A irmã Francesca Caggiano, FMA, vice-postuladora da causa de beatificação, descreve seus traços geradores, enraizados numa profunda vida interior:
Todos os que se encontravam com serva de Deus se convenciam de que estavam diante de uma mulher de Espírito Santo, que sabia intuir profundamente as consciências e os corações, uma mulher imersa em Deus, de quem percebia a Presença e a comunicava, sinal vivo do amor de Jesus Bom Pastor e da ternura de Maria Auxiliadora.
Sua beleza interior atingia e provocava, nas pessoas que a conheciam, o desejo de autenticidade evangélica: seu testemunho contagiava à renovação no compromisso com a santidade, à radicalidade, à alegria.
O encanto de sua pessoa derivava de seu olhar exclusivo em Jesus, de estar perdida em Jesus na Trindade com o título de esposa. Numa das páginas de seu caderno, escreveu: “nossa intimidade com Deus é fecundidade; é fecundidade para a Congregação, que precisa de almas esposas do Espírito Santo”.
Numa carta à irmã Luciana D'Auria, antes dos exercícios espirituais na Comunidade de L'Aquila, enquanto se preparava para a sua nova missão como superiora da Inspetoria de Roma, ela compartilhou sua abordagem espiritual à nova obediência que a desafiava e lhe pedia para dar mais um passo em direção à vida do espírito e no dom de si:
"Eu realmente sinto um desenvolvimento muito bom... Olho para estas diretrizes e penso que agora são ‘minhas’. Vejo nelas todas as irmãs, todas as almas que gravitam em torno das casas da inspetoria e sinto uma grande vontade de chorar, mas se trata de um choro doce, repleto de aniquilamento e gratidão ao Bom Deus: Ele quer expandir espaços de caridade em meu pobre coração, quer dar à minha vida uma capacidade de maior serviço, de doação mais completa, de total esquecimento de mim mesma. Não é, isso tudo, muito belo?”.
Mãe fecunda
Justamente como esposa de Jesus, madre Rosetta sentia-se uma mãe fecunda, generante e uma presença acompanhante. Sua paixão educativa, vivida na maternidade, era sustentada por uma profunda interioridade. Em seu caderno, ela deixa um rastro de sua experiência espiritual. Ela, com os olhos da fé, via Jesus depositar em seu colo as religiosas, os jovens e os leigos das comunidades educativas com as quais entrava em contato, para fazê-los crescer na vida cristã, em suas respostas vocacionais e alimentá-los para a vida divina.
Sua ‘presença’ foi marcada por ser ventre acolhedor como Maria, para gerar, à vida de Graça, as pessoas que lhe foram confiadas. Não era por acaso que o estilo de animação, governo e acompanhamento da madre Rosetta estava impregnado de maternidade e tinha como força motriz sua entrega total ao Senhor e ao Espírito Santo.
Assim, a madre Rosetta experimentou em sua vida "a força geradora do carisma" que precisa continuar a levar vida plena ao cotidiano inédito de cada FMA, como indicam os Atos do XXIV Capítulo Geral.
No dia em que se celebra seu nascimento ao céu, ocorrido em 8 de março de 1984, e neste 150º aniversário de fundação do Instituto, as Filhas de Maria Auxiliadora são chamadas, como educadoras, a tornar-se cada vez mais mulheres profundamente geradoras, segundo a experiência dos fundadores e da madre Rosetta Marchese, que soube ser uma mãe presente, "amiga da alma" de muitos jovens. Com amor e liberdade, ela os acompanhava e os ajudava a amadurecer na vida adulta de fé, como faz uma mãe com seus filhos, utilizando a sabedoria dos pequenos passos.