Discípulo missionário de Jesus Cristo: o catecumenato

Terça, 06 Julho 2021 14:57 Escrito por  Pe. João Mendonça, SDB
Discípulo missionário de Jesus Cristo: o catecumenato iStock.com
O segundo artigo dessa série nos ajuda na compreensão do catecumenato, um tempo mais longo de educação na fé que proporciona uma visão de continuidade com o querigma, a partir da leitura e do saber ver a missão da Igreja à luz do Evangelho.  

 

Com a Bíblia nas mãos, sobretudo o Novo Testamento, o catequizando começa a seguir os passos de Jesus através das narrativas das Escrituras. O livro sagrado é entregue no final do pré-catecumenato, no rito de admissão.

 

Passagem da noite escura da fé para o seguimento

O catecumenato é um tempo muito bonito. O catequizando receberá o rito do exorcismo, fortalecendo ainda mais sua conversão a Jesus. Um projeto de vida cristão requer renúncias, quer dizer, abandonar as obras da carne, como diz Paulo, e aderir às obras do Espírito (Gal 5,13-26).

 

Leia também

Projeto de Vida: Ser discípulo missionário de Jesus Cristo

O olhar de Dom Bosco

 

É importante recordar o sentido de nascer de novo. Como é possível renascer? É a pergunta de Nicodemos a Jesus (Jo 3,1-12). Este é um dos diálogos mais emblemáticos de João, uma catequese sobre as implicações de seguir Jesus deixando as sombras do medo. O cristão encontra o ressuscitado na noite escura da fé e acende dentro de si a luz que tira as escamas dos olhos.

 

A experiência de Nicodemos é o caminho para o seguimento. A vivência desta passagem acontece no rito do exorcismo. São três bênçãos, à luz de textos bíblicos, com as quais toda a comunidade cristã e o catequizando pedem a Deus a graça de deixar as obras da carne e ser animados pela alegria do Evangelho. A imposição das mãos, feita pelo presidente da celebração, recorda aos catecúmenos que eles são tocados pela graça da misericórdia de Deus.

 

História da Salvação

O projeto de vida não pode ser construído à margem da história da ação salvadora de Deus. Por isso, o catecúmeno será ajudado a percorrer o Antigo Testamento à luz do Mistério de Jesus Cristo. Toda a grande riqueza das Escrituras é construída na revelação de Deus que perpassa os fatos narrados, sempre pela vertente de Deus, que comunica em acontecimentos, juízes, profetas e monarcas o desejo de uma sociedade igualitária e a esperança do Messias (Is 7,14; Mq 5,2), “atos e palavras intimamente unidas” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, n. 2).

 

Quando as narrativas do NT registram a presença do Verbo (Jo 1; 1 Jo 1,1-4; Fl 2,1-11; Rm 1,16s), suas palavras, gestos, milagres, morte e ressurreição unificam a história e, nos interditos deste mundo, revela-se a presença amorosa de Deus.

 

O catecúmeno precisa de acompanhamento do catequista para fazer esse caminho da história de salvação, encontrando nela aquilo que São Paulo VI dizia: “Não é supérfluo, talvez, recordar o seguinte: evangelizar é, em primeiro lugar, dar testemunho, de maneira simples e direta, de Deus revelado por Jesus Cristo, no Espírito Santo. Dar testemunho de que no seu Filho ele amou o mundo; de que no seu Verbo Encarnado ele deu o ser a todas as coisas e chamou os homens para a vida eterna. Esta atestação de Deus proporcionará, para muitos talvez, o Deus desconhecido, (55) que eles adoram sem lhe dar um nome, ou que eles procuram por força de um apelo secreto do coração quando fazem a experiência da vacuidade de todos os ídolos. Mas ela é plenamente evangelizadora, ao manifestar que para o homem, o Criador já não é uma potência anônima e longínqua: ele é Pai” (Cf. Evangelii Nuntiandi, n. 26).

 

Lugares de encontro com Jesus Cristo

A educação da fé e na fé precisa levar o catecúmeno a encontrar Jesus, pois “o ser cristão não começa com uma decisão ética ou de uma grande ideia, mas no encontro com uma pessoa” (Documento de Aparecida, n. 243), e esta pessoa é Jesus. Foi assim no início, quando as pessoas se sentiam atraídas pelas palavras de Jesus, pela bondade do seu tratamento e de seus milagres.

 

Este é o melhor presente que uma pessoa pode receber, pois será primeiro na comunidade cristã viva, atuante e alegre que o catecúmeno experimentará a presença do Senhor. Com a leitura atenta das Escrituras e na oração também o catequizando fará a vivência do encontro com o Senhor; quando começar a participar assiduamente da liturgia da Igreja, sobretudo da Eucaristia, ele assumirá o mistério da Páscoa; na confissão e reconciliação ele encontrará a compaixão do Senhor. A oração pessoal e comunitária alimentará o cotidiano do discípulo; e o amor fraterno da comunidade com os pobres e vai constituir a partilha com os sentimentos de Jesus (Documento de Aparecida, 246-257). Esses lugares são a fonte inesgotável do encontro com Jesus que o catecúmeno precisa vivenciar para ser verdadeiro discípulo missionário.

