Mais um ano está chegando ao fim. As festas do Natal e do Ano Novo se aproximam e naturalmente as pessoas, instituições, igrejas e grupos, dos mais diversos, começam a pensar e a movimentar-se no intuito de festejar o Natal e o Ano Novo. Os apelos comerciais enchem os nossos ouvidos e os nossos olhos. Falar sobre o Natal é fácil. O mais difícil e importante é alimentar o espírito de Natal todos os dias em nosso coração
Quando eu era criança, gostava muito deste tempo do Natal. Para mim era a melhor época do ano. Nossa família se reunia nos domingos do Advento para preparar o presépio. Cada qual tinha uma determinada tarefa a executar e depois a minha avó ia montando o presépio que era considerado, no lugar onde morávamos, o mais bem feito e criativo, pelos detalhes e pela participação da família. Vivíamos um tempo de muita alegria, de muito espírito de família, de fé e de esperança. Era como que um renovar da vida a cada ano.
Um mundo conturbado
Hoje os tempos mudaram. Confesso que ainda gosto desta época e de preparar o Natal através do Advento, montando uma bela coroa com as velas que recordam a história do amor de Deus por nós ao longo da história da humanidade. Mais próximo do Natal, armo a tradicional árvore e um pequeno presépio. Porém, fico me perguntando como aproveitar bem esse tempo natalino para que seja um momento especial de renovação da fé e da esperança, e também da caridade nesse nosso tempo marcado por tantas diferenças.
Vivemos em um mundo conturbado. A economia globalizante provoca ondas de desemprego e de violência por todos os lados e destrói o sonho de muita gente. Este é um momento de estarmos atentos, pois nesse período se instala no meio social a preparação para o aproveitamento comercial e, infelizmente, muitos acabam se envolvendo com a celebração social da festa e se esquecem do verdadeiro sentido do Natal. As pessoas correm como loucas, de um lado para o outro, para comprar, comprar, comprar presentes para todos... para comer e beber demasiadamente. Muitos sentem um vazio quando termina o dia de Natal e de Ano Novo. De concreto, têm muitas contas para pagar, por causa dos “excessos” cometidos com presentes, comidas e bebidas. As festas natalinas não mexeram no seu interior, não os renovaram em nada. Trouxeram apenas alegrias e esperanças efêmeras.
O verdadeiro sentido do Natal
Sim, porque o Natal é, em primeiro lugar, tempo de renovar a fé. A fé, quando professada e vivida com autenticidade, aquela que atua pelo amor e alimenta a esperança, torna-se um critério decisivo de entendimento e de ação. Muda nossa vida para melhor. Nos torna “mais humanos”, como disse recentemente o Papa Francisco. A fé ajuda na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Aproxima mais as pessoas.
Em segundo lugar, o Natal constitui um tempo particular para renovar a esperança. Deus tinha feito uma promessa e a cumpriu: enviou-nos o Salvador na pessoa de Jesus, nascido na gruta de Belém. Ele assumiu a nossa condição humana, viveu como pessoa! Este foi o maior presente que Deus deu para todos nós. Aqui está, diríamos, “a magia do Natal!” E por isso temos a tradição de dar presentes no Natal. Mas, não podemos esquecer que o verdadeiro presente está em estender a mão todos os dias ao irmão esquecido, abandonado, vilipendiado, caído na sarjeta de uma esquina qualquer. A esperança nos renova quando acolhemos e partilhamos o amor de Deus também para com estas pessoas. Quando nasce uma criança, todos se alegram e sentem que a vida está se renovando, que existe a esperança de dias melhores.
Certamente foi o que sentiram os pastores quando foram a Belém e viram o recém-nascido, deitado na manjedoura. Levaram presentes, mas receberam o maior presente de Deus: seu próprio Filho. E voltaram contentes, animados, renovados interiormente. Levaram pouco e trouxeram muito!
Acolher, partilhar e celebrar
A fé e a esperança celebradas e renovadas no Natal nos levam a acolher e partilhar o amor de Deus encarnado, traduzido em gestos fraternos e solidários, empenhados em promover a cultura da solidariedade e contribuir para dar nova vida aos valores universais da convivência humana.
Viver e celebrar a fé no Natal é reacender e renovar a esperança de dias melhores para a nossa vida e para a vida dos que convivem conosco. Precisamos descobrir os sinais da presença de Jesus na vida do dia a dia! Lembre-se que a chama da esperança não pode morrer. Uma vez renascido o Cristo no Natal do novo tempo da sua - nossa - vida, carreguemo-Lo com alegria, com fé e com esperança em nossos corações.