A formatura dos estudantes do terceiro ano do Ensino Médio em 2021 está comprometida pelas restrições sanitárias impostas em todo o país, devido a Covid-19. Festas, viagens, bailes e outros eventos típicos da celebração da etapa estudantil concluída não poderão ser realizados. O que poderia ser um sentimento de frustração e decepção foi transformado pelos alunos do Colégio Bionatus de Campo Grande, MS.
A iniciativa partiu do jovem Antônio Felício, 17 anos, que descreveu a situação, dele e dos colegas de sala, como ainda privilegiada. “Nosso período de ensino médio foi marcado pela pandemia. Não teremos viagem de formatura, talvez nem baile de formatura. Essa má sorte, porém, atingiu a todos: 129 milhões de brasileiros passaram por insegurança alimentar conforme mostrou a organização “Food for Justice”. Nessa perspectiva, não temos que reclamar, nossa situação é bem melhor que a de tantos milhões”, afirmou o estudante.
A constatação e sensibilização sobre o problema vieram ao receber, pelas redes sociais, uma reportagem em que foi relatada a situação de fome sofrida por indígenas da etnia xavante, no Estado de Mato Grosso. “Conversei a respeito com alguns colegas e decidimos fazer alguma coisa para ajudar os mais necessitados. A providência ao nosso alcance seria uma distribuição de cestas básicas para ajudar os mais desprovidos. Definimos como nosso primeiro objetivo a obtenção, juntos aos nossos colegas de 3º ano e suas famílias, de 100 cestas básicas para doar aos indígenas da tribo Xavante na região de São Marcos, MT”, relatou o jovem.
A coleta durou uma semana, movimentou toda a escola e até professores e familiares dos alunos. Ao todo foram arrecadadas 92 cestas básicas que serão distribuídas pelos missionários salesianos aos índios xavante de São Marcos.
A entrega simbólica das cestas à Missão Salesiana de Mato Grosso ocorreu no dia 6 de agosto, representada pelo delegado inspetorial para Ação Missionária, padre Wagner Galvão.
“É muito bom saber que os jovens, mesmo não estudando em escolas católicas, conseguem se sensibilizar com aqueles que são os pobres mais pobres dos nossos dias, que são os indígenas. É um sinal de que Deus atua de maneira especial para socorrer os seus filhos”, declarou o salesiano.
Os alunos também avaliaram como positiva a experiência de trocar as atividades de formatura por um gesto de solidariedade.
“Sempre é um desafio quebrar aquela barreira social de conversar com as pessoas com quem a gente nunca tinha conversado, com a família para convencer todo mundo a participar, por isso, foi uma experiência muito legal que agregou muito no lado pessoal para cada um de nós”, afirmou Gustavo Esgaib, aluno do 3° ano.
Da mesma sala do Antônio e do Gustavo, a Maria Eduarda Okidoi gostou muito de esquecer um pouco a pressão diária pelo vestibular e participar da mobilização. “Quando nós tínhamos formatura, todo mundo se reunia no pátio, fazia doações para a festa. Então nós resolvemos ceder essas ações que seriam vendas de doces e outras coisas que seriam para a nossa festa, para a gente fazer esse projeto. Foi bem legal ter uma visão diferente de mundo, sair do nosso mundinho. Estou muito feliz”, revelou a jovem.
No recesso das aulas durante o mês de julho, Antônio esteve na aldeia de São Marcos, acompanhado pelo pai, conversou com as lideranças indígenas e com os missionários salesianos que lá trabalham, especialmente o padre José Marcos de Oliveira, pároco da comunidade. “Foi uma experiência muito marcante para mim porque quando você vê na TV, você não tem ideia de como é na realidade. Então, ir lá, conhecer as aldeias, falar com os índios, ver o trabalho que a Missão Salesiana faz lá, que é um trabalho muito bonito, é algo que, com certeza, eu nunca vou esquecer, pelo resto da minha vida”, reconheceu o estudante.
Fonte: Euclides Fernandes Brites - Missão Salesiana de Mato Grosso