A primeira missa cantada em Valdocco

Quarta, 18 Dezembro 2019 15:50 Escrito por  Pe. Osmar Bezutte, SDB
No volume II das Memórias Biográficas de São João Bosco, o padre João Batista Lemoyne descreve a primeira missa de Natal celebrada no Oratório de Valdocco. Leia a reprodução do trecho e, em seguida, os comentários do padre Osmar Bezutte, SDB, sobre esse marco importante da biografia de Dom Bosco.  

A PRIMEIRA MISSA CANTADA EM VALDOCCO À MEIA-NOITE DO SANTO NATAL

“A festa da Imaculada Conceição era uma preparação para o Santo Natal… Para externar, com toda a sua alma, a devoção que sentia pela Encarnação do Verbo Divino…, pediu à Santa Sé a faculdade de administrar a Santa Comunhão à meia-noite de Natal, na Capela do Oratório, durante a solene Missa cantada. Pio IX concedeu-lhe essa permissão por três anos. Anunciou aos meninos a alegre notícia, preparou e ensinou a seus cantores uma Missa simples e algumas pequenas canções que ele tinha composto em honra do Menino Jesus. Ao mesmo tempo, procurou adornar o melhor que podia a sua igrejinha. Além dos meninos, convidou também outros fiéis e começou a Novena.

Grande foi a afluência… Como não havia outros Sacerdotes, à noite dos nove dias confessava muitos que queriam comungar no dia seguinte. Pela manhã descia cedo para igreja a fim de oferecer essa comodidade aos jovens que deviam ir para o trabalho na cidade. Celebrava a Santa Missa, distribuía a Santíssima Eucaristia, pregava e… dava a bênção com o Santíssimo Sacramento.

Naquela inesquecível noite de Natal, depois de ter confessado até às 11 horas, cantou a Missa e administrou a Comunhão a várias centenas de pessoas. Ao terminar, comovido até às lágrimas, repetia: - Que consolação! Parece-me que estou no paraíso! – Depois da função, ofereceu uma pequena ceia aos meninos e os despediu para irem repousar em suas casas.

[…] Assim foram celebradas, por vários anos, a Novena e a festa do Natal, enquanto Dom Bosco não pôde dispor de outros Sacerdotes.

No entanto, essas primeiras festas de Natal se revestiram de um caráter inesquecível porque marcaram como definitiva a tomada de posse da Casa Pinardi” (Cf. MB II, pg. 485-486).

 

Assim padre Lemoyne encerra o segundo volume das Memórias Biográficas de São João Bosco. É dezembro de 1846. Dom Bosco tem 31 anos de idade e cinco de padre, está cheio de vida e entusiasmo sacerdotal.

 

Em suas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales”, ele nos conta o início de seu Oratório no dia 8 de dezembro de 1841, festa da Imaculada Conceição, com o famoso garoto Bartolomeu Garelli na igreja de São Francisco de Assis, em Turim. Essa data foi um marco na vida de Dom Bosco e por isso que ela era uma preparação também para o Santo Natal, devido a proximidade dessas duas festas.

 

Maria esteve ao lado de Dom Bosco desde o sonho dos nove anos como uma Mãe, e Mãe Poderosa, a Auxiliadora da Igreja e de cada cristão em seu caminho ao encontro do Senhor. Imaginemos então o fervor com que Dom Bosco queria que fosse celebrada a novena em preparação à festa da Imaculada. Uma semana depois desta festa já se iniciava a Novena do Natal. Os jovens do Oratório vinham num embalo de animação espiritual que desembocava na Novena do Natal, com um suceder-se de homenagens, de cantos, de práticas concretas, num clima de piedade e alegria, para celebrar a Imaculada e a Encarnação do Verbo de Deus.

 

E onde foi cantada a Missa de Natal? Na capela Pinardi. Ela “era uma sala de 15 a 16 metros de comprimento por quase 6 de largura, com mais dois cômodos pequenos atrás do altar, para a sacristia e um depósito. Sua altura? … basta dizer que, quando o arcebispo vinha presidir alguma função, ao subir para o pequeno estrado, tinha de manter a cabeça baixa, para não bater no teto com a ponta da mitra… Esta era a grande ‘Basílica’ que serviu para o culto divino durante seis anos”, graças à licença do arcebispo de, naquele humilde lugar, poder “cantar missa, fazer tríduos, novenas, exercícios espirituais, administrar a confirmação, a santa Comunhão e, também, poder cumprir-se o preceito pascal por parte de todos os que frequentassem nossa instituição”. Assim, seus meninos poderiam receber a Jesus sacramentado com frequência, apesar do rigorismo jansenista da época.

 

E por que “Missa cantada”? Naquele tempo, havia a diferença entre a missa rezada e a cantada, para diferenciar os dias comuns e os solenes, costume que vigorou até as vésperas do Concílio Vaticano II (1962-1965).

 

Dom Bosco prezava pela liturgia bem preparada tanto no cerimonial quanto na cantoria. Por isso, para a ocasião do Natal, “ensinou a seus cantores uma Missa simples e algumas pequenas canções que ele tinha composto, como também procurou adornar a sua igrejinha”. Ele era músico e compositor: ele próprio presidiu e cantou a Missa naquela noite! E deixou para nós este estímulo e exemplo no valorizar a música instrumental, o coral, o teatro encenado e cantado, a banda musical, as missas cantadas…

 

E não podia faltar, no fim da celebração natalina, a pequena ceia para seus pobres garotos. O esforço, o zelo, o empenho e a piedade merecem o prêmio. Alegria completa na mesa da fraternidade e da partilha do pão.

