Santo Padre, em primeiro lugar, receba a minha profunda e sincera gratidão pelo dom que oferece à Igreja por meio deste Sínodo. Sem dúvida, um tempo de Graça e Presença do Espírito Santo.
Começo dizendo que imaginei o tema do Sínodo como uma pirâmide. Na base, estão TODOS OS JOVENS. No meio do caminho, os jovens a caminho da Fé; e no ápice, os jovens em discernimento vocacional, aonde certamente chegam muito menos jovens.
Permitam-me contar-lhes o que aconteceu comigo antes de ontem. Saindo daqui, à tarde, dois jovens de 26 ou 28 anos me perguntaram, em espanhol. "Com licença, poderia nos dizer por que há pessoas que saem daqui vestidas com faixas coloridas e uns acessórios na cabeça...?”
Imediatamente entendi que eles sabiam pouco ou nada sobre a Igreja e seus pastores. Senti que eles não sabiam o que era um bispo. Então expliquei a eles o que estávamos fazendo aqui. Disse-lhes que o Papa convocou muitas pessoas para pensar sobre os jovens e que os jovens também estavam participando.
Eles me perguntaram se poderiam ver o Papa, porque teriam ficado felizes em conhecê-lo. E porque eles o consideram um "homem bom com todos".
Eu também notei que eles tinham alianças em seus dedos. Perguntei-lhes se estavam noivos ou casados. Eles me disseram que eram casados e tinham um menino de três anos. Perguntei qual era o nome do filho e o rosto deles se iluminou. "Chama-se Julian". Manifestei-lhes meus melhores votos e cumprimentei esses amigos colombianos.
E, no meu coração, a convicção ressoou forte: estes também são os nossos jovens! TODOS OS JOVENS SÃO OS NOSSOS JOVENS. Não há jovens “de dentro” e jovens “de fora”.
Acho que devemos transmitir isso ao mundo: que a Igreja e seus pastores vejam todos os jovens do mundo como seus JOVENS, NOSSOS JOVENS, porque ninguém deve sentir-se excluído. Eles devem sentir que os acolhemos, independentemente de sua situação e de sua históris de vida.
Uma segunda coisa: visitando as presenças salesianas no mundo, vi muitas igrejas em dioceses lotadas, porque foram ocupadas por JOVENS IMIGRANTES E SUAS FAMÍLIAS.
Pude notar esta situação em Vancouver, Toronto e Montreal, na Califórnia, na Nova Zelândia, em Melbourne e, sem ir muito longe, na minha Espanha natal (com milhares e milhares de irmãos latino-americanos) e na Itália (com milhares de filipinos em Roma e Turim).
E repito a mesma coisa: estes são os nossos jovens, com suas famílias, que também trazem ar fresco de Fé às nossas Igrejas, justo quando a rejeição, o medo, a intolerância e a xenofobia crescem em nossas nações.
E é por isso que penso que falar sobre os jovens como Igreja SIGNIFICA PRONUNCIAR UMA PALAVRA FORTE, DECIDIDA e CORAJOSA EM SEU FAVOR, EM TODAS AS NAÇÕES DE NOSSAS IGREJAS LOCAIS, assim como o Papa Francisco faz por toda a Igreja. Porque esses jovens imigrantes são ainda mais frágeis que todos os outros. Vamos ousar?
Por fim, nossos jovens deveriam ouvir-nos dizer que LHES QUEREMOS BEM E QUE QUEREMOS PERCORRER UM CAMINHO DE VIDA E FÉ JUNTO COM ELES. Nossos jovens precisam sentir a nossa presença AFETIVA e EFETIVA em meio a eles. Eles devem sentir que não queremos governá-los, nem ditar como devem viver, mas que queremos compartilhar com eles o melhor que temos: Jesus Cristo, o Senhor. Eles devem sentir que estamos aqui para eles e, se nos permitirem, para compartilhar de sua felicidade, esperanças, alegrias, dores, lágrimas, confusão ou busca de sentido, vocação, presente e futuro.
Eles devem sentir que ESTAMOS SUSSURRANDO DEUS. Talvez não cheguemos a uma ortodoxia extraordinária, mas eles sentirão, através da nossa pequena mediação, que Jesus OS AMA E SEMPRE OS ACOLHE. Então, tudo valerá a pena.