 

Leia mais no BS Digital:

Humanismo salesiano, maneira de estar no mundo

É possível ser santos nos passos de Dom Bosco?

 

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Discípulo missionário de Jesus Cristo: o catecumenato

Terça, 06 Julho 2021 14:57 Escrito por  Pe. João Mendonça, SDB
Discípulo missionário de Jesus Cristo: o catecumenato iStock.com
O segundo artigo dessa série nos ajuda na compreensão do catecumenato, um tempo mais longo de educação na fé que proporciona uma visão de continuidade com o querigma, a partir da leitura e do saber ver a missão da Igreja à luz do Evangelho.  

 

Com a Bíblia nas mãos, sobretudo o Novo Testamento, o catequizando começa a seguir os passos de Jesus através das narrativas das Escrituras. O livro sagrado é entregue no final do pré-catecumenato, no rito de admissão.

 

Passagem da noite escura da fé para o seguimento

O catecumenato é um tempo muito bonito. O catequizando receberá o rito do exorcismo, fortalecendo ainda mais sua conversão a Jesus. Um projeto de vida cristão requer renúncias, quer dizer, abandonar as obras da carne, como diz Paulo, e aderir às obras do Espírito (Gal 5,13-26).

 

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A experiência de Nicodemos é o caminho para o seguimento. A vivência desta passagem acontece no rito do exorcismo. São três bênçãos, à luz de textos bíblicos, com as quais toda a comunidade cristã e o catequizando pedem a Deus a graça de deixar as obras da carne e ser animados pela alegria do Evangelho. A imposição das mãos, feita pelo presidente da celebração, recorda aos catecúmenos que eles são tocados pela graça da misericórdia de Deus.

 

História da Salvação

O projeto de vida não pode ser construído à margem da história da ação salvadora de Deus. Por isso, o catecúmeno será ajudado a percorrer o Antigo Testamento à luz do Mistério de Jesus Cristo. Toda a grande riqueza das Escrituras é construída na revelação de Deus que perpassa os fatos narrados, sempre pela vertente de Deus, que comunica em acontecimentos, juízes, profetas e monarcas o desejo de uma sociedade igualitária e a esperança do Messias (Is 7,14; Mq 5,2), “atos e palavras intimamente unidas” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, n. 2).

 

Quando as narrativas do NT registram a presença do Verbo (Jo 1; 1 Jo 1,1-4; Fl 2,1-11; Rm 1,16s), suas palavras, gestos, milagres, morte e ressurreição unificam a história e, nos interditos deste mundo, revela-se a presença amorosa de Deus.

 

O catecúmeno precisa de acompanhamento do catequista para fazer esse caminho da história de salvação, encontrando nela aquilo que São Paulo VI dizia: “Não é supérfluo, talvez, recordar o seguinte: evangelizar é, em primeiro lugar, dar testemunho, de maneira simples e direta, de Deus revelado por Jesus Cristo, no Espírito Santo. Dar testemunho de que no seu Filho ele amou o mundo; de que no seu Verbo Encarnado ele deu o ser a todas as coisas e chamou os homens para a vida eterna. Esta atestação de Deus proporcionará, para muitos talvez, o Deus desconhecido, (55) que eles adoram sem lhe dar um nome, ou que eles procuram por força de um apelo secreto do coração quando fazem a experiência da vacuidade de todos os ídolos. Mas ela é plenamente evangelizadora, ao manifestar que para o homem, o Criador já não é uma potência anônima e longínqua: ele é Pai” (Cf. Evangelii Nuntiandi, n. 26).

 

Lugares de encontro com Jesus Cristo

A educação da fé e na fé precisa levar o catecúmeno a encontrar Jesus, pois “o ser cristão não começa com uma decisão ética ou de uma grande ideia, mas no encontro com uma pessoa” (Documento de Aparecida, n. 243), e esta pessoa é Jesus. Foi assim no início, quando as pessoas se sentiam atraídas pelas palavras de Jesus, pela bondade do seu tratamento e de seus milagres.

 

Este é o melhor presente que uma pessoa pode receber, pois será primeiro na comunidade cristã viva, atuante e alegre que o catecúmeno experimentará a presença do Senhor. Com a leitura atenta das Escrituras e na oração também o catequizando fará a vivência do encontro com o Senhor; quando começar a participar assiduamente da liturgia da Igreja, sobretudo da Eucaristia, ele assumirá o mistério da Páscoa; na confissão e reconciliação ele encontrará a compaixão do Senhor. A oração pessoal e comunitária alimentará o cotidiano do discípulo; e o amor fraterno da comunidade com os pobres e vai constituir a partilha com os sentimentos de Jesus (Documento de Aparecida, 246-257). Esses lugares são a fonte inesgotável do encontro com Jesus que o catecúmeno precisa vivenciar para ser verdadeiro discípulo missionário.

 

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