Aquela maravilhosa característica humana e religiosa que chamamos “gratidão”

Segunda, 05 Janeiro 2015 17:31 Escrito por 
Aquela maravilhosa característica humana e religiosa que chamamos “gratidão” restauração e colorização: Herbert Barbosa
“Entoaijuntos salmos, hinos e cânticos espirituais, cantai e salmodiai ao Senhor, de todo o coração, sempre e por todas as coisas, no nome de nosso Senhor Jesus Cristo, rendei graças a Deus que é Pai” (Efésios 5, 19-20). Não somente no livro dos Salmos, mas por toda nossa vida, o significado e a expressão de agradecimento a Deus emergem de muitas maneiras e com diversas tonalidades.

O ano de 2015, ano do Bicentenário, deu largada a uma ampla programação pastoral em todos os países, mas sobretudo inaugurou um tempo de reconhecimento e gratidão.

A valorização e o assombro por tudo que o Senhor nos ofereceu nesses 200 anos fecundos requer um estilo de vida, uma atitude que o alimenta: a gratidão. Sim, as celebrações do ano jubilar, que pululam no mundo inteiro, provocam inevitavelmente a gratidão, que como todas as virtudes deve ser aprendida e exercitada. É um compromisso por toda a vida e permitam-me propor três formas de vivê-la concretamente.

 

Saber contemplar

Para agradecer, em primeiro lugar é necessário saber contemplar; o nosso olhar deve ser capaz de concentrar a atenção na história da nossa Família Salesiana. Nesses 200 anos do nascimento de Dom Bosco nos sentimos amados incondicionalmente. Somente porque a gratidão se alimenta da humildade, temos necessidade de encontrar o tempo para amadurecer as nossas verdadeiras motivações apostólicas: para que não errem a direção, não parem, não sejam apressadas, nem intermináveis nem estéreis, mas saibam se abrir à graça de Deus.

No turbilhão de tantas iniciativas e atividades nas quais celebraremos o Bicentenário do nascimento do nosso pai Dom Bosco, devemos cuidar do tempo de interiorização, daqueles “espaços verdes” livres da agitação, para confiarmos na Providência Divina e sermos livres na resposta. A nossa vida pastotal, diariamente atribulada com muitos compromissos, às vezes, enredados por infinitos campos de ação, nos convida a dedicar um tempo precioso para deixar-nos surpreender todo dia, para esperar as promessas de Deus com a mesma atitude vivida por Dom Bosco. O Bicentenário deve alcançar, em primeiro lugar, o coração das pessoas.

 

Com a força de Deus

Em segundo lugar, recordemos como a paixão pela educação atravessou a vida de Dom Bosco de um lado ao outro, do primeiro passo até o fim, dos 5 aos mais de 70 anos. Não existe tempo perdido na vida de um salesiano. Não existem parênteses na promessa de Deus nem na resposta generosa de quem é chamado. A atitude de gratidão na vida apostólica flui dessa convicção: trabalhamos para Deus e com a força de Deus.

A lógica do Evangelho é a da graça (Rom 09:16; 1 Cor 4,7) e a vocação de cada um não é um gesto calculado sobre a sua própria dimensão ou suas qualidades, mas apenas pela promessa de Deus, que é um dom gratuito. Uma promessa que não pode faltar nem falhar. No coração da Família Salesiana existem pessoas de qualquer idade, nas quais é fácil distinguir os sinais dessa vida comprometida: a sua atenção, o respeito com os meninos, a presença amorosa, atingem um nível de intensidade igual à força Daquele que representam.

 

Criadores de pontes

Enfim, a gratidão abre as portas da nossa vida à originalidade, à novidade e ao frescor. E nos aproxima dos jovens, aos quais queremos bem e que também nos querem bem, estreitando os laços e consolidando relações profundamente livres.

