Sementes de santidade salesiana na Amazônia

Quarta, 23 Outubro 2019 14:44 Escrito por  Redação Boletim Salesiano
O site do Sínodo Pan-Amazônico apresenta os testemunhos de mártires e missionários, entre os quais estão quatro representantes da Família Salesiana: padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo, padre Luís Bolla e irmã Maria Troncatti. Saiba mais sobre a história deles!  

Padre Rodolfo Lunkenbein

Em 15 de julho de 1976, no pátio da Missão Salesiana de Meruri, no Mato Grosso, foram assassinados o padre Rodolfo Lunkenbein, diretor da missão, e seu amigo Simão, indígena do povo Bororo. O motivo: defendiam a demarcação das terras indígenas, em oposição à cobiça de fazendeiros e garimpeiros.

Nascido na Alemanha em 1º de abril de 1939, Rodolfo Lunkenbein já na adolescência conheceu a espiritualidade de Dom Bosco por meio das “boas leituras” que falavam sobre os missionários e a obra salesiana pelo mundo. No começo de 1963, Rodolfo iniciou o seu primeiro período de vida missionária em Meruri. “Difundindo alegria e otimismo, enfrentou a realidade tal como a encontrou em Meruri, como assistente e professor em uma escola na qual a maior parte dos alunos era de meninos internos e externos, filhos de moradores brancos da região. Todo o mundo ficava encantado com o comportamento e a riqueza moral, a alegria e a capacidade de serviço deste jovem missionário”.

De volta à Alemanha, ele completou seus estudos no Instituto Teológico de Benediktbeuern, de 1965-1969, logo após o Concílio Vaticano II, cujos documentos influíram na sua atuação missionária entre os indígenas de Mato Grosso. Voltando a Meruri como padre, no início de 1970, encontrou uma nova realidade. “Em Meruri agora estão só os bororo que ele já conhecia e mais um grupo vindo da aldeia Pobojari, onde tinham perdido suas terras - estes ainda conservam a língua e a cultura. Todos o recebem com muito carinho, fazendo-lhe uma bela recepção cultural e aceitando-o na tribo com o nome de Koge Ekureu (Peixe Dourado)”, relatam documentos da Missão Salesiana de Mato Grosso – Inspetoria de Campo Grande.

 

Simão Bororo

Já Simão nasceu em Meruri, em 27 de outubro de 1937. Quando jovem foi trabalhar com garimpeiros brancos no Rio Garças. Voltando para Meruri foi convidado para formar parte de um grupo de bororo para acompanhar os missionários, padre Pedro Sbardellotto e irmão Jorge Wörz, na primeira residência missionária entre os xavante, na missão de Santa Terezinha, pelos anos 1957-1958. “Era o mais jovem do grupo, porém o mais consciente de sua qualidade de missionário”. Entre 1962 e 1964 participou em Meruri da construção das primeiras casas de alvenaria para as famílias bororo, tornou-se pedreiro e dedicou sua vida a este ofício.

Em 1976, padre Rodolfo Lunkenbein fez jus ao seu lema sacerdotal: “Eu vim para servir e dar a vida”: foi morto por defender a justiça em favor do povo bororo. Simão foi assassinado ao tentar defender padre Rodolfo dos agressores, respondendo ao que diz São João Bosco: “Não há maior amor do que dar a vida pelo amigo.”

No cemitério da missão de Meruri estão os túmulos de padre Rodolfo e Simão; no centro da praça há uma cruz que marca o local onde foram assassinados. Todos os anos, ali é solenemente celebrado o aniversário de martírio. Em 31 de janeiro de 2018, foi aberto o processo que visa comprovar a santidade de padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo.

 

Veja também
Assista AQUI ao vídeo sobre padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo
Presença salesiana na Amazônia
A contribuição salesiana ao Sínodo
 

Padre Luís Bolla

No dia 1° de agosto de 2019, foi oficialmente apresentado ao arcebispo de Lima (capital do Peru), dom Carlos Gustavo Castillo Mattasoglio, o pedido da Congregação Salesiana para a abertura do processo diocesano sobre as virtudes, os sinais e a fama de santidade do padre Luís Bolla: “testemunho de vida consagrada, de evangelização e de inculturação do Evangelho e do carisma salesiano, em 60 anos de vida plenamente compartilhada com os povos indígenas shuar e achuar”.

