Missa: Ritos iniciais

Sábado, 04 Agosto 2012 17:01 Escrito por 
Missa: Ritos iniciais Foto: Douglas Mansur
  Continuando a série de artigos sobre a missa católica, este artigo trata dos ritos iniciais da Eucaristia: da preparação dos fiéis e da comunidade reunida na Igreja para ouvir a Palavra do Senhor.    

Tudo o que se faz na vida tem sempre um começo, não é? E, normalmente, todo começo é sempre difícil, demorado para engrenar... mas a gente sabe também que “um bom começo é meio caminho andado”.
Vamos lá: o início da Eucaristia, antes de tudo, começa comigo quando, em casa, digo: “Vou à missa”. O coração já se aquece para a minha páscoa semanal com o Senhor. Saio de casa para cumprir meu dever de cristão, deixando para trás a cama, a preguiça, o futebol, o passeio com a “tchurma”, enfim, “as coisas do mundo”, para priorizar “as coisas de Deus”.
Pode ser até que lá na igreja onde participo tenha uma escadaria: “subir as escadas” é como deixar para trás o fútil, a rotina. É a subida para o mistério.
“Entrar pela porta” é abandonar o mundo das aparências, da mentira, da violência, da traição... Tomo meu lugar e sou rodeado pelos símbolos que falam dos mistérios cristãos. Em vez de ficar conversando, dispersando-me, que tal entrar em clima de oração, preparando-me para viver os mistérios da morte e ressurreição do Senhor (cfr. Pe. Libânio)?!

 

 

Abertura

Entoa-se o canto de abertura. Inicia-se a procissão de entrada (presidente, ministros, acólitos, leitores etc): “Dirijo-me para o Cordeiro, que no altar está vivo e triunfante... É a Igreja que se torna comunidade peregrina, desejando finalizar-se em Deus” (Card. Lercaro). Atenção: o canto não é para “receber o celebrante e a equipe”. Primeiro de tudo: “celebrante” é o povo reunido e não só o “padre”. Segundo: o canto é para iniciar a celebração, com um texto que deve exprimir a fé da comunidade reunida, corpo de Cristo, louvando a Deus, em sintonia com o tempo litúrgico.
Quem preside chega ao altar e beija-o. “O altar representa o próprio Cristo, pedra angular, rocha espiritual. O beijo, expressa a relação íntima de quem preside com o Senhor, pois é em nome dele que irá presidir a santa liturgia” (Ione Buyst). Cristo é o Esposo, beijado pelo presidente que representa a Esposa-Igreja.

 

Sinal da cruz

Vem o sinal da cruz. Este gesto diz claramente em nome de quem estamos reunidos: em nome da Santíssima Trindade. Com ela somos um só corpo para celebrar a Liturgia.

 

Saudação

Em seguida o presidente, abrindo os braços, faz a saudação à assembléia. “Esta saudação e a resposta dos fiéis exprimem o mistério da Igreja reunida”. Após a saudação, cabe muito bem a “recordação da vida”: um espaço, contemplado no Missal, para se trazer presente na celebração os fatos da vida, acontecimentos da comunidade, da cidade, da diocese, do país, do mundo. Em comunidades menores as pessoas podem até recordar em voz alta. Esta “recordação” pode muito bem substituir o famoso “comentário inicial”.

 

Ato Penitencial

Somos o povo santo de Deus, mas também pecador, necessitado do perdão. É o Ato Penitencial. Este é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de Deus, reconhecendo sua misericórdia e nossa indignidade. Não deve ser confundido com o Sacramento da Penitência ou da Reconciliação (que é o mesmo que a Confissão). Por isso, evitem-se as descrições de pecados.
Ele pode ser substituído pela aspersão que recorda o nosso batismo e nossa imersão em Cristo. É bom que ela seja acompanhada por um canto apropriado, como: “Banhados em Cristo, somos uma nova criatura... Somos nascidos de novo. Aleluia!”.

 

Glória

Segue-se o Glória, “um hino dos primeiros séculos da era cristã, pelo qual ‘a Igreja, congregada no Espírito Santo glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro’ (Missal Romano). Por essa definição se percebe que este hino é uma doxologia (louvor/glorificação) que canta a glória de Deus e do Filho, sendo que o Filho está no centro do louvor, pois Ele é o Kyrios, o Senhor” (Fr. Joaquim Fonseca). Então, não é um hino trinitário. Por isso, evitem-se pequenas aclamações trinitárias ou ‘glorinhas’ como substitutivos.

 

Oração do dia

Os ritos iniciais encerram-se com a Oração do dia (Coleta). Não é hora de colocar intenções pessoais. “Não é ‘coleta’ de intenções, mas momento de os fiéis, a convite (oremos) de quem preside, se ‘conectarem’, se ‘reunirem’ ao redor do que está sendo celebrado na festa do dia” (Dom Manoel Francisco). Por isso, o breve silêncio.
No final desses ritos, posso dizer que já me sinto “corpo de Cristo reunido em seu amor na força do Espírito Santo”, membro do “povo sacerdotal” e do “povo celebrante”, parte da “assembleia reunida em oração, convocada por Deus”.
Já estou pronto para ouvir a sua Palavra.

