Conhecer Dom Bosco: Uma casa, uma família, um pai

Domingo, 29 Julho 2012 12:01 Escrito por 
“Lembro apenas, e é o primeiro fato da minha vida que guardo na memória, que todos saíam do quarto do falecido e eu queria ficar lá a todo o custo. ‘Vem, João, vem comigo’ - insistia minha aflita mãe. ‘Se papai não vem, eu também não vou’ - retorqui. ‘Pobre filho - continuou mamãe’ -, vem comigo, já não tens pai. Ditas essas palavras, prorrompeu em soluços, tomou-me pela mão e levou-me para fora, ao passo que eu chorava porque a via chorar”.  

 

A primeira lembrança de Dom Bosco é a mão de sua mãe. Quando vier a conhecer os jovens das prisões de Turim dirá: “Quem sabe, se tivessem lá fora um amigo que tomasse conta deles... dão-se a uma vida honrada, esquecem o passado, tornam-se bons cristãos e honestos cidadãos. Essa é a origem do nosso Oratório”.

Ao reler a própria experiência juvenil e o caminho que o levou a realizar a sua Obra, Dom Bosco, nas Memórias do Oratório, pôs às claras o papel determinante dos educadores e dos ambientes nos quais se realiza a sua formação: a família, a comunidade religiosa de Morialdo, a escola de Chieri, o Seminário, o Colégio Eclesiástico; os cuidados de mamãe Margarida e do padre Calosso, as atenções dos seus professores em Chieri, a acolhida e os conselhos do confessor, os bons amigos, o exemplo estimulante de Luís Comollo, a organização disciplinar dada pelos superiores do seminário, a exemplaridade pastoral e espiritual e os ensinamentos do padre Cafasso e do teólogo Guala.

As raízes da força

Igualmente, o contexto de pobreza e a dureza do mundo agrícola no qual cresceu, tiveram um papel importante para estimular nele atitudes de confiança em Deus, de laboriosidade e tenacidade, de sobriedade e criatividade. O contraste com Antonio, também não foi totalmente negativo, porque fez aumentar o seu anseio e estimulou a sua inventiva para encontrar, em situações pouco favoráveis, caminhos possíveis, percursos alternativos úteis para traduzir o sonho em realidade. Da mesma forma, as resistências encontradas nos primeiros anos do Oratório da parte do vigário da cidade, dos párocos, da marquesa Barolo, ou a falta de recursos econômicos, de espaços e de colaboradores não foram apenas obstáculos, mas desafios que estimularam a sua caridade criativa e o levaram a pôr em ação uma estratégia toda sua. Criara-se nele uma mentalidade de adaptação proativa no fazer o bem, uma atitude confiante que lhe vinha da confiança em Deus e o levava a atuar o quanto fosse factível, à espera dos desenvolvimentos e das oportunidades futuras. Uma disponibilidade à mudança e à adaptação tempestiva diante dos imprevistos ou dos obstáculos, que sabia contornar com amabilidade e inteligência. Desenvolveu também um modelo relacional e comunicativo que visava à informação e sensibilização das pessoas, ao seu envolvimento, que será determinante no futuro.

As pessoas que o amaram

Sobretudo as pessoas que o formaram, a sua dedicação educativa, o seu cuidado, assistência e acompanhamento, o seu exemplo e estímulo, foram para ele um recurso importante. De fato, orientaram o seu itinerário formativo e, ao mesmo tempo, tornaram-se referência e modelo de espiritualidade, de opção de vida, de relações paternas, de cuidado e de assistência, de dedicação... que lhe favoreceram uma referência eficaz na qual modelar o sistema preventivo e o seu modo operativo. À distância de anos, refletindo sobre essas pessoas e suas atitudes, Dom Bosco tirou consequências importantes para o seu sistema.

Os ambientes que o formaram

Também os ambientes de vida nos quais se deu a sua educação foram um importante recurso para a elaboração do seu modelo formativo: a família pobre e laboriosa, a comunidade agrícola solidária de Morialdo, o ambiente escolar de Chieri (onde “a religião era parte fundamental da educação”), a seriedade disciplinar e a tensão espiritual do Seminário, o clima fervoroso do Colégio Eclesiástico. Todas estas experiências contribuíram concretamente para formar nele uma ideia e uma prática de comunidade educativa e de comunidade religiosa, de relações humanas e de papéis formativos, de sentido de pertença e colaboração.

Uma rede para crescer

No pensamento e na práxis de Dom Bosco não pode existir educação a não ser no interior de uma comunidade organizada e laboriosa, serena e familiar, e numa rede de relações humanas tecidas de educadores afetuosos e atentos, presentes ao lado dos jovens de modo ativo e estimulante, capazes de abrir horizontes, valorizar talentos, plasmar caracteres e levar pelos caminhos da vida interior, com o método da razão, da religião e da amabilidade.