 

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A primeira missa cantada em Valdocco

Quarta, 18 Dezembro 2019 15:50 Escrito por  Pe. Osmar Bezutte, SDB
No volume II das Memórias Biográficas de São João Bosco, o padre João Batista Lemoyne descreve a primeira missa de Natal celebrada no Oratório de Valdocco. Leia a reprodução do trecho e, em seguida, os comentários do padre Osmar Bezutte, SDB, sobre esse marco importante da biografia de Dom Bosco.  

A PRIMEIRA MISSA CANTADA EM VALDOCCO À MEIA-NOITE DO SANTO NATAL

“A festa da Imaculada Conceição era uma preparação para o Santo Natal… Para externar, com toda a sua alma, a devoção que sentia pela Encarnação do Verbo Divino…, pediu à Santa Sé a faculdade de administrar a Santa Comunhão à meia-noite de Natal, na Capela do Oratório, durante a solene Missa cantada. Pio IX concedeu-lhe essa permissão por três anos. Anunciou aos meninos a alegre notícia, preparou e ensinou a seus cantores uma Missa simples e algumas pequenas canções que ele tinha composto em honra do Menino Jesus. Ao mesmo tempo, procurou adornar o melhor que podia a sua igrejinha. Além dos meninos, convidou também outros fiéis e começou a Novena.

Grande foi a afluência… Como não havia outros Sacerdotes, à noite dos nove dias confessava muitos que queriam comungar no dia seguinte. Pela manhã descia cedo para igreja a fim de oferecer essa comodidade aos jovens que deviam ir para o trabalho na cidade. Celebrava a Santa Missa, distribuía a Santíssima Eucaristia, pregava e… dava a bênção com o Santíssimo Sacramento.

Naquela inesquecível noite de Natal, depois de ter confessado até às 11 horas, cantou a Missa e administrou a Comunhão a várias centenas de pessoas. Ao terminar, comovido até às lágrimas, repetia: - Que consolação! Parece-me que estou no paraíso! – Depois da função, ofereceu uma pequena ceia aos meninos e os despediu para irem repousar em suas casas.

[…] Assim foram celebradas, por vários anos, a Novena e a festa do Natal, enquanto Dom Bosco não pôde dispor de outros Sacerdotes.

No entanto, essas primeiras festas de Natal se revestiram de um caráter inesquecível porque marcaram como definitiva a tomada de posse da Casa Pinardi” (Cf. MB II, pg. 485-486).

 

Assim padre Lemoyne encerra o segundo volume das Memórias Biográficas de São João Bosco. É dezembro de 1846. Dom Bosco tem 31 anos de idade e cinco de padre, está cheio de vida e entusiasmo sacerdotal.

 

Em suas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales”, ele nos conta o início de seu Oratório no dia 8 de dezembro de 1841, festa da Imaculada Conceição, com o famoso garoto Bartolomeu Garelli na igreja de São Francisco de Assis, em Turim. Essa data foi um marco na vida de Dom Bosco e por isso que ela era uma preparação também para o Santo Natal, devido a proximidade dessas duas festas.

 

Maria esteve ao lado de Dom Bosco desde o sonho dos nove anos como uma Mãe, e Mãe Poderosa, a Auxiliadora da Igreja e de cada cristão em seu caminho ao encontro do Senhor. Imaginemos então o fervor com que Dom Bosco queria que fosse celebrada a novena em preparação à festa da Imaculada. Uma semana depois desta festa já se iniciava a Novena do Natal. Os jovens do Oratório vinham num embalo de animação espiritual que desembocava na Novena do Natal, com um suceder-se de homenagens, de cantos, de práticas concretas, num clima de piedade e alegria, para celebrar a Imaculada e a Encarnação do Verbo de Deus.

 

E onde foi cantada a Missa de Natal? Na capela Pinardi. Ela “era uma sala de 15 a 16 metros de comprimento por quase 6 de largura, com mais dois cômodos pequenos atrás do altar, para a sacristia e um depósito. Sua altura? … basta dizer que, quando o arcebispo vinha presidir alguma função, ao subir para o pequeno estrado, tinha de manter a cabeça baixa, para não bater no teto com a ponta da mitra… Esta era a grande ‘Basílica’ que serviu para o culto divino durante seis anos”, graças à licença do arcebispo de, naquele humilde lugar, poder “cantar missa, fazer tríduos, novenas, exercícios espirituais, administrar a confirmação, a santa Comunhão e, também, poder cumprir-se o preceito pascal por parte de todos os que frequentassem nossa instituição”. Assim, seus meninos poderiam receber a Jesus sacramentado com frequência, apesar do rigorismo jansenista da época.

 

E por que “Missa cantada”? Naquele tempo, havia a diferença entre a missa rezada e a cantada, para diferenciar os dias comuns e os solenes, costume que vigorou até as vésperas do Concílio Vaticano II (1962-1965).

 

Dom Bosco prezava pela liturgia bem preparada tanto no cerimonial quanto na cantoria. Por isso, para a ocasião do Natal, “ensinou a seus cantores uma Missa simples e algumas pequenas canções que ele tinha composto, como também procurou adornar a sua igrejinha”. Ele era músico e compositor: ele próprio presidiu e cantou a Missa naquela noite! E deixou para nós este estímulo e exemplo no valorizar a música instrumental, o coral, o teatro encenado e cantado, a banda musical, as missas cantadas…

 

E não podia faltar, no fim da celebração natalina, a pequena ceia para seus pobres garotos. O esforço, o zelo, o empenho e a piedade merecem o prêmio. Alegria completa na mesa da fraternidade e da partilha do pão.

 

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