Ainda há boas notícias! Os novos missionários SDB e FMA

Quarta, 07 Novembro 2018 17:14 Escrito por 
"Somos chamados a testemunhar a presença de Deus no mundo. Com o inconfundível estilo salesiano: começando por baixo, pelos pequenos", é o que afirma o Reitor-mor dos Salesianos, padre Ángel Fernández Artime, em sua mensagem aos leitores do Boletim Salesiano.   

Queridos amigos do Boletim Salesiano,

Estou escrevendo poucas horas depois de ter entregado a Cruz Missionária ao grupo de 10 Filhas de Maria Auxiliadora e 25 Salesianos de Dom Bosco desta 149ª expedição missionária, a partir da primeira preparada por Dom Bosco a 11 de novembro de 1875. Naquela ocasião eram 10 os primeiros salesianos enviados para a Argentina, seis jovens sacerdotes e quatro salesianos coadjutores. Àqueles primeiros seguiram-se 11 mil salesianos e FMA, que partiram da Europa para o mundo.

 

É uma realidade maravilhosa que me leva a dizer que ainda há boas notícias para conhecer e divulgar.

 

Ao entregar o crucifixo, vi nos olhos desses jovens homens e mulheres uma luz em comum, o reflexo das palavras pronunciadas por um deles: “Sinto que estou vivendo o versículo do Salmo 105 que diz: O Senhor chamou Moisés e Aarão, os homens do seu coração. O que vivo é um chamado, não uma escolha”. A sua atitude serena e decidida nos fez reviver de algum modo o nosso chamado pessoal.

 

Um chamado que não visa apenas os salesianos e as salesianas consagrados, mas todos os membros da Família Salesiana, porque, de uma forma ou de outra, todos nós fomos chamados a ser discípulos missionários dos jovens e dos mais necessitados em toda a parte do nosso belo, amado e sofrido mundo. Os cristãos na realidade não têm uma missão; eles são a missão. Todos os cristãos são chamados a viver o mistério da encarnação, isto é, a viver no corpo físico e no corpo moral da comunidade a presença de Deus.

 

Estão em missão por conta de Jesus e quem os recebe dá hospitalidade a Deus: “Em verdade, em verdade vos digo: quem receber aquele que Eu enviar é a mim que recebe, e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou” (Evangelho de João 13,16-20).

 

Nos escritos de São Francisco, há uma história encantadora. Um dia, ao sair do convento, Francisco encontra frei Leone. Era um frade simples e bom e São Francisco queria-lhe muito bem. Ao encontrá-lo, disse-lhe: “Frei Leone, anda, vamos pregar”.

 

“Meu pai”, respondeu, “sabes que tenho pouca instrução. Como poderia eu falar às pessoas?”.

 

Mas dado que São Francisco insistia, frei Leone consentiu. Caminharam por toda a cidade, rezando em silêncio por todos os que trabalhavam nas oficinas e nos quintais. Sorriram para as crianças, sobretudo para as mais pobres. Trocaram algumas palavras com os mais idosos. Acariciaram os doentes. Ajudaram uma mulher a levar um pesado recipiente de água.

 

Depois de ter atravessado por várias vezes toda a cidade, São Francisco disse: “Frei Leone, está na hora de voltar para o convento”.

 

“E a nossa pregação?”.

“Já a fizemos… Já a fizemos”, respondeu a sorrir o santo.

 

A melhor pregação é sempre a que se faz em carne e osso. Jesus compara os cristãos ao sal: “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens” (Evangelho de Mateus 5,13).

 

São Paulo compara-os a um perfume: “Sede o bom perfume de Cristo”. Quem usa um perfume não precisa dizer a toda a gente: o perfume falará por ele.

 

O Papa Francisco escreveu: “Gosto de ver a santidade no povo de Deus paciente: nos pais que criam com tanto amor os seus filhos, nos homens e nas mulheres que trabalham para ganhar o pão para casa, nos doentes, nas religiosas idosas que continuam a sorrir. Nesta perseverança de avançar dia após dia na santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade ‘da porta ao lado’, daqueles que moram perto de nós e são um reflexo da presença de Deus”.

 

Missionários tenazes e corajosos dos pequenos

 

Da Casa-Santuário da nossa Mãe Auxiliadora partiram, como já disse, muitos missionários para os quatro cantos do mundo: 149 vezes no período de 143 anos.

