Memórias Biográficas: A humildade de Dom Bosco

Sexta, 07 Outubro 2022 18:13 Escrito por  Pe. Osmar A. Bezutte, SDB
O tema da humildade em Dom Bosco e em São Francisco de Sales é retomado, desta vez com base no Vol. XIV das Memórias Biográficas.    

As famílias importantes e benfeitoras de Dom Bosco disputavam sua presença, devido sobretudo à sua fama de santidade.

 

O fato narrado a seguir aconteceu na cidade italiana de Luca, região da Toscana. Dom Bosco aceitou o convite do Sr. Bertocchini, que lhe vendera a casa, transformada em colégio, a preço módico e em parcelas a serem quitadas de acordo com a possibilidade. Os donos o acolheram em sua mansão fora da cidade.

 

Dom Bosco levou consigo o diretor e o padre Maggiorino Borgatello, catequista. Este deu testemunho por escrito que, durante o almoço, ao se falar das obras salesianas, e particularmente do Oratório, o Servo de Deus levou os comensais a se maravilharem, narrando com a maior simplicidade acontecimentos portentosos, acontecidos bem diante de seus olhos no Santuário de Maria Auxiliadora. Uma vez que padre Borgatello afirma citar as palavras “textuais”, nós as trazemos tais e quais. Dom Bosco assim falou:

 

“Muitos me atribuem o pouco bem que a Congregação Salesiana realiza; mas enganam-se. Se Dom Bosco fez e faz um pouco de bem, deve-o a seus filhos. Deus concedeu a Dom Bosco filhos tão virtuosos a ponto de eles fazerem verdadeiros milagres; com os merecimentos deles, Dom Bosco vai para frente como em triunfo. O mundo crê que seja obra de Dom Bosco, ao passo que tudo é devido a seus filhos.

 

Poderia narrar muitos fatos para confirmar o que digo; porém, são suficientes os dois seguintes. Um dia, no anoitecer, eu estava entrando na igreja de Maria Auxiliadora pela porta principal. Quando estava mais ou menos na metade da igreja observando o quadro, vi que Nossa Senhora estava coberta por um tecido escuro. Logo falei para mim mesmo: “Por que será que o sacristão cobriu a imagem de Nossa Senhora”? Aproximando-me para mais perto do presbitério, vi que o pano se mexia. Pouco depois caiu lentamente até tocar o chão, adorou o Santíssimo Sacramento, fez o sinal da cruz e saiu pela sacristia. Esse tecido era um filho de Dom Bosco, que em êxtase de amor se elevara até perto da imagem de Maria Santíssima a fim de mais a contemplar, amá-la e beijar seus imaculados pés.

 

Em outra ocasião eu entrei pela sacristia. Vi um jovem elevado à altura do santo tabernáculo atrás do coro em atitude de adoração ao Santíssimo Sacramento; estava ajoelhado no ar com a cabeça inclinada e apoiada na porta do tabernáculo, em doce êxtase de amor como um serafim do céu. Chamei-o pelo nome, e ele rápido se sacudiu e desceu ao chão todo confuso, pedindo que eu não revelasse a ninguém. Repito que poderia narrar muitos outros fatos semelhantes, para mostrar que todo bem que Dom Bosco faz, deve-o a seus filhos”.  

 

Humildade e caridade

São Francisco de Sales apresenta uma bela comparação entre “humildade” e “caridade”: “São as cordas mestras e todas as outras virtudes se prendem a elas. O importante é manter-se bem naquelas duas; uma é a mais baixa, a outra a mais alta. A conservação de todo o edifício depende do alicerce e do telhado. Concentrando-se o coração no exercício destas, quanto às restantes não há muita dificuldade. São as mães das virtudes: seguem-nas como os pintinhos seguem as suas mães galinhas” (Carta 335, à Baronesa de Chantal, Annecy, 11 de fevereiro de 1607, Obras da Edição de Annency - OEA Cartas, Tomo XIII, volume 3).

 

Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).