Luigi (Luís) Bolla nasceu em Schio (Itália) dia 11 de agosto de 1932, de uma família profundamente cristã. Aos 12 anos, na capela do oratório, ouviu uma voz que lhe dizia: “Serás um missionário na selva, por entre indígenas, e lhes darás a minha Palavra. Caminharás muito a pé”.

Fez os primeiros votos salesianos no dia 16 de agosto de 1949. Em 1953, com 21 anos, partiu para o Equador, onde, feitos os estudos teológicos, se ordenou de sacerdote em 28 de outubro de 1959. Aprendeu rapidamente o espanhol e a língua indígena shuar. Entretanto, o chamado de Deus era outro: queria que doasse a vida ao povo achuar. Constatando que a maioria dos achuar estava no Peru, passou em fevereiro de 1984 definitivamente àquela Inspetoria Salesiana (PER) para trabalhar no Vicariato Apostólico de Yurimaguas. Mas esperavam-no anos de solidão e isolamento, por causa das distâncias e da falta de irmãos com quem fazer comunidade. Sem perder sua identidade salesiana e sacerdotal, identificou-se com o povo achuar. E, apesar de perigos e dificuldades de todo gênero, nunca perdeu a confiança em Deus. Continuou a estudar os usos, a etnologia e a cultura do ‘seu’ povo.

A sua missão principal sempre foi a de anunciar o Evangelho. Ao mesmo tempo, trabalhou tenazmente para acompanhar o povo achuar em sua organização: encorajou a educação e zelou pela saúde e desenvolvimento deles, recebendo em troca amor e apreço sob o nome: Yánkuam Jintia, que significa “Estrela luminosa do caminho”. Morreu em Lima, capital do Peru, no dia 6 de fevereiro de 2013.

Dele escreveu o Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime: “A herança espiritual e cultural do padre Bolla é extraordinária, e o início da sua Causa de Beatificação nos permite conservá-la, aprofundá-la e transmiti-la. Além disso, a atualidade desta causa é o grande significado que assume relacionada à celebração do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia: um Sínodo que, como fez o padre Bolla, parte da escuta dos povos indígenas e das comunidades que vivem na Amazônia”.

 

Irmã Maria Troncatti

Maria Troncatti nasceu em Corteno Golgi (Brescia, na Itália) no dia 16 de fevereiro de 1883. Na família numerosa, cresceu alegre e dividindo-se entre os trabalhos do campo e o cuidado dos irmãos menores. Desde criança sentia o chamado da vocação religiosa mas, por obediência ao pai e ao pároco, esperou atingir a maioridade antes de pedir a admissão no Instituto Filhas de Maria Auxiliadora.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1915-1918), irmã Maria realizou cursos de assistência sanitária e trabalhou como enfermeira da Cruz Vermelha no hospital militar: uma experiência que seria preciosa ao longo de sua longa atividade missionária na floresta amazônica do Oriente equatoriano.

Partiu para o Equador em 1922, foi enviada como missionária entre os indígenas shuar, onde, com outras duas irmãs, iniciou um difícil trabalho de evangelização em meio a riscos de todos os gêneros, inclusive aqueles causados pelos animais da floresta e pelos rios turbulentos.

Nas regiões de Macas, Sevilla, Dom Bosco e Sucúa ainda hoje há marcas dos "milagres" da ação de Ir. Maria Troncatti: enfermeira, cirurgiã ortopedista, dentista e anestesista... mas, sobretudo, catequista e evangelizadora, rica de maravilhosos recursos de fé, de paciência e de amor fraterno.

Outro aspecto que se destaca em sua atividade entre os shuar é a promoção da mulher, que floresce em centenas de novas famílias cristãs, formadas, pela primeira vez, com a livre escolha pessoal dos jovens esposos.

Ir. Maria morreu em um trágico acidente aéreo em Sucúa, no dia 25 de agosto de 1969. Seus restos mortais repousam em Macas, na Província de Morona, no Equador. A Serva de Deus Irmã Maria Troncatti foi elevada à glória dos bem-aventurados em Macas (Equador) no dia 24 de novembro de 2013.

 

Fontes: “Rota Juvenil Salesiana” – Missão Salesiana de Mato Grosso, Agência iNfo Salesiana (ANS), Vaticano – Sínodo Especial dos Bispos e Arquivo Boletim Salesiano.

