A contribuição salesiana ao Sínodo

Quinta, 10 Outubro 2019 18:57 Escrito por  Redação Boletim Salesiano com informações: Agência Info Salesiana
A contribuição salesiana ao Sínodo Encontro Pan-Amazônico Salesiano, um dos eventos preparatórios para o Sínodo Arquivo Inspetoria São Domingos Sávio
Entre os participantes do Sínodo para a Amazônia há uma presença expressiva tanto dos Salesianos de Dom Bosco quanto das Filhas de Maria Auxiliadora. A Família Salesiana também promoveu eventos preparatórios e levantou temáticas que devem ser abordadas na assembleia sinodal, como o espaço para as juventudes na Igreja Amazônica.  

O Sínodo para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco nos dias 6 a 27 de outubro, tem uma forte participação dos Salesianos de Dom Bosco e das Filhas de Maria Auxiliadora. São 17 bispos, padres e religiosas presentes no Sínodo, entre bispos eleitos em suas respectivas conferências episcopais, nomeações diretas do Papa, membros do Conselho Pré-sinodal, colaboradores da Secretaria Especial do Sínodo, editores e auditores.

O padre Martín Lasarte, do Dicastério para as Missões Salesianas e um dos participantes do Sínodo, afirma que a Família Salesiana pode contribuir muito nas reflexões da assembleia sinodal, especialmente no que se refere a “uma resposta renovada à juventude amazônica”.

 

Preparação para o Sínodo

A Família Salesiana vem se preparando desde a convocação do Sínodo, em outubro de 2017, e realizou várias ações, entre elas uma pesquisa sobre a realidade da presença salesiana atualmente na Pan-Amazônia. Em novembro de 2018, foi realizado em Manaus, AM, o “Encontro Salesiano Pan-Amazônico”. No ano passado ocorreu em Roma, na Itália, o seminário internacional “Testemunhos de santidade com os povos amazônicos” e por fim, em março de 2019, outro seminário internacional com o tema “Novos caminhos para uma Igreja com o rosto amazônico”.

O resultado dessas reflexões foi reunido na publicação “Amazônia Salesiana: O Sínodo nos interpela - Contribuições dos Salesianos de Dom Bosco para o Sínodo e para uma renovada presença entre a juventude amazônica”, que tem o padre Lasarte e o padre Damásio Medeiros como organizadores. É a partir deste material que padre Lasarte destaca: “Há três elementos que apareceram em questionários, debates e estudos, e que, na minha opinião, não foram suficientemente abordados na mídia ou nos documentos e debates preparatórios do Sínodo”.

 

Os jovens e a migração

O primeiro, considera ele, é o tema dos jovens amazônicos. “Não chegamos a questionar: Quem são eles? Para onde vão? Como vivem o fenômeno da globalização, da urbanização e da interculturalidade? Como se preparam para entrar e interagir neste mundo tão complexo e conflitante?” É, portanto, um tema urgente de reflexão e que está muito relacionado à Família Salesiana, que tem forte atuação junto com as juventudes da floresta, das áreas rurais e dos grandes centros urbanos.

Em segundo lugar está o tema "Cidades e migração da Amazônia". A população mundial já é mais urbana do que rural, e na Amazônia também se expressa esse fenômeno da migração – especialmente de jovens - da floresta e do campo para as cidades. Padre Lasarte afirma que “A maioria da população juvenil é urbana. Devemos estar atentos em não marginalizar ou colocar em segundo plano essa realidade interpeladora”.

 

Uma Igreja com rosto amazônico

“Outra constatação é a dificuldade, nesses últimos cinquenta anos, de formar uma Igreja com o rosto amazônico. Em muitos contextos, existe um grande compromisso diaconal-ministerial por parte da Igreja em diversos âmbitos: direitos humanos, demarcação de terras, valorização das culturas. O que nem sempre é acompanhado por uma preocupação com as outras dimensões fundamentais da pastoral: o anúncio, a catequese, a liturgia”, avalia padre Lasarte.

Esse aspecto das vocações religiosas e sacerdotais deverá ser aprofundado no Sínodo, não restrita à polêmica da ordenação de pessoas casadas, mas em uma reflexão mais ampla sobre como a Igreja pode e deve fomentar vocações. “O tema das vocações, tanto específicas para a vida religiosa ou para o presbiterado, é precioso para o contexto da nova evangelização na Pan-Amazônia”, considera o padre João Mendonça, SDB, que acompanha os encontros de formação dos salesianos. “A presença da vida religiosa e de padres é urgente e necessária, como também de lideranças de cristãos leigos e leigas conscientes da missão evangelizadora. Espero que o Sínodo dedique um bom espaço para discernir esta questão”, reforça ele.