 

Depois da primeira Expedição Missionária de 1875, Dom Bosco enviou outra em 1876, com as primeiras Filhas de Maria Auxiliadora, acompanhadas pela bênção materna de Madre Mazzarello. Eram seis jovens irmãs entre os 17 e os 25 anos. No tempo de Dom Bosco sucederam-se as expedições de 1878, 1881, 1883, 1885, 1886, 1887 e 1888. À morte do nosso amado Dom Bosco, eram 149 os salesianos enviados em missão e 50 as Filhas de Maria Auxiliadora, presentes na Argentina Uruguai, Brasil, Chile e Equador. 

 

São a corajosa vanguarda da nossa Família. Não foram enviados para “trabalhar”, “trabalhar”, “trabalhar”, mas para levar um espírito, para prolongar o abraço de Dom Bosco, a terna humanidade de Madre Mazzarello e a audácia de quem vive a paixão do Evangelho.

 

O que eu disse aos novos missionários quero dizê-lo a todos vocês: “Esperamos que a caridade pastoral seja o verdadeiro centro do vosso ser e agir; que o Cristo do Evangelho, amado e seguido por Dom Bosco e pelos nossos santos, esteja de fato na nascente da vossa pessoa; que vivais com humildade e intensidade um filial sentido de Igreja, a predileção pelos jovens, e o carinho típico do Sistema Preventivo, em espírito de família, com operosidade incansável e com temperança. Sempre unidos a Deus, sede otimistas e alegres, criativos e flexíveis, e nunca, nunca, esqueçais que nos espera o abraço do Pai no Céu onde chegaremos não sós, mas acompanhados dos muitos pelos quais dermos a nossa vida”.

 

Somos chamados a testemunhar a presença de Deus no mundo. Com um inconfundível estilo salesiano: começando por baixo, pelos pequenos.

 

O professor Fernando Silva, que dirige o hospital pediátrico de Manágua, na Nicarágua, contou uma tocante experiência. Numa véspera de Natal ficou trabalhando até tarde. Já se ouviam os estalidos e os clarões dos fogos de artifício iluminavam o céu, quando Fernando decidiu regressar a sua casa, onde o esperavam para a festa.

 

Ao dar a última volta pelos corredores para ver se tudo estava em ordem, ouviu de repente um leve ruído de passos atrás de si. Passinhos muito suaves. Voltou-se, e viu um dos pequenos pacientes que o seguia.

Na penumbra, reconheceu-o, era um menino que não tinha ninguém.

Fernando reconheceu aquele rosto já marcado pela morte e os olhos que pediam desculpa, ou talvez que pediam licença.

Fernando aproximou-se dele e o menino acariciou-o com a mão: “Diz-lhe…”, sussurrou. “Diz a alguém que eu estou aqui”.

 

Numa mostra fotográfica sobre os garotos da rua em Lima, no Peru, no rodapé de uma foto estava escrito: “Sabem que existo, mas não me veem”. Sou um problema social, uma estatística, mas não me veem.

 

Somos Salesianos se, onde nos encontramos, escutamos a voz dos esquecidos, dos invisíveis. Somos chamados a ser os missionários tenazes e corajosos dos pequenos e dos últimos. Somos chamados a nos ajoelharmos para lavar os pés dos outros, como fez o nosso Mestre e Senhor. Só quem se abaixa pode escutar, e sobretudo escutar os pequenos. Eles têm uma palavra a dizer e uma vida a compartilhar.

 

Caríssimos, vocês encontrarão por toda a parte muitíssimas pessoas de boa vontade, algumas que nem sequer têm as mesmas ideias que nós, têm outra visão do mundo e vivem e praticam outras religiões, mas que são boas e fazem o bem, admiram a beleza e procuram a verdade. Porém, também encontrarão muitos sofrimentos causados pelas injustiças, pelas desigualdades e pela violência, muitas vezes por parte daquelas que têm mais poder, seja político, seja social, seja econômico.

 

Mas vocês devem permanecer sempre ao lado do povo mais pobre, mais ameaçado, mais necessitado. A este propósito quero recordar uma das “lembranças” que o próprio Dom Bosco quis entregar aos missionários da primeira expedição, há 143 anos, à partida do vapor “Savoia”: “Cuidai dos doentes, das crianças, dos idosos e dos pobres, e tereis a bênção de Deus e a benevolência dos homens”, e num bilhete ao padre Cagliero: “Fazei o que puderdes: Deus fará aquilo que nós não pudermos fazer. Confiai tudo a Jesus Sacramentado e a Maria Auxiliadora, e vereis o que são milagres”.

