Dá-me as pessoas: vocação de Dom Bosco

Domingo, 24 Novembro 2013 22:32 Escrito por 
Na preparação do bicentenário do nascimento de Dom Bosco, temos para este ano o caminho da espiritualidade. É a partir da moção de Deus que podemos perceber a espiritualidade de uma pessoa. Claro, espiritualidade tem apenas uma: espiritualidade cristã, contudo, ela se diversifica nas riquezas dos carismas, cujo agente é o Espírito Santo.

A vocação de Dom Bosco nasceu em um ambiente religioso marcado pela devoção a Maria, Mãe, e do Senhor Jesus majestoso. As torres das igrejas que marcam a geografia de Mondônio e Castelnuovo falam de uma rica espiritualidade cristã que movia os corações dos camponeses, entre eles, Joãozinho Bosco.

Contudo, foi no seminário de Chieri durante os estudos filosóficos e teológicos que o jovem Bosco encontrou um lema que o deixou impactado: “Dá-me almas, fica com o resto”, do bispo fundador daquele seminário. Ali o seminarista Bosco começou e meditar sobre o sentido deste dá-me almas, quer dizer, basta evangelizar, ir ao encontro do povo e anunciar a beleza da verdade de Jesus Cristo salvador deixando todo o resto (Fl 3,8-9). Com isto sonhava o jovem seminarista. Por outro lado, o termo fica com o resto, deixava claro que era preciso seguir o Evangelho quando diz: deixa tudo, tome sua cruz, siga-me. Então, era preciso se despojar de tudo que impedia caminhar livre e alegremente como missionário de Jesus.

Após sua ordenação, em 5 de junho de 1841, o padre Bosco começa a descobrir uma época nova: uma grande mudança cultural. Via nas ruas, nas praças, no mercado, nos canteiro de obras, muitos meninos e jovens explorados, tristes, famintos, abandonados pela sociedade, pela igreja, pela cidade. Ele entendeu que o problema era cultural e que feria tremendamente as relações humanas, e que os meninos e jovens eram os mais frágeis e sofredores naquele sistema. Surge, então, uma memória afetiva, o sonho dos Becchi de1825, quando tinha entre 9 e 10 anos. No sonho ele recebeu um envio de um Senhor majestoso e de uma senhora terna. Era preciso sair a campo e encontrar as pessoas feridas. O padre Bosco, então, foi ao encontro dos meninos e jovens e começou com eles uma experiência calcada no amor, na palavra de Deus, no lazer, na amizade, na valorização e no respeito mútuo.

 

Fontes

Fortaleceu sua dedicação a eles bebendo na metodologia dos retiros inacianos durante 32 anos. Procurou traduzir a mensagem do Evangelho na linguagem dos jovens e os aproximou da misericórdia de Deus e da conquista da salvação. Inspirou-se em santos que também dedicaram a vida aos jovens pobres: São Filipe Neri, o padre do oratório e da alegria; São Vicente de Paulo, o padre dos pobres e abandonados; São Francisco de Sales, o bispo da comunicação e da bondade; Santo Inácio de Loiola, o padre da ousadia missionária e do estudo. Também recebeu o testemunho de grandes amigos: José Cafasso, seu confessor e grande colaborador; o teólogo Borel, amigo e benfeitor por muitos anos. Sem falar aqui de muitas mulheres, entre elas sua própria mãe, Margarida Occhiena, a marquesa De Barolo etc. A vocação de Dom Bosco, dom da iniciativa de Deus, amadureceu e foi uma resposta generosa através de seu compromisso com os jovens dando a vida por eles.

 

Um grande rio

Dom Bosco não se contentou em trabalhar para a salvação dos jovens e terminar sua história sem deixar uma herança espiritual. Fundou os Salesianos de Dom Bosco e soube valorizar os jovens que cresceram dentro do oratório. Fundou também as Filhas de Maria Auxiliadora com o apoio de Maria Domingas Mazzarello, uma jovem camponesa que, como ele, soube também ouvir a voz de Deus e trabalhar assiduamente pela salvação das jovens. Criou a ADMA, uma Associação de fiéis leigos para a devoção à Virgem Auxiliadora, o cuidado das vocações e a adoração ao Santíssimo Sacramento. Quis e conseguiu fundar uma Associação de leigos e leigas, os Salesianos Cooperadores, para serem no mundo salesianos inseridos na economia, na politica, na cultura etc.

A vocação de Dom Bosco foi assim um grande rio que se espalhou pela planície do mundo fecundando a terra. Os afluentes que desembocam neste grande rio são as inúmeras Congregações religiosas, Institutos seculares e Simpatizantes da obra salesiana que formam o grande Movimento Salesiano para possibilitar aos jovens a conquista da salvação.

Neste dinamismo vocacional de Dom Bosco, nós, membros da Família Salesiana, somos chamados a continuar o seu projeto missionário: escolher as pessoas, cuidar dos jovens e despojar-nos de tudo que condiciona toda e qualquer dedicação generosa. A vivência deste ano da espiritualidade de Dom Bosco deve nos ajudar a viver a vocação comum à santidade, ou seja, a experiência cotidiana do seguimento de Jesus, sem atos extraordinários, mas com a dedicação contínua e presença entre os jovens para ajudá-los a descobrir a presença amorosa de Deus. Para tanto, é preciso conhecer sempre mais Dom Bosco e crescer na identidade carismática que Deus suscitou na sua vida.

