Educomunicar para a expressão e a arte

Sexta, 21 Março 2025 14:06 Escrito por  Ir. Marcia Koffermann, FMA
Educomunicar para a expressão e a arte iStock.com
Acima de tudo, a arte é uma forma de comunicação e expressão que só o ser humano tem a capacidade de compreender.

 

No início deste ano, o Brasil alegrou-se com a indicação do filme brasileiro “Ainda estou aqui” em três categorias do Oscar: melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz. A indicação chama a atenção da sociedade para a importância da arte cinematográfica brasileira que, num momento de forte crise democrática que parece atingir o mundo todo, traz a reflexão sobre o período da ditadura de uma forma sensível, leve, dramática e estética.

Sem dúvida é um filme que merece ser visto e discutido. E uma das discussões que podem ser trazidas é justamente sobre o valor e o lugar da arte nos processos educativos. Numa sociedade em que o conhecimento racional é priorizado em ordem de importância, muitas vezes a dimensão artística é vista como secundária ou irrelevante.

 

Alegria e esperança

No entanto, a arte é uma dimensão muito abrangente e fundamental para o desenvolvimento humano. Sem arte o mundo se torna árido, feio, rígido. É a arte que permite o desenvolvimento da sensibilidade, do senso de beleza e, sem dúvida, traz consigo a alegria, a esperança e o encantamento diante do mundo. Acima de tudo, a arte é uma forma de comunicação e expressão que só o ser humano tem a capacidade de compreender.

Dessa forma, uma das mais importantes áreas de intervenção educomunicativas é a expressão comunicativa por meio da Arte, entendida como o conjunto de práticas voltadas para a reflexão, expressão e produção educomunicativas que favorecem o desenvolvimento da capacidade de percepção da beleza e a vivência de experiências estéticas, críticas e transformadoras. Nesse aspecto, é uma dimensão humana profundamente ligada ao sensível e ao emocional que permite a criação, expressão e vivências que dão sentido ao mundo no qual nos inserimos.

 

Dom Bosco e as artes

Ao longo de sua prática educativa, Dom Bosco sempre incentivou os jovens a dedicarem-se às artes. A música, o canto, o teatro, a poesia sempre foram muito apreciadas no Oratório, tanto pelo fato de que são importantes para a autoexpressão e comunicação dos jovens, como por serem um importante instrumento pedagógico, que favorece a compreensão da realidade, educa para a beleza e a estética, permite a reflexão crítica e aproxima as pessoas do bom e do belo. Assim também Madre Mazzarello sempre priorizou a expressão e a arte no trabalho com as meninas, o que acontecia por meio de uma série de iniciativas semelhantes às de Dom Bosco.

Especialmente nas escolas de hoje, percebemos uma grande aflição das comunidades educativas em busca dos melhores resultados, principalmente nas áreas do conhecimento consideradas “fundamentais”, como as ciências exatas e a redação. A busca pela excelência educativa é boa e necessária para o mundo atual, porém, não podemos “atrofiar” o desenvolvimento humano das novas gerações. Precisamos sempre favorecer o desenvolvimento das múltiplas habilidades. e a expressão comunicativa por meio das artes é um desses aspectos que não podem ser esquecidos.

 

Artes e visão de mundo

Por exemplo, a música é algo que está muito presente nas culturas juvenis. Mas que tipo de música os jovens escutam? Qual é a qualidade estética? O que dizem as suas letras? Qual é a visão de sociedade, de ser humano, de homem e de mulher que essas músicas transmitem? A juventude está sempre muito atenta aos filmes e séries, mas qual é a leitura que fazem de seus conteúdos? O que estão aprendendo a apreciar? Que valores essas artes carregam consigo e que a juventude se apropria?

E se formos além, que conteúdos artísticos os jovens estão produzindo? São expressão de uma abertura e de uma crítica diante do mundo ou são expressão de superficialidade, consumismo e egocentrismo? As tecnologias digitais permitem uma infinidade de expressões artísticas extremamente acessíveis aos jovens, mas como isso tudo está sendo utilizado ou não para a expressão do bom, do justo e do belo?

A arte é, ainda, uma forma fantástica para nos aproximarmos de Deus. A sensibilidade às coisas criadas nos remete, sem dúvida, ao Criador de tudo. Portanto, que os ambientes educativos salesianos possam ser espaços onde os jovens tenham grande acesso e se sintam motivados a expressarem-se por meio das diferentes formas de arte. Acompanhar os jovens nesse processo faz parte da arte de educar.

