Trabalho infantojuvenil, doenças, fome, maus tratos representam só alguns dos contextos nos quais se envolvem as crianças em situação de rua, em Ruanda. “Não vão à escola, sobrevivem oferecendo sua mão de obra e dedicando-se a pequenos tráficos e comércios. Acabaram vivendo na rua devido a separações, lutos ou simplesmente à muita miséria”, testemunha o padre Daniel Antúnez, salesiano argentino, presidente das Missões Dom Bosco de Turim, Itália, acerca da triste realidade que agrupa tantos menores no país africano.
“Transportam malas pesadas, vão a buscar água, catam e vendem peças de metal, garrafas de plástico vazias, vidro... A maioria deles é desnutrida ou doente. Dormem com um olho só por medo de que alguém lhes roube as poucas – míseras – coisas que possuem. Têm medo, são maltratados, estão perenemente cansados e famintos...”, acentua o salesiano.
Os salesianos estão no país desde 1964. E há mais de 50 anos se ocupam, principalmente, de acolhimento, instrução e formação profissional, com projetos voltados exatamente aos mais jovens, às crianças e aos meninos de rua.
Em Rango, na cidade de Butare, no Sul de Ruanda, desde 1996, os missionários por meio da Paróquia São João Bosco e do Centro de Formação Profissional oferecem cursos de todo gênero: construção, alfaiataria, soldagem, marcenaria, disciplinas de hotelaria, mecânica, cozinha, cursos para cabeleireiro – uma enorme oferta formativa para ajudar a construir um futuro melhor para esses menores em situação de rua – aproximadamente sete mil, segundo a Unicef, em toda a Ruanda. Esse número teve um incremento importante com a crise econômica causada pela pandemia, pela suspensão das aulas, pelo nível de violência doméstica que cresceu nos últimos anos.
“Os meus irmãos de Rango começaram para eles o 'Don Bosco Children Ejo Heza', programa que prevê uma primeira abordagem dos menores, na rua, e a inclusão num percurso de reabilitação psicológica, educativa e social, que culmina, se possível, com a reinserção na família”.
“Ejo heza”, que na língua local significa “Amanhã será melhor”, foi iniciado no começo da pandemia, na primavera de 2020. “As crianças de rua começaram a bater à porta da nossa paróquia de Rango. Com o passa-palavra, visto que os seus colegas foram bem acolhidos, agora vêm chegando em grande número. Queremos que voltem à escola e recomecem a viver com os pais, porque têm direito a um presente de crianças serenas e a um futuro de adultos honestos”, conclui o salesiano.
Para mais informações, visite www.missionidonbosco.org