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Memórias Biográficas: A humildade de Dom Bosco

Sexta, 07 Outubro 2022 18:13 Escrito por  Pe. Osmar A. Bezutte, SDB
O tema da humildade em Dom Bosco e em São Francisco de Sales é retomado, desta vez com base no Vol. XIV das Memórias Biográficas.    

As famílias importantes e benfeitoras de Dom Bosco disputavam sua presença, devido sobretudo à sua fama de santidade.

 

O fato narrado a seguir aconteceu na cidade italiana de Luca, região da Toscana. Dom Bosco aceitou o convite do Sr. Bertocchini, que lhe vendera a casa, transformada em colégio, a preço módico e em parcelas a serem quitadas de acordo com a possibilidade. Os donos o acolheram em sua mansão fora da cidade.

 

Dom Bosco levou consigo o diretor e o padre Maggiorino Borgatello, catequista. Este deu testemunho por escrito que, durante o almoço, ao se falar das obras salesianas, e particularmente do Oratório, o Servo de Deus levou os comensais a se maravilharem, narrando com a maior simplicidade acontecimentos portentosos, acontecidos bem diante de seus olhos no Santuário de Maria Auxiliadora. Uma vez que padre Borgatello afirma citar as palavras “textuais”, nós as trazemos tais e quais. Dom Bosco assim falou:

 

“Muitos me atribuem o pouco bem que a Congregação Salesiana realiza; mas enganam-se. Se Dom Bosco fez e faz um pouco de bem, deve-o a seus filhos. Deus concedeu a Dom Bosco filhos tão virtuosos a ponto de eles fazerem verdadeiros milagres; com os merecimentos deles, Dom Bosco vai para frente como em triunfo. O mundo crê que seja obra de Dom Bosco, ao passo que tudo é devido a seus filhos.

 

Poderia narrar muitos fatos para confirmar o que digo; porém, são suficientes os dois seguintes. Um dia, no anoitecer, eu estava entrando na igreja de Maria Auxiliadora pela porta principal. Quando estava mais ou menos na metade da igreja observando o quadro, vi que Nossa Senhora estava coberta por um tecido escuro. Logo falei para mim mesmo: “Por que será que o sacristão cobriu a imagem de Nossa Senhora”? Aproximando-me para mais perto do presbitério, vi que o pano se mexia. Pouco depois caiu lentamente até tocar o chão, adorou o Santíssimo Sacramento, fez o sinal da cruz e saiu pela sacristia. Esse tecido era um filho de Dom Bosco, que em êxtase de amor se elevara até perto da imagem de Maria Santíssima a fim de mais a contemplar, amá-la e beijar seus imaculados pés.

 

Em outra ocasião eu entrei pela sacristia. Vi um jovem elevado à altura do santo tabernáculo atrás do coro em atitude de adoração ao Santíssimo Sacramento; estava ajoelhado no ar com a cabeça inclinada e apoiada na porta do tabernáculo, em doce êxtase de amor como um serafim do céu. Chamei-o pelo nome, e ele rápido se sacudiu e desceu ao chão todo confuso, pedindo que eu não revelasse a ninguém. Repito que poderia narrar muitos outros fatos semelhantes, para mostrar que todo bem que Dom Bosco faz, deve-o a seus filhos”.  

 

Humildade e caridade

São Francisco de Sales apresenta uma bela comparação entre “humildade” e “caridade”: “São as cordas mestras e todas as outras virtudes se prendem a elas. O importante é manter-se bem naquelas duas; uma é a mais baixa, a outra a mais alta. A conservação de todo o edifício depende do alicerce e do telhado. Concentrando-se o coração no exercício destas, quanto às restantes não há muita dificuldade. São as mães das virtudes: seguem-nas como os pintinhos seguem as suas mães galinhas” (Carta 335, à Baronesa de Chantal, Annecy, 11 de fevereiro de 1607, Obras da Edição de Annency - OEA Cartas, Tomo XIII, volume 3).

 

Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).

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