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Educomunicar para a expressão e a arte

Sexta, 21 Março 2025 14:06 Escrito por  Ir. Marcia Koffermann, FMA
Educomunicar para a expressão e a arte iStock.com
Acima de tudo, a arte é uma forma de comunicação e expressão que só o ser humano tem a capacidade de compreender.

 

No início deste ano, o Brasil alegrou-se com a indicação do filme brasileiro “Ainda estou aqui” em três categorias do Oscar: melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz. A indicação chama a atenção da sociedade para a importância da arte cinematográfica brasileira que, num momento de forte crise democrática que parece atingir o mundo todo, traz a reflexão sobre o período da ditadura de uma forma sensível, leve, dramática e estética.

Sem dúvida é um filme que merece ser visto e discutido. E uma das discussões que podem ser trazidas é justamente sobre o valor e o lugar da arte nos processos educativos. Numa sociedade em que o conhecimento racional é priorizado em ordem de importância, muitas vezes a dimensão artística é vista como secundária ou irrelevante.

 

Alegria e esperança

No entanto, a arte é uma dimensão muito abrangente e fundamental para o desenvolvimento humano. Sem arte o mundo se torna árido, feio, rígido. É a arte que permite o desenvolvimento da sensibilidade, do senso de beleza e, sem dúvida, traz consigo a alegria, a esperança e o encantamento diante do mundo. Acima de tudo, a arte é uma forma de comunicação e expressão que só o ser humano tem a capacidade de compreender.

Dessa forma, uma das mais importantes áreas de intervenção educomunicativas é a expressão comunicativa por meio da Arte, entendida como o conjunto de práticas voltadas para a reflexão, expressão e produção educomunicativas que favorecem o desenvolvimento da capacidade de percepção da beleza e a vivência de experiências estéticas, críticas e transformadoras. Nesse aspecto, é uma dimensão humana profundamente ligada ao sensível e ao emocional que permite a criação, expressão e vivências que dão sentido ao mundo no qual nos inserimos.

 

Dom Bosco e as artes

Ao longo de sua prática educativa, Dom Bosco sempre incentivou os jovens a dedicarem-se às artes. A música, o canto, o teatro, a poesia sempre foram muito apreciadas no Oratório, tanto pelo fato de que são importantes para a autoexpressão e comunicação dos jovens, como por serem um importante instrumento pedagógico, que favorece a compreensão da realidade, educa para a beleza e a estética, permite a reflexão crítica e aproxima as pessoas do bom e do belo. Assim também Madre Mazzarello sempre priorizou a expressão e a arte no trabalho com as meninas, o que acontecia por meio de uma série de iniciativas semelhantes às de Dom Bosco.

Especialmente nas escolas de hoje, percebemos uma grande aflição das comunidades educativas em busca dos melhores resultados, principalmente nas áreas do conhecimento consideradas “fundamentais”, como as ciências exatas e a redação. A busca pela excelência educativa é boa e necessária para o mundo atual, porém, não podemos “atrofiar” o desenvolvimento humano das novas gerações. Precisamos sempre favorecer o desenvolvimento das múltiplas habilidades. e a expressão comunicativa por meio das artes é um desses aspectos que não podem ser esquecidos.

 

Artes e visão de mundo

Por exemplo, a música é algo que está muito presente nas culturas juvenis. Mas que tipo de música os jovens escutam? Qual é a qualidade estética? O que dizem as suas letras? Qual é a visão de sociedade, de ser humano, de homem e de mulher que essas músicas transmitem? A juventude está sempre muito atenta aos filmes e séries, mas qual é a leitura que fazem de seus conteúdos? O que estão aprendendo a apreciar? Que valores essas artes carregam consigo e que a juventude se apropria?

E se formos além, que conteúdos artísticos os jovens estão produzindo? São expressão de uma abertura e de uma crítica diante do mundo ou são expressão de superficialidade, consumismo e egocentrismo? As tecnologias digitais permitem uma infinidade de expressões artísticas extremamente acessíveis aos jovens, mas como isso tudo está sendo utilizado ou não para a expressão do bom, do justo e do belo?

A arte é, ainda, uma forma fantástica para nos aproximarmos de Deus. A sensibilidade às coisas criadas nos remete, sem dúvida, ao Criador de tudo. Portanto, que os ambientes educativos salesianos possam ser espaços onde os jovens tenham grande acesso e se sintam motivados a expressarem-se por meio das diferentes formas de arte. Acompanhar os jovens nesse processo faz parte da arte de educar.

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