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Última modificação em Terça, 13 Novembro 2018 09:10

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Ainda há boas notícias! Os novos missionários SDB e FMA

Quarta, 07 Novembro 2018 17:14 Escrito por 
"Somos chamados a testemunhar a presença de Deus no mundo. Com o inconfundível estilo salesiano: começando por baixo, pelos pequenos", é o que afirma o Reitor-mor dos Salesianos, padre Ángel Fernández Artime, em sua mensagem aos leitores do Boletim Salesiano.   

Queridos amigos do Boletim Salesiano,

Estou escrevendo poucas horas depois de ter entregado a Cruz Missionária ao grupo de 10 Filhas de Maria Auxiliadora e 25 Salesianos de Dom Bosco desta 149ª expedição missionária, a partir da primeira preparada por Dom Bosco a 11 de novembro de 1875. Naquela ocasião eram 10 os primeiros salesianos enviados para a Argentina, seis jovens sacerdotes e quatro salesianos coadjutores. Àqueles primeiros seguiram-se 11 mil salesianos e FMA, que partiram da Europa para o mundo.

 

É uma realidade maravilhosa que me leva a dizer que ainda há boas notícias para conhecer e divulgar.

 

Ao entregar o crucifixo, vi nos olhos desses jovens homens e mulheres uma luz em comum, o reflexo das palavras pronunciadas por um deles: “Sinto que estou vivendo o versículo do Salmo 105 que diz: O Senhor chamou Moisés e Aarão, os homens do seu coração. O que vivo é um chamado, não uma escolha”. A sua atitude serena e decidida nos fez reviver de algum modo o nosso chamado pessoal.

 

Um chamado que não visa apenas os salesianos e as salesianas consagrados, mas todos os membros da Família Salesiana, porque, de uma forma ou de outra, todos nós fomos chamados a ser discípulos missionários dos jovens e dos mais necessitados em toda a parte do nosso belo, amado e sofrido mundo. Os cristãos na realidade não têm uma missão; eles são a missão. Todos os cristãos são chamados a viver o mistério da encarnação, isto é, a viver no corpo físico e no corpo moral da comunidade a presença de Deus.

 

Estão em missão por conta de Jesus e quem os recebe dá hospitalidade a Deus: “Em verdade, em verdade vos digo: quem receber aquele que Eu enviar é a mim que recebe, e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou” (Evangelho de João 13,16-20).

 

Nos escritos de São Francisco, há uma história encantadora. Um dia, ao sair do convento, Francisco encontra frei Leone. Era um frade simples e bom e São Francisco queria-lhe muito bem. Ao encontrá-lo, disse-lhe: “Frei Leone, anda, vamos pregar”.

 

“Meu pai”, respondeu, “sabes que tenho pouca instrução. Como poderia eu falar às pessoas?”.

 

Mas dado que São Francisco insistia, frei Leone consentiu. Caminharam por toda a cidade, rezando em silêncio por todos os que trabalhavam nas oficinas e nos quintais. Sorriram para as crianças, sobretudo para as mais pobres. Trocaram algumas palavras com os mais idosos. Acariciaram os doentes. Ajudaram uma mulher a levar um pesado recipiente de água.

 

Depois de ter atravessado por várias vezes toda a cidade, São Francisco disse: “Frei Leone, está na hora de voltar para o convento”.

 

“E a nossa pregação?”.

“Já a fizemos… Já a fizemos”, respondeu a sorrir o santo.

 

A melhor pregação é sempre a que se faz em carne e osso. Jesus compara os cristãos ao sal: “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens” (Evangelho de Mateus 5,13).

 

São Paulo compara-os a um perfume: “Sede o bom perfume de Cristo”. Quem usa um perfume não precisa dizer a toda a gente: o perfume falará por ele.

 

O Papa Francisco escreveu: “Gosto de ver a santidade no povo de Deus paciente: nos pais que criam com tanto amor os seus filhos, nos homens e nas mulheres que trabalham para ganhar o pão para casa, nos doentes, nas religiosas idosas que continuam a sorrir. Nesta perseverança de avançar dia após dia na santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade ‘da porta ao lado’, daqueles que moram perto de nós e são um reflexo da presença de Deus”.

 

Missionários tenazes e corajosos dos pequenos

 

Da Casa-Santuário da nossa Mãe Auxiliadora partiram, como já disse, muitos missionários para os quatro cantos do mundo: 149 vezes no período de 143 anos.

