Crianças detidas somam mais de um milhão

Segunda, 08 Junho 2015 11:35 Escrito por  InfoANS
“A minha vida na prisão de Pademba Road (Freetown) foi uma contínua tortura. Puseram-me numa cela com delinquentes comuns, adultos. Comida - uma xícara de chá preto sem açúcar, e um prato de arroz. Porque os ‘colegas’ me afanavam os pãezinhos do café da manhã e também a mandioca. Só me deixavam o arroz. À noite não podia dormir, pois devia refrescar com abano os rapazes maiores. Pela manhã me obrigavam a limpar a lata dos excrementos em que fazíamos as necessidades. O pior de tudo, entretanto, foram os abusos sexuais. Fui vítima durante dois anos. Denunciei-os, mas ninguém me ouviu. Tinha 14 anos”. Essa é a experiência de Johny, em Serra Leoa. Seu crime: dormir na rua.
 
Mais de um milhão de crianças e adolescentes em todo o mundo não têm liberdade nos comissariados de polícia, nas prisões ou nos centros de detenção para crianças e adolescentes, segundo os dados das Nações Unidas. Em sua maioria não têm antecedentes penais, sendo acusados de pequenos reatos ou de reatos que para os adultos não existem, como dormir na rua, por exemplo. Além disso, sempre segundo as Nações Unidas, 59% das crianças e adolescentes detidos não receberam uma sentença de condenação, embora se encontrem detidos.
 
Os menores que são privados de liberdade veem claramente que os seus direitos são sistematicamente violados. Muitas crianças são tratadas como criminosos, quando na realidade o de que eles têm necessidade é apenas de um pouco de apoio e de assistência social. Mandar um menor para a cadeia ou reformatório deveria ser a última instância, mas em muitos lugares é o procedimento habitual. No Quênia, por exemplo, mais de 1.800 menores estão detidos só porque não têm casa, porque vivem na rua; outros 500 mais ou menos, porque estão sob o controle dos pais; cerca de 600, porque mendigavam.
 
Para tornar pública a realidade em que vivem esses menores, a Procuradoria Missionária Salesiana, de Madri, lançou a campanha “IN-Justicia juvenil” (IN-Justiça Juvenil). “Há alternativas quando se trata de deter um menor. O grande desafio é compreender que para acabar com a violência é preciso estar em condições de transformar o coração do agressor; e deixar de pensar na vingança”, explica Ana Muñoz, porta-voz da Organização.
 
Transformar, mediante a educação, os menores em dificuldades com a lei: eis a proposta que os salesianos realizam em países como Serra Leoa, Filipinas, El Salvador, Índia, Brasil...
 
 
No site da Procuradoria Missionária Salesiana, de Madri, estão disponíveis mais informações sobre a campanha IN-Justicia Juvenil.
 
 
 
 
InfoANS
 

 

 

 

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Última modificação em Quarta, 03 Julho 2024 19:12

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Crianças detidas somam mais de um milhão

Segunda, 08 Junho 2015 11:35 Escrito por  InfoANS
“A minha vida na prisão de Pademba Road (Freetown) foi uma contínua tortura. Puseram-me numa cela com delinquentes comuns, adultos. Comida - uma xícara de chá preto sem açúcar, e um prato de arroz. Porque os ‘colegas’ me afanavam os pãezinhos do café da manhã e também a mandioca. Só me deixavam o arroz. À noite não podia dormir, pois devia refrescar com abano os rapazes maiores. Pela manhã me obrigavam a limpar a lata dos excrementos em que fazíamos as necessidades. O pior de tudo, entretanto, foram os abusos sexuais. Fui vítima durante dois anos. Denunciei-os, mas ninguém me ouviu. Tinha 14 anos”. Essa é a experiência de Johny, em Serra Leoa. Seu crime: dormir na rua.
 
Mais de um milhão de crianças e adolescentes em todo o mundo não têm liberdade nos comissariados de polícia, nas prisões ou nos centros de detenção para crianças e adolescentes, segundo os dados das Nações Unidas. Em sua maioria não têm antecedentes penais, sendo acusados de pequenos reatos ou de reatos que para os adultos não existem, como dormir na rua, por exemplo. Além disso, sempre segundo as Nações Unidas, 59% das crianças e adolescentes detidos não receberam uma sentença de condenação, embora se encontrem detidos.
 
Os menores que são privados de liberdade veem claramente que os seus direitos são sistematicamente violados. Muitas crianças são tratadas como criminosos, quando na realidade o de que eles têm necessidade é apenas de um pouco de apoio e de assistência social. Mandar um menor para a cadeia ou reformatório deveria ser a última instância, mas em muitos lugares é o procedimento habitual. No Quênia, por exemplo, mais de 1.800 menores estão detidos só porque não têm casa, porque vivem na rua; outros 500 mais ou menos, porque estão sob o controle dos pais; cerca de 600, porque mendigavam.
 
Para tornar pública a realidade em que vivem esses menores, a Procuradoria Missionária Salesiana, de Madri, lançou a campanha “IN-Justicia juvenil” (IN-Justiça Juvenil). “Há alternativas quando se trata de deter um menor. O grande desafio é compreender que para acabar com a violência é preciso estar em condições de transformar o coração do agressor; e deixar de pensar na vingança”, explica Ana Muñoz, porta-voz da Organização.
 
Transformar, mediante a educação, os menores em dificuldades com a lei: eis a proposta que os salesianos realizam em países como Serra Leoa, Filipinas, El Salvador, Índia, Brasil...
 
 
No site da Procuradoria Missionária Salesiana, de Madri, estão disponíveis mais informações sobre a campanha IN-Justicia Juvenil.
 
 
 
 
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