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Dá-me as pessoas: vocação de Dom Bosco

Domingo, 24 Novembro 2013 22:32 Escrito por 
Na preparação do bicentenário do nascimento de Dom Bosco, temos para este ano o caminho da espiritualidade. É a partir da moção de Deus que podemos perceber a espiritualidade de uma pessoa. Claro, espiritualidade tem apenas uma: espiritualidade cristã, contudo, ela se diversifica nas riquezas dos carismas, cujo agente é o Espírito Santo.

A vocação de Dom Bosco nasceu em um ambiente religioso marcado pela devoção a Maria, Mãe, e do Senhor Jesus majestoso. As torres das igrejas que marcam a geografia de Mondônio e Castelnuovo falam de uma rica espiritualidade cristã que movia os corações dos camponeses, entre eles, Joãozinho Bosco.

Contudo, foi no seminário de Chieri durante os estudos filosóficos e teológicos que o jovem Bosco encontrou um lema que o deixou impactado: “Dá-me almas, fica com o resto”, do bispo fundador daquele seminário. Ali o seminarista Bosco começou e meditar sobre o sentido deste dá-me almas, quer dizer, basta evangelizar, ir ao encontro do povo e anunciar a beleza da verdade de Jesus Cristo salvador deixando todo o resto (Fl 3,8-9). Com isto sonhava o jovem seminarista. Por outro lado, o termo fica com o resto, deixava claro que era preciso seguir o Evangelho quando diz: deixa tudo, tome sua cruz, siga-me. Então, era preciso se despojar de tudo que impedia caminhar livre e alegremente como missionário de Jesus.

Após sua ordenação, em 5 de junho de 1841, o padre Bosco começa a descobrir uma época nova: uma grande mudança cultural. Via nas ruas, nas praças, no mercado, nos canteiro de obras, muitos meninos e jovens explorados, tristes, famintos, abandonados pela sociedade, pela igreja, pela cidade. Ele entendeu que o problema era cultural e que feria tremendamente as relações humanas, e que os meninos e jovens eram os mais frágeis e sofredores naquele sistema. Surge, então, uma memória afetiva, o sonho dos Becchi de1825, quando tinha entre 9 e 10 anos. No sonho ele recebeu um envio de um Senhor majestoso e de uma senhora terna. Era preciso sair a campo e encontrar as pessoas feridas. O padre Bosco, então, foi ao encontro dos meninos e jovens e começou com eles uma experiência calcada no amor, na palavra de Deus, no lazer, na amizade, na valorização e no respeito mútuo.

 

Fontes

Fortaleceu sua dedicação a eles bebendo na metodologia dos retiros inacianos durante 32 anos. Procurou traduzir a mensagem do Evangelho na linguagem dos jovens e os aproximou da misericórdia de Deus e da conquista da salvação. Inspirou-se em santos que também dedicaram a vida aos jovens pobres: São Filipe Neri, o padre do oratório e da alegria; São Vicente de Paulo, o padre dos pobres e abandonados; São Francisco de Sales, o bispo da comunicação e da bondade; Santo Inácio de Loiola, o padre da ousadia missionária e do estudo. Também recebeu o testemunho de grandes amigos: José Cafasso, seu confessor e grande colaborador; o teólogo Borel, amigo e benfeitor por muitos anos. Sem falar aqui de muitas mulheres, entre elas sua própria mãe, Margarida Occhiena, a marquesa De Barolo etc. A vocação de Dom Bosco, dom da iniciativa de Deus, amadureceu e foi uma resposta generosa através de seu compromisso com os jovens dando a vida por eles.

 

Um grande rio

Dom Bosco não se contentou em trabalhar para a salvação dos jovens e terminar sua história sem deixar uma herança espiritual. Fundou os Salesianos de Dom Bosco e soube valorizar os jovens que cresceram dentro do oratório. Fundou também as Filhas de Maria Auxiliadora com o apoio de Maria Domingas Mazzarello, uma jovem camponesa que, como ele, soube também ouvir a voz de Deus e trabalhar assiduamente pela salvação das jovens. Criou a ADMA, uma Associação de fiéis leigos para a devoção à Virgem Auxiliadora, o cuidado das vocações e a adoração ao Santíssimo Sacramento. Quis e conseguiu fundar uma Associação de leigos e leigas, os Salesianos Cooperadores, para serem no mundo salesianos inseridos na economia, na politica, na cultura etc.

A vocação de Dom Bosco foi assim um grande rio que se espalhou pela planície do mundo fecundando a terra. Os afluentes que desembocam neste grande rio são as inúmeras Congregações religiosas, Institutos seculares e Simpatizantes da obra salesiana que formam o grande Movimento Salesiano para possibilitar aos jovens a conquista da salvação.

Neste dinamismo vocacional de Dom Bosco, nós, membros da Família Salesiana, somos chamados a continuar o seu projeto missionário: escolher as pessoas, cuidar dos jovens e despojar-nos de tudo que condiciona toda e qualquer dedicação generosa. A vivência deste ano da espiritualidade de Dom Bosco deve nos ajudar a viver a vocação comum à santidade, ou seja, a experiência cotidiana do seguimento de Jesus, sem atos extraordinários, mas com a dedicação contínua e presença entre os jovens para ajudá-los a descobrir a presença amorosa de Deus. Para tanto, é preciso conhecer sempre mais Dom Bosco e crescer na identidade carismática que Deus suscitou na sua vida.

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