 

Depois da primeira Expedição Missionária de 1875, Dom Bosco enviou outra em 1876, com as primeiras Filhas de Maria Auxiliadora, acompanhadas pela bênção materna de Madre Mazzarello. Eram seis jovens irmãs entre os 17 e os 25 anos. No tempo de Dom Bosco sucederam-se as expedições de 1878, 1881, 1883, 1885, 1886, 1887 e 1888. À morte do nosso amado Dom Bosco, eram 149 os salesianos enviados em missão e 50 as Filhas de Maria Auxiliadora, presentes na Argentina Uruguai, Brasil, Chile e Equador. 

 

São a corajosa vanguarda da nossa Família. Não foram enviados para “trabalhar”, “trabalhar”, “trabalhar”, mas para levar um espírito, para prolongar o abraço de Dom Bosco, a terna humanidade de Madre Mazzarello e a audácia de quem vive a paixão do Evangelho.

 

O que eu disse aos novos missionários quero dizê-lo a todos vocês: “Esperamos que a caridade pastoral seja o verdadeiro centro do vosso ser e agir; que o Cristo do Evangelho, amado e seguido por Dom Bosco e pelos nossos santos, esteja de fato na nascente da vossa pessoa; que vivais com humildade e intensidade um filial sentido de Igreja, a predileção pelos jovens, e o carinho típico do Sistema Preventivo, em espírito de família, com operosidade incansável e com temperança. Sempre unidos a Deus, sede otimistas e alegres, criativos e flexíveis, e nunca, nunca, esqueçais que nos espera o abraço do Pai no Céu onde chegaremos não sós, mas acompanhados dos muitos pelos quais dermos a nossa vida”.

 

Somos chamados a testemunhar a presença de Deus no mundo. Com um inconfundível estilo salesiano: começando por baixo, pelos pequenos.

 

O professor Fernando Silva, que dirige o hospital pediátrico de Manágua, na Nicarágua, contou uma tocante experiência. Numa véspera de Natal ficou trabalhando até tarde. Já se ouviam os estalidos e os clarões dos fogos de artifício iluminavam o céu, quando Fernando decidiu regressar a sua casa, onde o esperavam para a festa.

 

Ao dar a última volta pelos corredores para ver se tudo estava em ordem, ouviu de repente um leve ruído de passos atrás de si. Passinhos muito suaves. Voltou-se, e viu um dos pequenos pacientes que o seguia.

Na penumbra, reconheceu-o, era um menino que não tinha ninguém.

Fernando reconheceu aquele rosto já marcado pela morte e os olhos que pediam desculpa, ou talvez que pediam licença.

Fernando aproximou-se dele e o menino acariciou-o com a mão: “Diz-lhe…”, sussurrou. “Diz a alguém que eu estou aqui”.

 

Numa mostra fotográfica sobre os garotos da rua em Lima, no Peru, no rodapé de uma foto estava escrito: “Sabem que existo, mas não me veem”. Sou um problema social, uma estatística, mas não me veem.

 

Somos Salesianos se, onde nos encontramos, escutamos a voz dos esquecidos, dos invisíveis. Somos chamados a ser os missionários tenazes e corajosos dos pequenos e dos últimos. Somos chamados a nos ajoelharmos para lavar os pés dos outros, como fez o nosso Mestre e Senhor. Só quem se abaixa pode escutar, e sobretudo escutar os pequenos. Eles têm uma palavra a dizer e uma vida a compartilhar.

 

Caríssimos, vocês encontrarão por toda a parte muitíssimas pessoas de boa vontade, algumas que nem sequer têm as mesmas ideias que nós, têm outra visão do mundo e vivem e praticam outras religiões, mas que são boas e fazem o bem, admiram a beleza e procuram a verdade. Porém, também encontrarão muitos sofrimentos causados pelas injustiças, pelas desigualdades e pela violência, muitas vezes por parte daquelas que têm mais poder, seja político, seja social, seja econômico.

 

Mas vocês devem permanecer sempre ao lado do povo mais pobre, mais ameaçado, mais necessitado. A este propósito quero recordar uma das “lembranças” que o próprio Dom Bosco quis entregar aos missionários da primeira expedição, há 143 anos, à partida do vapor “Savoia”: “Cuidai dos doentes, das crianças, dos idosos e dos pobres, e tereis a bênção de Deus e a benevolência dos homens”, e num bilhete ao padre Cagliero: “Fazei o que puderdes: Deus fará aquilo que nós não pudermos fazer. Confiai tudo a Jesus Sacramentado e a Maria Auxiliadora, e vereis o que são milagres”.

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