No dia 27 de dezembro, como tradicionalmente ocorre desde os tempos de Dom Bosco, o reitor-mor dos Salesianos, padre Ángel Fernández Artime, entregou à superiora das Filhas de Maria Auxiliadora, madre Yvonne Reungoat, a Estreia 2015. A Estreia é um tema norteador para o trabalho e para as reflexões da Família Salesiana, durante todo o ano. Para 2015, ano em que é celebrado o Bicentenário de nascimento do Pai e Mestre da Juventude, o tema escolhido é: “Como Dom Bosco, com os jovens, para os jovens”.
Ao apresentar a Estreia 2015, padre Fernández Artime ressaltou a importância de sua tradição, que ele qualificou como “uma bela herança espiritual”. Ele relembrou que Dom Bosco costumava escrever bilhetes com conselhos a seus alunos do Oratório, além de entregar no final do ano uma “estreia” a todos os seus jovens e uma mensagem pessoal a cada um: “A primeira, geral, costumava ser a indicação de alguns modos de proceder e alguns aspectos a ter presentes para a o bom andamento do ano que estava para começar. E em quase todos os anos, Dom Bosco continuou a oferecer essas estreias”, afirma.
Desde aquele tempo, a Estreia tornou-se uma palavra de unidade para toda a Família Salesiana, algo que a fortalece como família carismática. “Por isso, em cada Estreia, sublinhamos este aspecto da comunhão que é prioritário em nossa Família. À medida que uma mesma estreia pode ajudar as programações pastorais dos diversos ramos e grupos, é bem-vinda, mas a sua finalidade não é esta, o escopo não é chegar a ser um programa de pastoral por ano, mas uma mensagem criadora de unidade e comunhão para toda a Família Salesiana, em um objetivo comum”, destaca o reitor-mor.
Como Dom Bosco
Para padre Ángel, isso reflete a riqueza de vivenciar o carisma salesiano de acordo com o que é mais típico em cada grupo da Família Salesiana. Cada ramo, à sua maneira, dedica-se à juventude, para que todo jovem possa encontrar a plenitude como ser humano e consiga tornar-se “bom cristão e honesto cidadão”, como queria Dom Bosco. E é “como Dom Bosco”, com o mesmo entusiasmo do fundador, que devem agir nesse sentido os que trazem para os dias atuais esse carisma.
“Esta é a chave do nosso ser, viver e atuar o carisma salesiano. Se chegarmos a sentir visceralmente, no mais profundo de cada um/a de nós esse mesmo fogo, essa paixão educativa que levava Dom Bosco a encontrar-se face a face com todo jovem, acreditando nele, acreditando que em cada um deles há sempre uma semente de bondade e do Reino, para ajudá-los a dar o melhor de si mesmos e aproximá-los do encontro com o Senhor Jesus, estaremos certamente concretizando em nossa vida o melhor do carisma salesiano, segundo as nossas modalidades e possibilidades”, enfatiza padre Ángel.
Com os jovens, para os jovens
“Dizemos ‘com os jovens’, irmãos e irmãs da nossa Família Salesiana, porque o ponto de partida do nosso fazer carne e sangue (ENCARNAR) o carisma salesiano é o do ‘estar com os jovens’, estar com eles e entre eles, encontrá-los na nossa vida cotidiana, conhecer o seu mundo e amá-lo, estimulando-os a serem protagonistas da própria vida, despertar o seu sentido de Deus, animá-los a viver com metas elevadas, a viver a vida como o Senhor Jesus a viveu”, conclama o reitor-mor.
Ele explica que estar “com os jovens” também significa deixar que a vocação salesiana de uma predileção pastoral pelos jovens se manifeste com toda a força como busca pelo bem desses jovens, ou seja, como algo ao qual cada membro da Família Salesiana deve se dedicar integralmente, com todas as forças.
Ao discorrer sobre o significado de agir “pelos jovens”, frase final da Estreia, padre Ángel Fernández retoma o que diz o papa Francisco sobre a necessidade de que a Igreja vá às periferias, em socorro dos que estão distantes, à margem da sociedade, carentes de tudo. Para ele, este é um chamado tipicamente salesiano, que faz parte do cerne da missão deixada por Dom Bosco e Madre Mazzarello: “O que foi o Valdocco de Dom Bosco se não uma periferia da grande cidade? O que foi Mornese se não uma periferia rural?”, questiona o reitor-mor, para em seguida afirmar: “É necessário examinar-nos sobre o nosso viver com os jovens e por eles, especialmente pelos últimos..., mas não é preciso procurar para onde orientar-nos, a nossa ‘estrela polar na navegação’, porque nos últimos, nos mais pobres, naqueles que mais precisam de nós, está o elemento mais característico do nosso DNA como carisma salesiano”.
Confiados a Maria
Padre Juan Edmundo Vecchi, quando era reitor-mor dos Salesianos, escreveu que “Os jovens pobres foram, e o são ainda, um dom para os salesianos”. Com base nessa afirmação, padre Ángel Fernández considera que estar no meio dos jovens, “com eles e para eles”, ajuda a viver verdadeiramente o Evangelho naquilo que é o mais típico do carisma salesiano. São os jovens, especialmente os mais carentes, que podem nos ajudar a sair da inércia e ouvir efetivamente aquilo que o Espírito nos pede.
O reitor-mor destaca ainda a importância do tema da Estreia no ano em que se celebra o Bicentenário de nascimento de Dom Bosco. Um ano de festa, mas não para que a Família Salesiana fique centrada em si mesma, e sim para que reforce a incidência e a efetividade do carisma salesiano.
Ele conclui a reflexão sobre a Estreia retomando as palavras do santo Papa João Paulo II na carta Juvenum Patris, em que este convida a ter sempre diante de nós Maria Santíssima. A carta, contextualmente, foi dirigida aos SDB, mas padre Ángel Fernández reforça que pode hoje ser oportuna para toda a Família Salesiana: “A Ela vos confio e, juntamente convosco, confio todo o mundo dos jovens, a fim de que eles, por Ela atraídos, animados e guiados, possam conseguir, com a mediação da vossa obra educativa, a estatura de homens novos para um mundo novo: o mundo de Cristo, Mestre e Senhor”.