 

Unidade na diversidade

“A nossa Congregação tem uma história de mais de um século com os povos indígenas da Amazônia, tanto no Brasil como nos demais países. Portanto, tem uma experiência riquíssima a apresentar e, também, uma reflexão sistematizada através de várias universidades e publicações autônomas”, considera o bispo da Diocese de Cruzeiro do Sul, AC, o salesiano dom Flávio Giovenale, que também participa do Sínodo.

Ele exemplifica a ação salesiana, ressaltando que foi a primeira congregação a ordenar padres indígenas e que tem forte trabalho nos campos da educação, da saúde, da evangelização e da própria infraestrutura social

Para dom Flávio, um dos grandes desafios colocados para os padres sinodais é enxergar a amplitude territorial da região Pan-Amazônica e, também, a singularidade dos povos presentes nessa região. Dom Flávio já trabalhou em várias “Amazônias”, desde a das grandes cidades como Belém, PA, e Manaus, AM, até as realidades também diferentes umas das outras nas dioceses de Santarém (Amazônia central), Abaetetuba (Amazônia oriental) e agora Cruzeiro do Sul (Amazônia ocidental).

“Se pensarmos depois na Amazônia da região andina e dos demais países vemos quão grande é o desafio do Sínodo. Mas há características comuns como a enorme escassez de ministros ordenados; como a necessidade de diálogo entre as culturas; como a busca de um desenvolvimento socioeconômico para TODOS e não só para alguns; como a dinâmica da evangelização e da formação adaptada à realidade; como a busca de perspectivas para a juventude da Amazônia...”, afirma o bispo salesiano. Para ele, o critério deve ser o da “unidade na diversidade, superando a tentação da uniformidade. O mesmo conceito, o mesmo sentimento, os mesmos valores podem ser vividos e manifestados de diferentes formas, sem quebrar a unidade”.

 

 

Salesianos e salesianas no Sínodo

Veja quem são os Salesianos de Dom Bosco e as Filhas de Maria Auxiliadora que participam do Sínodo.

 

  • Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, SDB, bispo auxiliar de Manaus (Brasil)
  • Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB, bispo auxiliar de Belém do Pará (Brasil)
  • Dom Flavio Giovenale, SDB, bispo de Cruzeiro do Sul (Brasil)
  • Dom Néstor Vidal Montes de Oca Becerra, SDB, vigário apostólico de Méndez (Equador)
  • Dom Augusto Martín Quijano Rodríguez, SDB, vigário apostólico de Pucallpa (Peru)
  • Dom Pablo Modesto González Pérez, SDB, bispo de Guasdualito (Venezuela)
  • Dom Jonny Eduardo Reyes Sequera, SDB, vigário apostólico de Puerto Ayacucho (Venezuela)

 

Nomeações do Papa

  • Dom Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, SDB, arcebispo de Tegucigalpa (Honduras)
  • Dom Gaetano Galbusera, SDB, ex-vigário apostólico de Pucallpa (Peru)
  • Padre Martín Lasarte Topolanski, SDB, do Dicastério para as Missões Salesianas
  • Padre Rossano Sala, SDB, docente de Pastoral Juvenil da Pontifícia Universidade Salesiana (Itália)

 

Membros do Conselho Pré-sinodal

  • Dom José Ángel Divassón Cilveti, SDB, ex-vigário apostólico de Puerto Ayacucho (Venezuela)
  • Dom Edmundo Ponciano Valenzuela Mellid, SDB, arcebispo de Assunção (Paraguai)

 

Colaboradores da Secretaria Especial

  • Padre Giovanni Bottasso, SDB, ex-docente da Universidade Salesiana de Quito. Pesquisador especializado na Amazônia e povos originais (Equador)
  • Padre Justino Sarmento Rezende, SDB, especialista em espiritualidade pastoral indígena e inculturada (Brasil)

 

Editores e auditores

  • Irmã María Carmelita de Lima Conceição, FMA, superiora da Inspetoria Laura Vicuña de Manaus (Brasil)
  • Irmã Mariluce dos Santos Mesquita, FMA, religiosa da etnia Bará (Brasil)

 

