Chamados a um novo modo de “fazer pastoral”

Terça, 08 Julho 2014 11:03 Escrito por 
Todos os meses, o reitor-mor escreve uma mensagem que é traduzida e publicada em todas as edições do Boletim Salesiano ao redor do mundo. Essa mensagem unifica a reflexão da Família Salesiana em todos os locais em que ela se faz presente. Veja a seguir o artigo para este mês de julho:

Meus caros amigos,

Uma saudação cordial e afetuosa. Escrevo-lhes estas linhas na preparação imediata da festa de Maria Auxiliadora e peço à Mãe de Jesus que obtenha a bênção de Deus sobre todos vocês, com os meus melhores votos para as suas famílias, as pessoas e as situações que precisam de mais luz.

Nestes primeiros meses, comecei a visita a algumas inspetorias e continuo a conhecer sempre mais a realidade concreta da Congregação e de toda a Família Salesiana. Dou graças a Deus pelo bem que, em nome de Dom Bosco, realiza-se no mundo todo em favor dos jovens, dos mais pobres e da gente simples. Sou testemunha da multidão de projetos apaixonantes em que, continuamente, com poucos pães e poucos peixes, Deus multiplica a nossa ação e torna exuberantes as pobres obras de nossas mãos.

Estou felicíssimo de compartilhar com vocês esperança e anseios. Estou à disposição de todos para continuar a dar entusiasmo e apoio com a minha presença, o meu humilde serviço e a minha oração àquilo que o Espírito vai suscitando em nossas inspetorias.

Estamos a viver o tempo pascal e a paz do Ressuscitado alegra os nossos corações. Sua mensagem de vida e plenitude enche de alegria o nosso olhar e faz brilhar os nossos olhos, que podem contemplar um novo horizonte para toda a humanidade. O futuro é de Deus e nós o antecipamos todos os dias, empenhando-nos para abrir as prisões da injustiça, encorajando aqueles que são presas do desconforto, apoiando quem caminha com dificuldade, compartilhando o que somos com quem tem menos e vive sozinho.

É esta a mensagem d’Aquele que vive: a vida nova segundo o coração de Deus, a dignidade dos seus filhos, uma realidade carregada de futuro para os pequenos e os pobres. Como Santo Irineu recordou há muito tempo, “a glória de Deus é que o homem viva”. Este também é o nosso empenho: glorificar a Deus nos nossos irmãos que vivem em maior necessidade.

Justamente nestes dias, chegam notícias terríveis que falam de perseguições dos cristãos em muitas partes do mundo, de violação dos direitos humanos em regiões críticas do planeta, de maus-tratos e sequestros de menores pela sua condição de mulher ou pelo seu credo. Nada de mais distantes do plano de Deus! A presença do Senhor Ressuscitado é luz que ilumina as trevas e paz que dissipa o medo. A mensagem de Cristo Salvador é de harmonia numa criação nova libertada do mal e da escuridão. Infelizmente, o pecado nos agarra e a cizânia sufoca o bom trigo. Por isso, nós cristãos com os homens e as mulheres de boa vontade precisamos continuar a nos empenhar, em nome de Deus e dos nossos irmãos mais vulneráveis, para fazer com que surja uma nova realidade mais próxima do projeto de Deus, com maiores oportunidades para todos, a fim de que, embora no “já, mas ainda não”, ressoe com mais força a plenitude da nova criação que ainda geme nas dores do parto.

Precisamos elevar a nossa voz e unir-nos na denúncia profética que o Santo Padre elevou nestes dias pedindo aos poderosos para não ficarem indiferentes e unirem os esforços para pôr fim à barbárie e à injustiça.

Entretanto, não se trata apenas de uma questão de política dos Estados ou de estratégias das Nações Unidas. Em nossa Família Salesiana, marcada por uma espiritualidade profundamente pascal, continuaremos a trabalhar com todas as nossas forças para que haja sempre mais vida, no nome de Jesus, para os pequeninos e para os últimos. Com o coração do Bom Pastor, que toma sobre si o cuidado dos mais fracos, continuaremos a fazer opções válidas pelos jovens mais desfavorecidos e em situação de risco, como Dom Bosco nos ensinou e quis.