Vivemos na cultura do merecimento, que tem o narcisismo como melhor aliado, a geração do “eu merecia”, contrária às relações livres, de amizade sincera e desinteressada. A herança pastoral recebida de Dom Bosco, a sua sabedoria pedagógica e carismática, não é descrita em estudos, pesquisas ou volumosos tratados, mas na experiência vivida que dedica um tempo de qualidade com os jovens. A gratidão é um bem muito raro no mundo das relações. A nova edição do Quadro de referência para a Pastotal Juvenil Salesiana, apresentada no último Capítulo Geral dos salesianos, nos convida a “fazer da nossa casa uma família para os jovens” (capítulo V), nos pede uma presença estimulante que faça da gratidão um instrumento da nossa relação educativa.

O Espírito Santo suscitou na Igreja o carisma salesiano e nós, herdeiros desse dom, somos chamados a sermos “criadores de pontes” entre Deus e os jovens. Somos chamados a visitar continuamente as duas extremidades: a nova geração e o Senhor. Cada jovem é amado e digno de confiança da parte de Deus. É aqui que se baseia a presença amiga e paterna que ao modo de Dom Bosco se manifestava numa amizade sincera e numa presença amorosa.

 

Celebrar a vida

Os jovens são a nossa Terra Prometida. Ao longo do caminho, no transcorrer dos dias, eles são a sarça ardente pela qual Deus nos chama à gratidão. O melhor modo de dizer-lhe a nossa gratidão, pelo presente de Dom Bosco é celebrar a vida, e essa missão não se extingue na oração litúrgica, mas se estende na totalidade de nossa vida cotidiana. Quando o coração é pleno de gratidão, é necessário celebrar. A celebração é o ápice do agradecimento por tantas provas de predileção recebidas na história da nossa Família.

A sua voz ressoou muito além da Igreja Católica, despertando simpatia em todos os contextos e criando pontes de diálogo com outras culturas religiosas. Somos felizes, sobretudo, porque a palavra de Dom Bosco foi ouvida com entusiasmo pelos jovens. São eles que tomam posse do sugestivo slogan salesiano que gostaria de oferecer, como mensagem aos jovens do mundo: “Caros jovens, os amo com todo o coração, e me basta que sejam jovens para amá-los com toda a alma”. Disse Dom Bosco a todos os seus jovens e eu peço esse dom ao nosso Pai, Mestre e Amigo.

 

Tradução: Elaine Tozetto

 

 

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Aquela maravilhosa característica humana e religiosa que chamamos “gratidão”

Segunda, 05 Janeiro 2015 17:31 Escrito por 
Aquela maravilhosa característica humana e religiosa que chamamos “gratidão” restauração e colorização: Herbert Barbosa
“Entoaijuntos salmos, hinos e cânticos espirituais, cantai e salmodiai ao Senhor, de todo o coração, sempre e por todas as coisas, no nome de nosso Senhor Jesus Cristo, rendei graças a Deus que é Pai” (Efésios 5, 19-20). Não somente no livro dos Salmos, mas por toda nossa vida, o significado e a expressão de agradecimento a Deus emergem de muitas maneiras e com diversas tonalidades.

O ano de 2015, ano do Bicentenário, deu largada a uma ampla programação pastoral em todos os países, mas sobretudo inaugurou um tempo de reconhecimento e gratidão.

A valorização e o assombro por tudo que o Senhor nos ofereceu nesses 200 anos fecundos requer um estilo de vida, uma atitude que o alimenta: a gratidão. Sim, as celebrações do ano jubilar, que pululam no mundo inteiro, provocam inevitavelmente a gratidão, que como todas as virtudes deve ser aprendida e exercitada. É um compromisso por toda a vida e permitam-me propor três formas de vivê-la concretamente.

 

Saber contemplar

Para agradecer, em primeiro lugar é necessário saber contemplar; o nosso olhar deve ser capaz de concentrar a atenção na história da nossa Família Salesiana. Nesses 200 anos do nascimento de Dom Bosco nos sentimos amados incondicionalmente. Somente porque a gratidão se alimenta da humildade, temos necessidade de encontrar o tempo para amadurecer as nossas verdadeiras motivações apostólicas: para que não errem a direção, não parem, não sejam apressadas, nem intermináveis nem estéreis, mas saibam se abrir à graça de Deus.

