Desde criança, o jogo e a alegria foram para mim uma forma séria de apostolado, do que estava intimamente convencido. A alegria era um elemento inseparável do estudo, do trabalho e da piedade. Um jovem daqueles primeiros anos, recordando os anos “heroicos”, assim os descrevia: “Pensando como se comia e como se dormia, admiramo-nos agora de ter podido divertir-nos, sem, contudo sofrer e sem nos lamentar.Mas éramos felizes, vivíamos de afeto”.
Viver e transmitir a alegria constituía uma forma de vida, uma opção consciente de pedagogia em ação. Para mim, o jovem era sempre um jovem, a sua exigência profunda era a alegria, a liberdade, a diversão.
Sentia como natural que eu, padre para os jovens, lhes transmitisse a boa e alegre notícia contida no Evangelho. E não o poderia fazer carrancudo e com modos frios e bruscos. Os jovens precisavam entender que para mim a alegria era uma coisa tremendamente séria! Que o pátio era a minha biblioteca, a minha cátedra onde eu era ao mesmo tempo professor e aluno. Que a alegria é lei fundamental da juventude.
Eu valorizava o teatro, a música, o canto; e organizava nos mínimos detalhes as célebres excursões de outono.
Em 1847, imprimi um livro de formação cristã, O Jovem Instruído. Escrevera-o roubando muitas horas ao sono. As primeiras palavras que os meus jovens liam eram estas: “O primeiro e principal engano com que o demônio costuma afastar os jovens da virtude é fazê-los pensar que servir a nosso Senhor consista numa vida melancólica e distante de qualquer divertimento e prazer. Não é assim, caros jovens. Eu quero ensinar-vos um método de vida cristã, que possa ao mesmo tempo fazer-vos alegres e felizes, indicando-vos quais são os verdadeiros divertimentos e os verdadeiros prazeres... Esta é, justamente, a finalidade do pequeno livro, servir ao Senhor e viver alegres”.
Como vede, para mim a alegria assumia um profundo significado religioso. No meu estilo educativo havia uma combinação equilibrada de sacro e de profano, de natureza e de graça. Os resultados não tardavam a aparecer, tanto que em algumas notas autobiográficas que fui quase obrigado a escrever, podia afirmar: “Contentes com essa mistura de devoções, brinquedos e passeios, afeiçoavam-se tanto a mim, que não só obedeciam fielmente às minhas ordens, mas desejavam vivamente que lhes desse alguma incumbência”.
Não me satisfazia que os jovens fossem alegres; queria que eles difundissem ao redor deles esse clima de festa, de entusiasmo, de amor à vida. Queria-os construtores de esperança e de alegria. Missionários de outros jovens mediante o apostolado da alegria. Um apostolado contagiante.