Missionário vindo da Itália, irmão Cosma teve intensa atividade na equipe de salesianos que construíram estradas, pontes, mini usinas hidrelétricas e perfuraram poços na região das missões indígenas de Mato Grosso. Chegou à Inspetoria de Campo Grande, em 1962, aos 25 anos, onde trabalhou com o povo Xavante nas missões de Sangradouro e Meruri, até 1980.
Foi ele que na noite trágica de 15 de julho de 1976 levou para Barra do Garças o corpo ensanguentado do Servo de Deus padre Rodolfo Lunkenbein para os procedimentos legais e para ser embalsamado na possibilidade de ser enviado à sua pátria, a Alemanha.
Entre os Xavantes, recebeu o nome de Tsapore Abare’u, que significa ‘baixinho’, como passou a ser carinhosamente chamado. Irmão Salvatore, mestre Salvador como era conhecido por todos, foi homem dedicado ao trabalho. Bom motorista, bom mecânico, alegre e espirituoso, não media sacrifícios quando se tratava de levar doentes e necessitados ao hospital a qualquer hora do dia ou noite. Por isso, pela sua dedicação e amizade ele foi muito querido pelos indígenas nas duas missões onde trabalhou.
A partir de 1982 seu campo de trabalho foi o economato da casa inspetorial em Campo Grande, onde se dedicou às atividades da casa e ao atendimento dos irmãos que vinham para tratamento de saúde. Nesse período, ele se destacou como um excelente fotógrafo, documentando todos os grandes acontecimentos da inspetoria, inclusive as festas e rituais do povo Xavante e Bororo, com belíssimas fotografias. Foi ele quem documentou a visita de São João Paulo II na casa inspetorial em 1992.
Tinha ele grande devoção ao presépio e, enquanto esteve na casa inspetorial em Campo Grande, preparava belos presépios mecanizados, a exemplo dos que ele tinha visto em sua pátria, a Itália. Ele conhecia todos os vendedores nos mercados da cidade, tinha sempre uma palavra amiga e sabia tratar bem a cada um. Seu time favorito era o Napoli e torcia também pela Ferrari.
A partir de 2010 sua saúde começou a se deteriorar e a doença que o consumiu começou a limitar seus movimentos até que, em 2011, teve que ser mais acompanhado e tratado. Passou esses últimos oito anos sem levantar da cama e sem poder falar, comunicando-se apenas com o olhar e com as lágrimas.
Fonte: padre João Bosco Monteiro Maciel