Discípulo missionário de Jesus Cristo: a mistagogia

Terça, 16 Novembro 2021 22:58 Escrito por  Pe. João Mendonça, SDB
Discípulo missionário de Jesus Cristo: a mistagogia iStock.com
Finalizando a série de artigos sobre ser discípulo missionário de Jesus Cristo, o tema tratado é a mistagogia.    

O projeto pessoal de vida deve aos poucos tronar-se uma vida como projeto, ou seja, não basta apenas iniciar uma pessoa na fé, é preciso que haja a prática evangélica (Diretório para a Catequese 2020, n. 69). A mistagogia, então, não se reduz apenas a descobrir o valor do Mistério recebido, mas a vivê-lo concretamente.

 

Elementos da iniciação mistagógica

Ao receber o Batismo e a Confirmação, o catecúmeno é ajudado a entender que na Eucaristia ele encontrará a base fundamental e o alimento de sua vida como projeto de seguimento de Jesus. Portanto, a iniciação precisa ser de base, essencial, sistemática e integral da fé (DpC 2020, n. 71).

 

A base é o anúncio explicito da pessoa de Jesus, com o qual o catecúmeno será orientado a fazer um encontro real; é orgânica e essencial porque não pode ser feita de forma improvisada, mas sempre à luz da Palavra de Deus, da Tradição da Igreja e do Magistério; é integral porque precisa apresentar e ajudar na interiorização dos valores do ser cristão. Portanto, uma ação mistagógica catequética tem bom resultado quando conscientiza sobre as verdades da fé; inicia à celebração dos mistérios; formr para o estilo da vida cristã; ensina a rezar e introduz na vida comunitária (DpC 2020, n. 80-89).

 

Projeto de vida cristã

A mistagogia não se esgota na vivência ou experiência dos ritos e dos símbolos, pois requer também a compreensão da fé, o estudo. O catequista, neste sentido, é uma testemunha qualificada que fez o caminho de fé e que o apresenta aos catecúmenos interpretando os ritos à luz da Tradição da Igreja; ajuda a compreender o sentido salvífico dos ritos e adapta a linguagem para que os catecúmenos possam entender melhor; cria o elo entre a liturgia e a vida da comunidade com o significado dos ritos para a vida cristã (DpC 2020, n. 98).

 

Isso significa que a mistagogia não pode ser entendida como um tema da catequese, mas sim como a inserção do catecúmeno na práxis sacramental e de vida do cristão. Neste sentido, o catequista é aquele que “transmite o conteúdo da fé e conduz ao mistério da fé”, que conhece as alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos catecúmenos (DpG 2020, n. 113bc).

 

Compromissos de vida

A iniciação cristã não é um período de cursinho de vestibular ou de preparação para o ENEM cristão. Sua meta é a adesão a Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por conseguinte, o catecúmeno projeta sua vida a partir dos sentimentos de Jesus. Isso quer dizer sensibilidade e compromisso com os pobres, que é a primazia da caridade ativa, “o amor de Deus pelos excluídos” (DpC 2020, n. 385)

 

Esse projeto de vida requer o engajamento social do cristão, que é a “conexão íntima entre evangelização e desenvolvimento humano, pois uma fé autêntica não é individualista e cômoda” e será sempre iluminada pela Doutrina Social da Igreja, o olhar evangélico sobre a realidade (DpC 2020, n. 390).

 

Por fim, influencia no cotidiano e no ambiente de trabalho do cristão para que ele seja fermento na massa (DpC 2020, n. 393). São, assim, três compromissos importantes que o cristão levará para toda a vida. A catequese, portanto, deve ser inculturada, ser força transformadora do Evangelho no coração da cultura e das culturas (DpC 2020, n. 396).

 

Padre João da Silva Mendonça Filho, SDB, é mestre em Educação pela Pontifica Universidade Salesiana de Roma/Itália com especialização em Metodologia Vocacional, e pós-graduado em Comunicação pelo SEPAC/SP e PUC/SP.