No turbilhão de tantas iniciativas e atividades nas quais celebraremos o Bicentenário do nascimento do nosso pai Dom Bosco, devemos cuidar do tempo de interiorização, daqueles “espaços verdes” livres da agitação, para confiarmos na Providência Divina e sermos livres na resposta. A nossa vida pastotal, diariamente atribulada com muitos compromissos, às vezes, enredados por infinitos campos de ação, nos convida a dedicar um tempo precioso para deixar-nos surpreender todo dia, para esperar as promessas de Deus com a mesma atitude vivida por Dom Bosco. O Bicentenário deve alcançar, em primeiro lugar, o coração das pessoas.

 

Com a força de Deus

Em segundo lugar, recordemos como a paixão pela educação atravessou a vida de Dom Bosco de um lado ao outro, do primeiro passo até o fim, dos 5 aos mais de 70 anos. Não existe tempo perdido na vida de um salesiano. Não existem parênteses na promessa de Deus nem na resposta generosa de quem é chamado. A atitude de gratidão na vida apostólica flui dessa convicção: trabalhamos para Deus e com a força de Deus.

A lógica do Evangelho é a da graça (Rom 09:16; 1 Cor 4,7) e a vocação de cada um não é um gesto calculado sobre a sua própria dimensão ou suas qualidades, mas apenas pela promessa de Deus, que é um dom gratuito. Uma promessa que não pode faltar nem falhar. No coração da Família Salesiana existem pessoas de qualquer idade, nas quais é fácil distinguir os sinais dessa vida comprometida: a sua atenção, o respeito com os meninos, a presença amorosa, atingem um nível de intensidade igual à força Daquele que representam.

 

Criadores de pontes

Enfim, a gratidão abre as portas da nossa vida à originalidade, à novidade e ao frescor. E nos aproxima dos jovens, aos quais queremos bem e que também nos querem bem, estreitando os laços e consolidando relações profundamente livres.

Vivemos na cultura do merecimento, que tem o narcisismo como melhor aliado, a geração do “eu merecia”, contrária às relações livres, de amizade sincera e desinteressada. A herança pastoral recebida de Dom Bosco, a sua sabedoria pedagógica e carismática, não é descrita em estudos, pesquisas ou volumosos tratados, mas na experiência vivida que dedica um tempo de qualidade com os jovens. A gratidão é um bem muito raro no mundo das relações. A nova edição do Quadro de referência para a Pastotal Juvenil Salesiana, apresentada no último Capítulo Geral dos salesianos, nos convida a “fazer da nossa casa uma família para os jovens” (capítulo V), nos pede uma presença estimulante que faça da gratidão um instrumento da nossa relação educativa.

O Espírito Santo suscitou na Igreja o carisma salesiano e nós, herdeiros desse dom, somos chamados a sermos “criadores de pontes” entre Deus e os jovens. Somos chamados a visitar continuamente as duas extremidades: a nova geração e o Senhor. Cada jovem é amado e digno de confiança da parte de Deus. É aqui que se baseia a presença amiga e paterna que ao modo de Dom Bosco se manifestava numa amizade sincera e numa presença amorosa.

 

Celebrar a vida

Os jovens são a nossa Terra Prometida. Ao longo do caminho, no transcorrer dos dias, eles são a sarça ardente pela qual Deus nos chama à gratidão. O melhor modo de dizer-lhe a nossa gratidão, pelo presente de Dom Bosco é celebrar a vida, e essa missão não se extingue na oração litúrgica, mas se estende na totalidade de nossa vida cotidiana. Quando o coração é pleno de gratidão, é necessário celebrar. A celebração é o ápice do agradecimento por tantas provas de predileção recebidas na história da nossa Família.

A sua voz ressoou muito além da Igreja Católica, despertando simpatia em todos os contextos e criando pontes de diálogo com outras culturas religiosas. Somos felizes, sobretudo, porque a palavra de Dom Bosco foi ouvida com entusiasmo pelos jovens. São eles que tomam posse do sugestivo slogan salesiano que gostaria de oferecer, como mensagem aos jovens do mundo: “Caros jovens, os amo com todo o coração, e me basta que sejam jovens para amá-los com toda a alma”. Disse Dom Bosco a todos os seus jovens e eu peço esse dom ao nosso Pai, Mestre e Amigo.

 

Tradução: Elaine Tozetto

 

 

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