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A contribuição salesiana ao Sínodo

Quinta, 10 Outubro 2019 18:57 Escrito por  Redação Boletim Salesiano com informações: Agência Info Salesiana
A contribuição salesiana ao Sínodo Encontro Pan-Amazônico Salesiano, um dos eventos preparatórios para o Sínodo Arquivo Inspetoria São Domingos Sávio
Entre os participantes do Sínodo para a Amazônia há uma presença expressiva tanto dos Salesianos de Dom Bosco quanto das Filhas de Maria Auxiliadora. A Família Salesiana também promoveu eventos preparatórios e levantou temáticas que devem ser abordadas na assembleia sinodal, como o espaço para as juventudes na Igreja Amazônica.  

O Sínodo para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco nos dias 6 a 27 de outubro, tem uma forte participação dos Salesianos de Dom Bosco e das Filhas de Maria Auxiliadora. São 17 bispos, padres e religiosas presentes no Sínodo, entre bispos eleitos em suas respectivas conferências episcopais, nomeações diretas do Papa, membros do Conselho Pré-sinodal, colaboradores da Secretaria Especial do Sínodo, editores e auditores.

O padre Martín Lasarte, do Dicastério para as Missões Salesianas e um dos participantes do Sínodo, afirma que a Família Salesiana pode contribuir muito nas reflexões da assembleia sinodal, especialmente no que se refere a “uma resposta renovada à juventude amazônica”.

 

Preparação para o Sínodo

A Família Salesiana vem se preparando desde a convocação do Sínodo, em outubro de 2017, e realizou várias ações, entre elas uma pesquisa sobre a realidade da presença salesiana atualmente na Pan-Amazônia. Em novembro de 2018, foi realizado em Manaus, AM, o “Encontro Salesiano Pan-Amazônico”. No ano passado ocorreu em Roma, na Itália, o seminário internacional “Testemunhos de santidade com os povos amazônicos” e por fim, em março de 2019, outro seminário internacional com o tema “Novos caminhos para uma Igreja com o rosto amazônico”.

O resultado dessas reflexões foi reunido na publicação “Amazônia Salesiana: O Sínodo nos interpela - Contribuições dos Salesianos de Dom Bosco para o Sínodo e para uma renovada presença entre a juventude amazônica”, que tem o padre Lasarte e o padre Damásio Medeiros como organizadores. É a partir deste material que padre Lasarte destaca: “Há três elementos que apareceram em questionários, debates e estudos, e que, na minha opinião, não foram suficientemente abordados na mídia ou nos documentos e debates preparatórios do Sínodo”.

 

Os jovens e a migração

O primeiro, considera ele, é o tema dos jovens amazônicos. “Não chegamos a questionar: Quem são eles? Para onde vão? Como vivem o fenômeno da globalização, da urbanização e da interculturalidade? Como se preparam para entrar e interagir neste mundo tão complexo e conflitante?” É, portanto, um tema urgente de reflexão e que está muito relacionado à Família Salesiana, que tem forte atuação junto com as juventudes da floresta, das áreas rurais e dos grandes centros urbanos.

Em segundo lugar está o tema "Cidades e migração da Amazônia". A população mundial já é mais urbana do que rural, e na Amazônia também se expressa esse fenômeno da migração – especialmente de jovens - da floresta e do campo para as cidades. Padre Lasarte afirma que “A maioria da população juvenil é urbana. Devemos estar atentos em não marginalizar ou colocar em segundo plano essa realidade interpeladora”.

 

Uma Igreja com rosto amazônico

“Outra constatação é a dificuldade, nesses últimos cinquenta anos, de formar uma Igreja com o rosto amazônico. Em muitos contextos, existe um grande compromisso diaconal-ministerial por parte da Igreja em diversos âmbitos: direitos humanos, demarcação de terras, valorização das culturas. O que nem sempre é acompanhado por uma preocupação com as outras dimensões fundamentais da pastoral: o anúncio, a catequese, a liturgia”, avalia padre Lasarte.

Esse aspecto das vocações religiosas e sacerdotais deverá ser aprofundado no Sínodo, não restrita à polêmica da ordenação de pessoas casadas, mas em uma reflexão mais ampla sobre como a Igreja pode e deve fomentar vocações. “O tema das vocações, tanto específicas para a vida religiosa ou para o presbiterado, é precioso para o contexto da nova evangelização na Pan-Amazônia”, considera o padre João Mendonça, SDB, que acompanha os encontros de formação dos salesianos. “A presença da vida religiosa e de padres é urgente e necessária, como também de lideranças de cristãos leigos e leigas conscientes da missão evangelizadora. Espero que o Sínodo dedique um bom espaço para discernir esta questão”, reforça ele.

