No dia 8 de dezembro de 2020, o Papa Francisco declarou para toda a Igreja o início do Ano de São José, que vai até 8 de dezembro de 2021. Decisão especial, precisamente para celebrar os 150 anos da declaração de São José, como Patrono da Igreja Católica, feita pelo beato Papa Pio IX, mediante o decreto “Quemadmodum Deus”.
Para nossa Família Salesiana, o Ano de São José toca as raízes mais belas de nossa espiritualidade, pois São João Bosco foi grande devoto e promotor de São José, pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo e esposo de Maria Santíssima.
Em 1867, Dom Bosco publicou um opúsculo de 22 capítulos sobre a Vida de São José. Na introdução, ele escrevia:
“No mesmo silêncio no qual é envolta a sua vida, encontramos algo de misterioso e de grande. S. José tinha recebido de Deus uma missão totalmente oposta àquela dos apóstolos. Esses deviam por tarefa fazer Jesus conhecido; José deveria mantê-lo escondido; esses deveriam ser tochas que o mostrassem ao mundo; aquele um véu que o cobrisse. Portanto, São José não era para si, mas para Jesus Cristo”.
Assim como Santa Teresa D’Ávila, Dom Bosco desenvolveu uma particular amizade espiritual com São José. Santa Teresa costumeiramente chamava São José como o “despenseiro do céu” e recorria ao santo em todas as suas necessidades, também naquelas materiais. Dom Bosco, igualmente, vai recorrer ao santo Patriarca em tantas necessidades do Oratório e colocá-lo como modelo para os artesãos, aprendizes e, ao fundar a Congregação Salesiana, tem São José como um dos seus Patronos.
Dom Bosco acreditava muito na intercessão de São José. Costumava dizer aos seus oratorianos:
“Desejo que todos vocês se coloquem sob a sua proteção: se vocês rezarem de coração, ele vos obterá qualquer graça, seja espiritual, seja temporal, daquelas que possais mais necessitar. Entre as práticas de piedade a este grande Patriarca, esposo de Maria, Pai adotivo e guarda de Jesus Cristo, Santa Teresa muito recomenda, como eficaz para obter a sua proteção, a dedicação a ele do mês de março, no qual ocorre a sua festa”.
Quando Dom Bosco construiu a Basílica de Maria Auxiliadora em Turim, fez questão de consagrar um dos altares laterais em honra de São José, e encomendou ao famoso pintor Lorenzone um quadro especial em sua honra. Esse altar permanece intacto, do jeito que Dom Bosco o inaugurou. Mesmo com a reforma e ampliação que ocorreu na Basílica, feita de 1934 a 1938, o altar não foi modificado.
As Memórias Biográficas narram um episódio muito tocante na noite em que o quadro foi desvelado. A Basílica estava lotada, com os salesianos e os alunos do Oratório. Quando se descerra o quadro, há um murmúrio de admiração que percorre toda a igreja. Muitos comentam sobre beleza dos traços da Sagrada Família, a delicadeza de Jesus nos braços de São José, o semblante doce de Maria... e chama a atenção de todos que o Menino Jesus passava para as mãos de São José rosas brancas e vermelhas, que ele fazia cair sobre a Basílica de Maria Auxiliadora e o Oratório de Valdocco, que aparecia como era em 1870. Dom Bosco está visivelmente emocionado. Começam então a se perguntar qual seria o significado das rosas que Jesus concede a São José fazer cair sobre o Oratório. “Certamente representam as graças que Jesus concede pela intercessão de São José”, alguém comenta. Dom Bosco então toma a palavra e diz:
“As rosas brancas e vermelhas são as graças que Deus nos concede: também as rosas vermelhas, aquelas que são acompanhadas de dores, sofrimentos e sacrifícios, vêm de Deus e são as melhores”.
Como Família Salesiana, cresçamos, com os nossos destinatários da missão, na devoção, imitando as virtudes de São José. E aproveitemos das indulgências e graças particulares, que o Papa Francisco concedeu neste ano abençoado do santo Padroeiro da Igreja Católica, São José.
Padre Sérgio Lúcio Alho da Costa, SDB (BMA), é delegado nacional para a ADMA Brasil.