O apelo de Francisco para dar impulso a uma “Igreja que sai” para as periferias e os bairros pobres nos quais o sofrimento e o desconforto são maiores é um estímulo para a nossa proposta educativo-evangelizadora. Somos chamados a um novo modo de “fazer pastoral”: é a revolução da ternura, do abaixar-se diante dos mais feridos, da acolhida dos distantes, da proposta de caminhar para os últimos, de caminhar ao lado daqueles que a realidade social marginaliza e abandona.

Meus caros amigos e amigas, esta é também a nossa proposta. Como parcela da Igreja, continuaremos nestes anos a trabalhar para tornar mais crível o nosso modo de viver e mais audacioso o nosso anúncio. Isso se dará, na medida em que as nossas opções forem mais próximas das necessidades dos jovens mais pobres. O nosso último Capítulo Geral pediu aos Salesianos para aumentarem o testemunho da nossa radicalidade evangélica. O convite pode ser estendido a toda a Família Salesiana. Seguir Jesus é caminhar pelo caminho da pobreza e da proximidade com os últimos. Como o Mestre, queremos passar em meio aos homens, curando e libertando. Aqueles que carregam as chagas de Cristo impressas na carne de suas existências martirizadas são os destinatários primeiros do anúncio do Ressuscitado: “Paz a vós!”.

Aproximando-nos do Bicentenário do nascimento de Dom Bosco, a melhor maneira de festejar o nosso Pai é a fidelidade às suas grandes intuições. Não duvido minimamente de que uma delas, que é também vital para nós hoje, é a opção preferencial pelos jovens “abandonados e em perigo”.

A mensagem do Senhor Ressuscitado para retornar à Galileia é retornar às nossas raízes, é retornar aos jovens pobres. Estou certo de que “lá o encontraremos”.

 

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Última modificação em Quinta, 28 Agosto 2014 18:08

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Chamados a um novo modo de “fazer pastoral”

Terça, 08 Julho 2014 11:03 Escrito por 
Todos os meses, o reitor-mor escreve uma mensagem que é traduzida e publicada em todas as edições do Boletim Salesiano ao redor do mundo. Essa mensagem unifica a reflexão da Família Salesiana em todos os locais em que ela se faz presente. Veja a seguir o artigo para este mês de julho:

Meus caros amigos,

Uma saudação cordial e afetuosa. Escrevo-lhes estas linhas na preparação imediata da festa de Maria Auxiliadora e peço à Mãe de Jesus que obtenha a bênção de Deus sobre todos vocês, com os meus melhores votos para as suas famílias, as pessoas e as situações que precisam de mais luz.

Nestes primeiros meses, comecei a visita a algumas inspetorias e continuo a conhecer sempre mais a realidade concreta da Congregação e de toda a Família Salesiana. Dou graças a Deus pelo bem que, em nome de Dom Bosco, realiza-se no mundo todo em favor dos jovens, dos mais pobres e da gente simples. Sou testemunha da multidão de projetos apaixonantes em que, continuamente, com poucos pães e poucos peixes, Deus multiplica a nossa ação e torna exuberantes as pobres obras de nossas mãos.

Estou felicíssimo de compartilhar com vocês esperança e anseios. Estou à disposição de todos para continuar a dar entusiasmo e apoio com a minha presença, o meu humilde serviço e a minha oração àquilo que o Espírito vai suscitando em nossas inspetorias.

Estamos a viver o tempo pascal e a paz do Ressuscitado alegra os nossos corações. Sua mensagem de vida e plenitude enche de alegria o nosso olhar e faz brilhar os nossos olhos, que podem contemplar um novo horizonte para toda a humanidade. O futuro é de Deus e nós o antecipamos todos os dias, empenhando-nos para abrir as prisões da injustiça, encorajando aqueles que são presas do desconforto, apoiando quem caminha com dificuldade, compartilhando o que somos com quem tem menos e vive sozinho.