 

Unidade na diversidade

“A nossa Congregação tem uma história de mais de um século com os povos indígenas da Amazônia, tanto no Brasil como nos demais países. Portanto, tem uma experiência riquíssima a apresentar e, também, uma reflexão sistematizada através de várias universidades e publicações autônomas”, considera o bispo da Diocese de Cruzeiro do Sul, AC, o salesiano dom Flávio Giovenale, que também participa do Sínodo.

Ele exemplifica a ação salesiana, ressaltando que foi a primeira congregação a ordenar padres indígenas e que tem forte trabalho nos campos da educação, da saúde, da evangelização e da própria infraestrutura social

Para dom Flávio, um dos grandes desafios colocados para os padres sinodais é enxergar a amplitude territorial da região Pan-Amazônica e, também, a singularidade dos povos presentes nessa região. Dom Flávio já trabalhou em várias “Amazônias”, desde a das grandes cidades como Belém, PA, e Manaus, AM, até as realidades também diferentes umas das outras nas dioceses de Santarém (Amazônia central), Abaetetuba (Amazônia oriental) e agora Cruzeiro do Sul (Amazônia ocidental).

“Se pensarmos depois na Amazônia da região andina e dos demais países vemos quão grande é o desafio do Sínodo. Mas há características comuns como a enorme escassez de ministros ordenados; como a necessidade de diálogo entre as culturas; como a busca de um desenvolvimento socioeconômico para TODOS e não só para alguns; como a dinâmica da evangelização e da formação adaptada à realidade; como a busca de perspectivas para a juventude da Amazônia...”, afirma o bispo salesiano. Para ele, o critério deve ser o da “unidade na diversidade, superando a tentação da uniformidade. O mesmo conceito, o mesmo sentimento, os mesmos valores podem ser vividos e manifestados de diferentes formas, sem quebrar a unidade”.

 

 

Salesianos e salesianas no Sínodo

Veja quem são os Salesianos de Dom Bosco e as Filhas de Maria Auxiliadora que participam do Sínodo.

 

  • Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, SDB, bispo auxiliar de Manaus (Brasil)
  • Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB, bispo auxiliar de Belém do Pará (Brasil)
  • Dom Flavio Giovenale, SDB, bispo de Cruzeiro do Sul (Brasil)
  • Dom Néstor Vidal Montes de Oca Becerra, SDB, vigário apostólico de Méndez (Equador)
  • Dom Augusto Martín Quijano Rodríguez, SDB, vigário apostólico de Pucallpa (Peru)
  • Dom Pablo Modesto González Pérez, SDB, bispo de Guasdualito (Venezuela)
  • Dom Jonny Eduardo Reyes Sequera, SDB, vigário apostólico de Puerto Ayacucho (Venezuela)

 

Nomeações do Papa

  • Dom Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, SDB, arcebispo de Tegucigalpa (Honduras)
  • Dom Gaetano Galbusera, SDB, ex-vigário apostólico de Pucallpa (Peru)
  • Padre Martín Lasarte Topolanski, SDB, do Dicastério para as Missões Salesianas
  • Padre Rossano Sala, SDB, docente de Pastoral Juvenil da Pontifícia Universidade Salesiana (Itália)

 

Membros do Conselho Pré-sinodal

  • Dom José Ángel Divassón Cilveti, SDB, ex-vigário apostólico de Puerto Ayacucho (Venezuela)
  • Dom Edmundo Ponciano Valenzuela Mellid, SDB, arcebispo de Assunção (Paraguai)

 

Colaboradores da Secretaria Especial

  • Padre Giovanni Bottasso, SDB, ex-docente da Universidade Salesiana de Quito. Pesquisador especializado na Amazônia e povos originais (Equador)
  • Padre Justino Sarmento Rezende, SDB, especialista em espiritualidade pastoral indígena e inculturada (Brasil)

 

Editores e auditores

  • Irmã María Carmelita de Lima Conceição, FMA, superiora da Inspetoria Laura Vicuña de Manaus (Brasil)
  • Irmã Mariluce dos Santos Mesquita, FMA, religiosa da etnia Bará (Brasil)

 

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