 

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Última modificação em Segunda, 30 Julho 2012 12:25

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Conhecer Dom Bosco: Uma casa, uma família, um pai

Domingo, 29 Julho 2012 12:01 Escrito por 
“Lembro apenas, e é o primeiro fato da minha vida que guardo na memória, que todos saíam do quarto do falecido e eu queria ficar lá a todo o custo. ‘Vem, João, vem comigo’ - insistia minha aflita mãe. ‘Se papai não vem, eu também não vou’ - retorqui. ‘Pobre filho - continuou mamãe’ -, vem comigo, já não tens pai. Ditas essas palavras, prorrompeu em soluços, tomou-me pela mão e levou-me para fora, ao passo que eu chorava porque a via chorar”.  

 

A primeira lembrança de Dom Bosco é a mão de sua mãe. Quando vier a conhecer os jovens das prisões de Turim dirá: “Quem sabe, se tivessem lá fora um amigo que tomasse conta deles... dão-se a uma vida honrada, esquecem o passado, tornam-se bons cristãos e honestos cidadãos. Essa é a origem do nosso Oratório”.

Ao reler a própria experiência juvenil e o caminho que o levou a realizar a sua Obra, Dom Bosco, nas Memórias do Oratório, pôs às claras o papel determinante dos educadores e dos ambientes nos quais se realiza a sua formação: a família, a comunidade religiosa de Morialdo, a escola de Chieri, o Seminário, o Colégio Eclesiástico; os cuidados de mamãe Margarida e do padre Calosso, as atenções dos seus professores em Chieri, a acolhida e os conselhos do confessor, os bons amigos, o exemplo estimulante de Luís Comollo, a organização disciplinar dada pelos superiores do seminário, a exemplaridade pastoral e espiritual e os ensinamentos do padre Cafasso e do teólogo Guala.

As raízes da força

Igualmente, o contexto de pobreza e a dureza do mundo agrícola no qual cresceu, tiveram um papel importante para estimular nele atitudes de confiança em Deus, de laboriosidade e tenacidade, de sobriedade e criatividade. O contraste com Antonio, também não foi totalmente negativo, porque fez aumentar o seu anseio e estimulou a sua inventiva para encontrar, em situações pouco favoráveis, caminhos possíveis, percursos alternativos úteis para traduzir o sonho em realidade. Da mesma forma, as resistências encontradas nos primeiros anos do Oratório da parte do vigário da cidade, dos párocos, da marquesa Barolo, ou a falta de recursos econômicos, de espaços e de colaboradores não foram apenas obstáculos, mas desafios que estimularam a sua caridade criativa e o levaram a pôr em ação uma estratégia toda sua. Criara-se nele uma mentalidade de adaptação proativa no fazer o bem, uma atitude confiante que lhe vinha da confiança em Deus e o levava a atuar o quanto fosse factível, à espera dos desenvolvimentos e das oportunidades futuras. Uma disponibilidade à mudança e à adaptação tempestiva diante dos imprevistos ou dos obstáculos, que sabia contornar com amabilidade e inteligência. Desenvolveu também um modelo relacional e comunicativo que visava à informação e sensibilização das pessoas, ao seu envolvimento, que será determinante no futuro.

As pessoas que o amaram

Sobretudo as pessoas que o formaram, a sua dedicação educativa, o seu cuidado, assistência e acompanhamento, o seu exemplo e estímulo, foram para ele um recurso importante. De fato, orientaram o seu itinerário formativo e, ao mesmo tempo, tornaram-se referência e modelo de espiritualidade, de opção de vida, de relações paternas, de cuidado e de assistência, de dedicação... que lhe favoreceram uma referência eficaz na qual modelar o sistema preventivo e o seu modo operativo. À distância de anos, refletindo sobre essas pessoas e suas atitudes, Dom Bosco tirou consequências importantes para o seu sistema.

Os ambientes que o formaram

Também os ambientes de vida nos quais se deu a sua educação foram um importante recurso para a elaboração do seu modelo formativo: a família pobre e laboriosa, a comunidade agrícola solidária de Morialdo, o ambiente escolar de Chieri (onde “a religião era parte fundamental da educação”), a seriedade disciplinar e a tensão espiritual do Seminário, o clima fervoroso do Colégio Eclesiástico. Todas estas experiências contribuíram concretamente para formar nele uma ideia e uma prática de comunidade educativa e de comunidade religiosa, de relações humanas e de papéis formativos, de sentido de pertença e colaboração.

Uma rede para crescer

No pensamento e na práxis de Dom Bosco não pode existir educação a não ser no interior de uma comunidade organizada e laboriosa, serena e familiar, e numa rede de relações humanas tecidas de educadores afetuosos e atentos, presentes ao lado dos jovens de modo ativo e estimulante, capazes de abrir horizontes, valorizar talentos, plasmar caracteres e levar pelos caminhos da vida interior, com o método da razão, da religião e da amabilidade.

 

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