Ao avaliarmos o ano que está por terminar, o pêndulo da balança tende forçosamente para o lado dos eventos positivos. As tristezas e os desafios são iluminados pelo clima de Natal, que os reveste de um colorido por vezes mágico, transformando-os em esperançosas oportunidades para o novo ano.
Agradecer não significa eliminar as dores e os sofrimentos gerados pelos fracassos e decepções, fatalmente ocorridos em nossa existência.
Agradecer significa reconhecer nossa contingência humana e reforçar nosso sentimento de reciprocidade. Portanto, agradecer é um grande gesto de humildade e de valorização dos outros – principalmente em relação a Deus, nosso Pai e Criador.
A saudade nasce, por sua vez, da lembrança de situações que nos fazem crescer e nos desenvolver. Semelhante ao sentimento de gratidão, a saudade brota no coração e na mente das pessoas que conseguem enxergar, também nas dificuldades, a oportunidade para ser feliz. Sentimos saudades de momentos felizes. Contudo, as saudades mais pungentes nascem, muitas vezes, de momentos desafiadores e de grandes lutas. A alegria da vitória, após empenho e sacrifício, é nostalgicamente lembrada por toda a vida e de forma prazerosa.
O tempo do Advento, que estamos por iniciar, oferece uma condimento especial para esses dois sentimentos autenticamente humanos.
A liturgia cristã celebrada neste período de Advento qualifica nossa gratidão e nossas saudades.
Preparar os caminhos do Senhor pode significar uma corajosa tomada de posição diante de nossos erros e acertos.
A presença do menino Deus oferece para a humanidade e para cada um de nós momentos de reflexão, compromisso, gratidão e, principalmente, renovadas esperanças.
Ao procurar entre os elementos materiais, encontramos a luz como a melhor maneira para explicar esse clima carregado de bons augúrios.
A missão da luz não é ser percebida, mas possibilitar que as coisas sejam vistas na sua mais autêntica realidade.