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Última modificação em Quarta, 23 Outubro 2019 15:30

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Sementes de santidade salesiana na Amazônia

Quarta, 23 Outubro 2019 14:44 Escrito por  Redação Boletim Salesiano
O site do Sínodo Pan-Amazônico apresenta os testemunhos de mártires e missionários, entre os quais estão quatro representantes da Família Salesiana: padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo, padre Luís Bolla e irmã Maria Troncatti. Saiba mais sobre a história deles!  

Padre Rodolfo Lunkenbein

Em 15 de julho de 1976, no pátio da Missão Salesiana de Meruri, no Mato Grosso, foram assassinados o padre Rodolfo Lunkenbein, diretor da missão, e seu amigo Simão, indígena do povo Bororo. O motivo: defendiam a demarcação das terras indígenas, em oposição à cobiça de fazendeiros e garimpeiros.

Nascido na Alemanha em 1º de abril de 1939, Rodolfo Lunkenbein já na adolescência conheceu a espiritualidade de Dom Bosco por meio das “boas leituras” que falavam sobre os missionários e a obra salesiana pelo mundo. No começo de 1963, Rodolfo iniciou o seu primeiro período de vida missionária em Meruri. “Difundindo alegria e otimismo, enfrentou a realidade tal como a encontrou em Meruri, como assistente e professor em uma escola na qual a maior parte dos alunos era de meninos internos e externos, filhos de moradores brancos da região. Todo o mundo ficava encantado com o comportamento e a riqueza moral, a alegria e a capacidade de serviço deste jovem missionário”.

De volta à Alemanha, ele completou seus estudos no Instituto Teológico de Benediktbeuern, de 1965-1969, logo após o Concílio Vaticano II, cujos documentos influíram na sua atuação missionária entre os indígenas de Mato Grosso. Voltando a Meruri como padre, no início de 1970, encontrou uma nova realidade. “Em Meruri agora estão só os bororo que ele já conhecia e mais um grupo vindo da aldeia Pobojari, onde tinham perdido suas terras - estes ainda conservam a língua e a cultura. Todos o recebem com muito carinho, fazendo-lhe uma bela recepção cultural e aceitando-o na tribo com o nome de Koge Ekureu (Peixe Dourado)”, relatam documentos da Missão Salesiana de Mato Grosso – Inspetoria de Campo Grande.

 

Simão Bororo

Já Simão nasceu em Meruri, em 27 de outubro de 1937. Quando jovem foi trabalhar com garimpeiros brancos no Rio Garças. Voltando para Meruri foi convidado para formar parte de um grupo de bororo para acompanhar os missionários, padre Pedro Sbardellotto e irmão Jorge Wörz, na primeira residência missionária entre os xavante, na missão de Santa Terezinha, pelos anos 1957-1958. “Era o mais jovem do grupo, porém o mais consciente de sua qualidade de missionário”. Entre 1962 e 1964 participou em Meruri da construção das primeiras casas de alvenaria para as famílias bororo, tornou-se pedreiro e dedicou sua vida a este ofício.

Em 1976, padre Rodolfo Lunkenbein fez jus ao seu lema sacerdotal: “Eu vim para servir e dar a vida”: foi morto por defender a justiça em favor do povo bororo. Simão foi assassinado ao tentar defender padre Rodolfo dos agressores, respondendo ao que diz São João Bosco: “Não há maior amor do que dar a vida pelo amigo.”

No cemitério da missão de Meruri estão os túmulos de padre Rodolfo e Simão; no centro da praça há uma cruz que marca o local onde foram assassinados. Todos os anos, ali é solenemente celebrado o aniversário de martírio. Em 31 de janeiro de 2018, foi aberto o processo que visa comprovar a santidade de padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo.

 

Veja também
Assista AQUI ao vídeo sobre padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo
Presença salesiana na Amazônia
A contribuição salesiana ao Sínodo
 

Padre Luís Bolla

No dia 1° de agosto de 2019, foi oficialmente apresentado ao arcebispo de Lima (capital do Peru), dom Carlos Gustavo Castillo Mattasoglio, o pedido da Congregação Salesiana para a abertura do processo diocesano sobre as virtudes, os sinais e a fama de santidade do padre Luís Bolla: “testemunho de vida consagrada, de evangelização e de inculturação do Evangelho e do carisma salesiano, em 60 anos de vida plenamente compartilhada com os povos indígenas shuar e achuar”.