 

Leia também:

Discípulo missionário de Jesus Cristo: purificação ou iluminação

Discípulo missionário de Jesus Cristo: o catecumenato

Projeto de Vida: Ser discípulo missionário de Jesus Cristo

 

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Discípulo missionário de Jesus Cristo: a mistagogia

Terça, 16 Novembro 2021 22:58 Escrito por  Pe. João Mendonça, SDB
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Finalizando a série de artigos sobre ser discípulo missionário de Jesus Cristo, o tema tratado é a mistagogia.    

O projeto pessoal de vida deve aos poucos tronar-se uma vida como projeto, ou seja, não basta apenas iniciar uma pessoa na fé, é preciso que haja a prática evangélica (Diretório para a Catequese 2020, n. 69). A mistagogia, então, não se reduz apenas a descobrir o valor do Mistério recebido, mas a vivê-lo concretamente.

 

Elementos da iniciação mistagógica

Ao receber o Batismo e a Confirmação, o catecúmeno é ajudado a entender que na Eucaristia ele encontrará a base fundamental e o alimento de sua vida como projeto de seguimento de Jesus. Portanto, a iniciação precisa ser de base, essencial, sistemática e integral da fé (DpC 2020, n. 71).

 

A base é o anúncio explicito da pessoa de Jesus, com o qual o catecúmeno será orientado a fazer um encontro real; é orgânica e essencial porque não pode ser feita de forma improvisada, mas sempre à luz da Palavra de Deus, da Tradição da Igreja e do Magistério; é integral porque precisa apresentar e ajudar na interiorização dos valores do ser cristão. Portanto, uma ação mistagógica catequética tem bom resultado quando conscientiza sobre as verdades da fé; inicia à celebração dos mistérios; formr para o estilo da vida cristã; ensina a rezar e introduz na vida comunitária (DpC 2020, n. 80-89).

 

Projeto de vida cristã

A mistagogia não se esgota na vivência ou experiência dos ritos e dos símbolos, pois requer também a compreensão da fé, o estudo. O catequista, neste sentido, é uma testemunha qualificada que fez o caminho de fé e que o apresenta aos catecúmenos interpretando os ritos à luz da Tradição da Igreja; ajuda a compreender o sentido salvífico dos ritos e adapta a linguagem para que os catecúmenos possam entender melhor; cria o elo entre a liturgia e a vida da comunidade com o significado dos ritos para a vida cristã (DpC 2020, n. 98).

 

Isso significa que a mistagogia não pode ser entendida como um tema da catequese, mas sim como a inserção do catecúmeno na práxis sacramental e de vida do cristão. Neste sentido, o catequista é aquele que “transmite o conteúdo da fé e conduz ao mistério da fé”, que conhece as alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos catecúmenos (DpG 2020, n. 113bc).

 

Compromissos de vida

A iniciação cristã não é um período de cursinho de vestibular ou de preparação para o ENEM cristão. Sua meta é a adesão a Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por conseguinte, o catecúmeno projeta sua vida a partir dos sentimentos de Jesus. Isso quer dizer sensibilidade e compromisso com os pobres, que é a primazia da caridade ativa, “o amor de Deus pelos excluídos” (DpC 2020, n. 385)

 

Esse projeto de vida requer o engajamento social do cristão, que é a “conexão íntima entre evangelização e desenvolvimento humano, pois uma fé autêntica não é individualista e cômoda” e será sempre iluminada pela Doutrina Social da Igreja, o olhar evangélico sobre a realidade (DpC 2020, n. 390).

 

Por fim, influencia no cotidiano e no ambiente de trabalho do cristão para que ele seja fermento na massa (DpC 2020, n. 393). São, assim, três compromissos importantes que o cristão levará para toda a vida. A catequese, portanto, deve ser inculturada, ser força transformadora do Evangelho no coração da cultura e das culturas (DpC 2020, n. 396).

 

Padre João da Silva Mendonça Filho, SDB, é mestre em Educação pela Pontifica Universidade Salesiana de Roma/Itália com especialização em Metodologia Vocacional, e pós-graduado em Comunicação pelo SEPAC/SP e PUC/SP.

 

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