Às vésperas de comemorar 90 anos de vida, padre Gonzalo Ochoa completa 61 anos de ordenação sacerdotal. Simples, discreto, profundamente humano e intensamente místico, padre Ochoa é hoje referência para os salesianos, tanto na dedicação ao trabalho como missionário entre os Bororo, como na vida sacramental e exercício do ministério sacerdotal.
No dia 28 de outubro, data em que a Igreja celebrou os apóstolos São Simão e São Judas Tadeu, ele apresenta um testemunho de vida e de consagração a Deus. “A vocação sacerdotal é uma iniciativa de Deus. Ele é que vai escolhendo. Na liturgia de hoje, o Evangelho diz que Nosso Senhor, depois de ter passado a noite rezando, escolheu os 12 apóstolos, e depois os mandou pelo mundo anunciar o Evangelho. Daí para cá, ele foi providenciando para que houvesse pessoas destinadas para este fim especial de anunciar o Evangelho pelo mundo. Isso nos dá a certeza de que (a vocação) não é iniciativa da gente, mas de Deus que nos vai escolhendo”, afirmou ao descrever o sentido da própria vocação.
Na Inspetoria Missionária de Mato Grosso, desenvolvida em suas origens através do dedicado trabalho de salesianos vindos de diversos países, padre Ochoa é o único colombiano. “Eu tinha um irmão padre. Ele se ordenou no mesmo ano que eu comecei a estudar na cidade. Foi ele que me levou para um oratório na periferia da cidade de Bogotá. E aí eu conheci Dom Bosco através de um assistente salesiano muito inteligente. Nesse oratório havia muita alegria. Era internato, mas tinha também muitos que vinham brincar no fim de semana, e então eu comecei a gostar. Claro que foi meu irmão que me encaminhou para lá, mas só depois que a gente, analisando, vê como que Deus foi me chamar. Daí passei para o aspirantado e fui encaminhando a formação”, revela ao lembrar os primeiros passos da caminhada vocacional.
Em uma época de grandes tribulações, padre Ochoa se considera privilegiado por completar o 61° aniversário de ordenação sacerdotal. “É um mistério. A perseverança, assim como a vocação, é uma iniciativa de Deus. Acho que perseverança é também uma graça especial de Deus. A gente não merece porque é uma alegria, uma dignidade muito grande, então a gente não se sente merecedor de uma dignidade assim, mas a gente está nas mãos de Deus e Deus vai sustentando a gente”, afirma lembrando em oração daqueles que não perseveraram na vocação.
Grande parte do mérito da perseverança e fidelidade ao ministério sacerdotal, padre Ochoa atribui à devoção a Nossa Senhora. “Na vocação religiosa, a gente sente um carinho especial por Nossa Senhora. Quando a gente se consagra a ela, consagra a sua própria vocação, a gente vê a sua intercessão, sua proteção continuamente. Sem a devoção a Nossa Senhora (é difícil). Na história de Dom Bosco e de outros tantos milhares de padres que perseveraram, sempre teve essa presença de Nossa Senhora que sustenta”, declarou.
Consciente da importância do exemplo que transmite aos jovens sacerdotes e outros religiosos a caminho da ordenação, padre Ochoa faz uma recomendação: “saibam consagrar sua vida com humildade nas mãos de Deus e de Nossa Senhora e acreditem na sua missão. Não somos nós que temos muito valor, mas somos instrumentos de Deus na expansão do Evangelho. Se são escolhidos, que se sintam privilegiados para continuar a missão de Cristo de salvar a humanidade”, recomenda.
Padre Ochoa vive hoje na Casa São José, em Campo Grande, sede inspetorial da Missão Salesiana de Mato Grosso. Lá se mantém em grande atividade atendendo como confessor para diversas comunidades da cidade, leva os sacramentos a doentes e ainda tem tempo para escrever sobre a cultura Bororo, além de fazer a manutenção do jardim da casa.
Fonte: Missão Salesiana de Mato Grosso