Luigi (Luís) Bolla nasceu em Schio (Itália) dia 11 de agosto de 1932, de uma família profundamente cristã. Aos 12 anos, na capela do oratório, ouviu uma voz que lhe dizia: “Serás um missionário na selva, por entre indígenas, e lhes darás a minha Palavra. Caminharás muito a pé”.

Fez os primeiros votos salesianos no dia 16 de agosto de 1949. Em 1953, com 21 anos, partiu para o Equador, onde, feitos os estudos teológicos, se ordenou de sacerdote em 28 de outubro de 1959. Aprendeu rapidamente o espanhol e a língua indígena shuar. Entretanto, o chamado de Deus era outro: queria que doasse a vida ao povo achuar. Constatando que a maioria dos achuar estava no Peru, passou em fevereiro de 1984 definitivamente àquela Inspetoria Salesiana (PER) para trabalhar no Vicariato Apostólico de Yurimaguas. Mas esperavam-no anos de solidão e isolamento, por causa das distâncias e da falta de irmãos com quem fazer comunidade. Sem perder sua identidade salesiana e sacerdotal, identificou-se com o povo achuar. E, apesar de perigos e dificuldades de todo gênero, nunca perdeu a confiança em Deus. Continuou a estudar os usos, a etnologia e a cultura do ‘seu’ povo.

A sua missão principal sempre foi a de anunciar o Evangelho. Ao mesmo tempo, trabalhou tenazmente para acompanhar o povo achuar em sua organização: encorajou a educação e zelou pela saúde e desenvolvimento deles, recebendo em troca amor e apreço sob o nome: Yánkuam Jintia, que significa “Estrela luminosa do caminho”. Morreu em Lima, capital do Peru, no dia 6 de fevereiro de 2013.

Dele escreveu o Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime: “A herança espiritual e cultural do padre Bolla é extraordinária, e o início da sua Causa de Beatificação nos permite conservá-la, aprofundá-la e transmiti-la. Além disso, a atualidade desta causa é o grande significado que assume relacionada à celebração do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia: um Sínodo que, como fez o padre Bolla, parte da escuta dos povos indígenas e das comunidades que vivem na Amazônia”.

 

Irmã Maria Troncatti

Maria Troncatti nasceu em Corteno Golgi (Brescia, na Itália) no dia 16 de fevereiro de 1883. Na família numerosa, cresceu alegre e dividindo-se entre os trabalhos do campo e o cuidado dos irmãos menores. Desde criança sentia o chamado da vocação religiosa mas, por obediência ao pai e ao pároco, esperou atingir a maioridade antes de pedir a admissão no Instituto Filhas de Maria Auxiliadora.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1915-1918), irmã Maria realizou cursos de assistência sanitária e trabalhou como enfermeira da Cruz Vermelha no hospital militar: uma experiência que seria preciosa ao longo de sua longa atividade missionária na floresta amazônica do Oriente equatoriano.

Partiu para o Equador em 1922, foi enviada como missionária entre os indígenas shuar, onde, com outras duas irmãs, iniciou um difícil trabalho de evangelização em meio a riscos de todos os gêneros, inclusive aqueles causados pelos animais da floresta e pelos rios turbulentos.

Nas regiões de Macas, Sevilla, Dom Bosco e Sucúa ainda hoje há marcas dos "milagres" da ação de Ir. Maria Troncatti: enfermeira, cirurgiã ortopedista, dentista e anestesista... mas, sobretudo, catequista e evangelizadora, rica de maravilhosos recursos de fé, de paciência e de amor fraterno.

Outro aspecto que se destaca em sua atividade entre os shuar é a promoção da mulher, que floresce em centenas de novas famílias cristãs, formadas, pela primeira vez, com a livre escolha pessoal dos jovens esposos.

Ir. Maria morreu em um trágico acidente aéreo em Sucúa, no dia 25 de agosto de 1969. Seus restos mortais repousam em Macas, na Província de Morona, no Equador. A Serva de Deus Irmã Maria Troncatti foi elevada à glória dos bem-aventurados em Macas (Equador) no dia 24 de novembro de 2013.

 

Fontes: “Rota Juvenil Salesiana” – Missão Salesiana de Mato Grosso, Agência iNfo Salesiana (ANS), Vaticano – Sínodo Especial dos Bispos e Arquivo Boletim Salesiano.

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Última modificação em Quarta, 23 Outubro 2019 15:30

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