É esta a mensagem d’Aquele que vive: a vida nova segundo o coração de Deus, a dignidade dos seus filhos, uma realidade carregada de futuro para os pequenos e os pobres. Como Santo Irineu recordou há muito tempo, “a glória de Deus é que o homem viva”. Este também é o nosso empenho: glorificar a Deus nos nossos irmãos que vivem em maior necessidade.

Justamente nestes dias, chegam notícias terríveis que falam de perseguições dos cristãos em muitas partes do mundo, de violação dos direitos humanos em regiões críticas do planeta, de maus-tratos e sequestros de menores pela sua condição de mulher ou pelo seu credo. Nada de mais distantes do plano de Deus! A presença do Senhor Ressuscitado é luz que ilumina as trevas e paz que dissipa o medo. A mensagem de Cristo Salvador é de harmonia numa criação nova libertada do mal e da escuridão. Infelizmente, o pecado nos agarra e a cizânia sufoca o bom trigo. Por isso, nós cristãos com os homens e as mulheres de boa vontade precisamos continuar a nos empenhar, em nome de Deus e dos nossos irmãos mais vulneráveis, para fazer com que surja uma nova realidade mais próxima do projeto de Deus, com maiores oportunidades para todos, a fim de que, embora no “já, mas ainda não”, ressoe com mais força a plenitude da nova criação que ainda geme nas dores do parto.

Precisamos elevar a nossa voz e unir-nos na denúncia profética que o Santo Padre elevou nestes dias pedindo aos poderosos para não ficarem indiferentes e unirem os esforços para pôr fim à barbárie e à injustiça.

Entretanto, não se trata apenas de uma questão de política dos Estados ou de estratégias das Nações Unidas. Em nossa Família Salesiana, marcada por uma espiritualidade profundamente pascal, continuaremos a trabalhar com todas as nossas forças para que haja sempre mais vida, no nome de Jesus, para os pequeninos e para os últimos. Com o coração do Bom Pastor, que toma sobre si o cuidado dos mais fracos, continuaremos a fazer opções válidas pelos jovens mais desfavorecidos e em situação de risco, como Dom Bosco nos ensinou e quis.

O apelo de Francisco para dar impulso a uma “Igreja que sai” para as periferias e os bairros pobres nos quais o sofrimento e o desconforto são maiores é um estímulo para a nossa proposta educativo-evangelizadora. Somos chamados a um novo modo de “fazer pastoral”: é a revolução da ternura, do abaixar-se diante dos mais feridos, da acolhida dos distantes, da proposta de caminhar para os últimos, de caminhar ao lado daqueles que a realidade social marginaliza e abandona.

Meus caros amigos e amigas, esta é também a nossa proposta. Como parcela da Igreja, continuaremos nestes anos a trabalhar para tornar mais crível o nosso modo de viver e mais audacioso o nosso anúncio. Isso se dará, na medida em que as nossas opções forem mais próximas das necessidades dos jovens mais pobres. O nosso último Capítulo Geral pediu aos Salesianos para aumentarem o testemunho da nossa radicalidade evangélica. O convite pode ser estendido a toda a Família Salesiana. Seguir Jesus é caminhar pelo caminho da pobreza e da proximidade com os últimos. Como o Mestre, queremos passar em meio aos homens, curando e libertando. Aqueles que carregam as chagas de Cristo impressas na carne de suas existências martirizadas são os destinatários primeiros do anúncio do Ressuscitado: “Paz a vós!”.

Aproximando-nos do Bicentenário do nascimento de Dom Bosco, a melhor maneira de festejar o nosso Pai é a fidelidade às suas grandes intuições. Não duvido minimamente de que uma delas, que é também vital para nós hoje, é a opção preferencial pelos jovens “abandonados e em perigo”.

A mensagem do Senhor Ressuscitado para retornar à Galileia é retornar às nossas raízes, é retornar aos jovens pobres. Estou certo de que “lá o encontraremos”.

 

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