“Hoje, pela manhã, o coordenador de esportes bateu na porta de meu quarto e me convidou para assistir a um jogo com ele. Prontamente aceitei seu pedido. Chegando ao local, me surpreendi. O campo era no meio da rua. Detalhe: a árvore faz parte do campo, que tem, ao lado direito, a base de uma casa, e, ao lado esquerdo, a casa branca também faz parte do campo. Se a bola tocar em qualquer parte da árvore, ou subir no cimento, ou bater na casa, o jogo continua.
Não bastasse isso tudo, o terreno é cheio de buracos, pedras e irregular. Para continuar a minha surpresa, tiveram o cuidado de separar três cadeiras, como se fosse um camarote, para o coordenador de esportes, para o outro professor que está comigo e para mim.
Durante a partida o coordenador me informou que um time estava todo de vermelho para representar o Bayern de Munique, o outro, de amarelo, para representar o Borússia Dortmund. Todos com camisetas diferentes, mas o que importava era a cor. Seguindo o jogo, a vontade pela vitória era aparente, todos muito compenetrados na partida.
A essa altura meus olhos estavam cheios de lágrimas...Foi de longe a imagem que mais me chocou até agora. Mais que a fome, mais que a pobreza, mais que a miséria. Vocês devem estar a se perguntar, por que um jogo de futebol me chocou tanto?
Aos meus olhos, não foi somente um jogo de futebol. Apesar da simplicidade, foi a doação do que cada envolvido tinha de melhor. A vontade, a garra, a luta, o campo totalmente inadequado, as camisetas diferentes, a bola toda rasgada, a receptividade comigo e, principalmente, o amor pelo esporte e o espírito esportivo, tudo isso era o melhor que eles tinham.
Por isso escolhi fazer o que faço! Serei tão abastado quanto um engenheiro, um médico ou alguém do tipo? Provavelmente não. Mas serei feliz, pois sei do poder das ferramentas que tenho em minhas mãos: o esporte e a educação!”
Corjesus de Jesus Costa, 20 de julho de 2013.
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