A história assim conta: “Na data de 5 de novembro de 1895 parte de Guaratinguetá, SP um grupo de missionários, 17 ao todo entre Salesianos, Filhas de Maria Auxiliadora e benfeitores com a missão de fundar três novas presenças: Cachoeira do Campo, Ouro Preto e Ponte Nova. Entre este grupo estava o Bispo Dom Luís Lasagna. Todos embarcam em vagão especial. Em Barra do Piraí, RJ, o carro do Bispo vai ser ligado ao rápido mineiro, que está com três horas de atraso, e fica colocado entre um carro de carga ligado à máquina e o carro-correio. Enfim a viagem prossegue. Desencadeia-se terrível tempestade: forte aguaceiro, raios e trovoadas. Chegou o trem a Juiz de Fora. Pouco mais de um quilômetro entre a direção a Mariano Procópio, estação muito próxima, soam agudos apitos repetidos. Alguns viajantes, inclusive o bispo, olham para fora, pela janela do carro. Era a desgraça. Em direção oposta vinha outro trem com grande velocidade. A estrada fazia uma curva muito fechada. Deram contra-vapor, mas o encontro foi inevitável e violento. O carro-correio ergueu-se em parte e caiu pesadamente sobre o carro dos Missionários, no qual ainda se engavetou, destruindo tudo.
A morte colheu várias vítimas: o bispo Dom Lasagna, o seu secretário P. Villaamil, quatro Irmãs Salesianas: Madre Teresa Rinaldi, visitadora das Irmãs do Brasil, tinha 34 anos de idade; Ir. Petronila Imas, 45 anos; Ir. Júlia Argenton, 28 anos e Ir. Edwiges Gomes Braga, paulista, com apenas 22 anos de idade. E ainda a Senhora Joana Lusso, dama de companhia e mãe de uma irmã e de um clérigo salesiano.
O P. Luiz Zanchetta, então diretor do Colégio de Santa Rosa, Niterói, depois que conseguiu realizar a grandiosa ideia de erguer o belíssimo monumento a Nossa Senhora Auxiliadora – Monumento Nacional Mariano, inaugurado em 08.12.1900 – desejou naturalmente colocar lá no alto, em lugar de honra, os restos de Dom Lasagna e demais vítimas do desastre de Juiz de Fora. Uma merecida gratidão a Dom Lasagna, fundador da Obra Salesiana no Brasil e grande propagador da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora.
A exumação, no cemitério de Mariano Procópio, além da prévia autorização das autoridades, foi preciso fazê-la com prudência, na calada da noite, para evitar a oposição do povo. E assim, aqueles despojos, para nós tão preciosos e sagrados, foram descansar no Monumento.
Mais tarde, em 1931, como preparação ao cinquentenário da Obra Salesiana no Brasil, a comemorar-se em 1933, o então diretor do Colégio Santa Rosa, o P. Emílio Miotti, preparou para as vítimas de Juiz de Fora, de acordo com o saudoso Bispo de Niterói Dom José Pereira Alves, um lugar condigno e definitivo: a artística Capela das Almas, expressamente construída, no Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora. Hoje Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora.
No dia 6 de novembro de 1931, no 36º aniversário da catástrofe, num importante cortejo fúnebre, foi feita a transladação das urnas do Monumento para o Santuário. Presidiu o ato o bispo de Campos dos Goytacazes, Dom Henrique Mourão, que fora aluno de Dom Lasagna.”
Com a presença das Inspetoras Ir. Helena Gesser, Inspetora da Inspetoria Santa Catarina de Sena, SP, e Ir. Ana Teresa Pinto, Inspetora da Inspetoria Nossa Senhora da Penha, RJ, e do Pároco da Basílica N.S. Auxiliadora, Pe. Gustavo Colla e ainda de Salesianos da Comunidade de Santa Rosa/ Niterói e de algumas FMA aconteceu a solene Celebração Eucarística seguida do translado das urnas das Irmãs e da Senhora Joana Lusso, da Capela das Almas para o Memorial das FMA em Guaratinguetá, SP. Este espaço está sendo construído com o intuito de resgatar a memória das FMA nestes 127 anos de presença em terras brasileiras.