 

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Última modificação em Segunda, 24 Novembro 2014 14:05

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Missa: Ritos iniciais

Sábado, 04 Agosto 2012 17:01 Escrito por 
Missa: Ritos iniciais Foto: Douglas Mansur
  Continuando a série de artigos sobre a missa católica, este artigo trata dos ritos iniciais da Eucaristia: da preparação dos fiéis e da comunidade reunida na Igreja para ouvir a Palavra do Senhor.    

Tudo o que se faz na vida tem sempre um começo, não é? E, normalmente, todo começo é sempre difícil, demorado para engrenar... mas a gente sabe também que “um bom começo é meio caminho andado”.
Vamos lá: o início da Eucaristia, antes de tudo, começa comigo quando, em casa, digo: “Vou à missa”. O coração já se aquece para a minha páscoa semanal com o Senhor. Saio de casa para cumprir meu dever de cristão, deixando para trás a cama, a preguiça, o futebol, o passeio com a “tchurma”, enfim, “as coisas do mundo”, para priorizar “as coisas de Deus”.
Pode ser até que lá na igreja onde participo tenha uma escadaria: “subir as escadas” é como deixar para trás o fútil, a rotina. É a subida para o mistério.
“Entrar pela porta” é abandonar o mundo das aparências, da mentira, da violência, da traição... Tomo meu lugar e sou rodeado pelos símbolos que falam dos mistérios cristãos. Em vez de ficar conversando, dispersando-me, que tal entrar em clima de oração, preparando-me para viver os mistérios da morte e ressurreição do Senhor (cfr. Pe. Libânio)?!

 

 

Abertura

Entoa-se o canto de abertura. Inicia-se a procissão de entrada (presidente, ministros, acólitos, leitores etc): “Dirijo-me para o Cordeiro, que no altar está vivo e triunfante... É a Igreja que se torna comunidade peregrina, desejando finalizar-se em Deus” (Card. Lercaro). Atenção: o canto não é para “receber o celebrante e a equipe”. Primeiro de tudo: “celebrante” é o povo reunido e não só o “padre”. Segundo: o canto é para iniciar a celebração, com um texto que deve exprimir a fé da comunidade reunida, corpo de Cristo, louvando a Deus, em sintonia com o tempo litúrgico.
Quem preside chega ao altar e beija-o. “O altar representa o próprio Cristo, pedra angular, rocha espiritual. O beijo, expressa a relação íntima de quem preside com o Senhor, pois é em nome dele que irá presidir a santa liturgia” (Ione Buyst). Cristo é o Esposo, beijado pelo presidente que representa a Esposa-Igreja.

 

Sinal da cruz

Vem o sinal da cruz. Este gesto diz claramente em nome de quem estamos reunidos: em nome da Santíssima Trindade. Com ela somos um só corpo para celebrar a Liturgia.

 

Saudação

Em seguida o presidente, abrindo os braços, faz a saudação à assembléia. “Esta saudação e a resposta dos fiéis exprimem o mistério da Igreja reunida”. Após a saudação, cabe muito bem a “recordação da vida”: um espaço, contemplado no Missal, para se trazer presente na celebração os fatos da vida, acontecimentos da comunidade, da cidade, da diocese, do país, do mundo. Em comunidades menores as pessoas podem até recordar em voz alta. Esta “recordação” pode muito bem substituir o famoso “comentário inicial”.

 

Ato Penitencial

Somos o povo santo de Deus, mas também pecador, necessitado do perdão. É o Ato Penitencial. Este é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de Deus, reconhecendo sua misericórdia e nossa indignidade. Não deve ser confundido com o Sacramento da Penitência ou da Reconciliação (que é o mesmo que a Confissão). Por isso, evitem-se as descrições de pecados.
Ele pode ser substituído pela aspersão que recorda o nosso batismo e nossa imersão em Cristo. É bom que ela seja acompanhada por um canto apropriado, como: “Banhados em Cristo, somos uma nova criatura... Somos nascidos de novo. Aleluia!”.

 

Glória

Segue-se o Glória, “um hino dos primeiros séculos da era cristã, pelo qual ‘a Igreja, congregada no Espírito Santo glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro’ (Missal Romano). Por essa definição se percebe que este hino é uma doxologia (louvor/glorificação) que canta a glória de Deus e do Filho, sendo que o Filho está no centro do louvor, pois Ele é o Kyrios, o Senhor” (Fr. Joaquim Fonseca). Então, não é um hino trinitário. Por isso, evitem-se pequenas aclamações trinitárias ou ‘glorinhas’ como substitutivos.

 

Oração do dia

Os ritos iniciais encerram-se com a Oração do dia (Coleta). Não é hora de colocar intenções pessoais. “Não é ‘coleta’ de intenções, mas momento de os fiéis, a convite (oremos) de quem preside, se ‘conectarem’, se ‘reunirem’ ao redor do que está sendo celebrado na festa do dia” (Dom Manoel Francisco). Por isso, o breve silêncio.
No final desses ritos, posso dizer que já me sinto “corpo de Cristo reunido em seu amor na força do Espírito Santo”, membro do “povo sacerdotal” e do “povo celebrante”, parte da “assembleia reunida em oração, convocada por Deus”.
Já estou pronto para ouvir a sua Palavra.

 

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