madre Mazzarello.
Descobriu que no bairro Frei Damião, na periferia da cidade, bairro perigoso, moravam muitos adolescentes e jovens envolvidos com drogas, prostituição e miséria total.
Alugou, então, outra casa na Vila Três Marias, com escola, jogos, divertimento sadio, para atrair aqueles que eram retirados do lixão. Em pouco tempo, Eduardo resgatou mais de 100 famílias, que começaram a viver em pequenos cazebres e frequentando o oratório que oferecia alimentação e ocupação para todos que eram convidados a mudar de vida.
Eduardo realiza uma missão de libertação de tantos jovens, adolescentes e crianças que vivem no bairro Mutirão, na Baixa da Rapousa, onde essa gente é envolvida com tráfico de drogas, alcoolismo e prostituição. Um campo vastíssimo de missão, no qual Eduardo enfrenta riscos, ameaças e perigos, socorrendo as vítimas da violência, muitos casos de homicídio e atentados à vida dos pobres, que às vezes se sujeitam aos vícios, em busca da difícil sobrevivência.
Na luta que enfrenta dia a dia, Eduardo já conseguiu vagas numa casa de recuperação em Barbalha, CE, e mantém meninos do oratório em tratamento. Também o Colégio Salesiano Dom Bosco, na cidade de Juazeiro, oferece vagas com bolsas integrais para meninos do oratório que estudam e vivem com um pouco de dignidade humana.
Contando com grande apoio dos Salesianos de Dom Bosco, das autoridades políticas e religiosas e dos beneméritos benfeitores, Eduardo Amorim tem realizado um belíssimo trabalho missionário e cristão.
Celebrar 10 anos de fundação do Oratório Madre Mazzarello, é perceber a força da caridade pastoral, que envolve a vida de Eduardo e de tantas pessoas que amam e colaboram com esta obra.
Deus seja louvado pelo grande bem que se faz, ajudando, socorrendo e libertando os pobres em suas necessidades e dificuldade!
Parabéns, Eduardo, pela sua coragem e audácia missionária.
Irmã Raimunda Lemos, FMA