A ideia é incentivar a convivência pacífica entre todas as diferentes ideologias religiosas e doutrinais, evitando a intolerância religiosa. Isso porque as questões religiosas sempre foram motivo para as piores guerras e conflitos que a humanidade já presenciou.
Assim, nesta mesma data, o Brasil comemora o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, como um reforço ao objetivo proposto pelo Dia Mundial da Religião. O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é instituído pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007.
A data rememora o dia do falecimento da Iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum (BA), vítima de intolerância por ser praticante de religião de matriz africana. A sacerdotisa foi acusada de charlatanismo, sua casa atacada e pessoas da comunidade foram agredidas. Ela faleceu no dia 21 de janeiro de 2000, vítima de infarto.
Com relação à prática de intolerância religiosa no país, apenas em 2016 a Ouvidoria da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) recebeu cerca de 64 denúncias. Em 2015, foram 61 casos. Em 2014, 24 registros. No ano 2013, 49 ocorrências. E em 2012, foram 27.
O bispo da diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Francisco Biasin, defende que para alcançar uma convivência mais fraterna entre as religiões é necessário antes de tudo desvincular o conhecimento de um outro caminho de fé de qualquer influência ideológica e política.
Para ele, um caminho de fé pressupõe uma sincera busca de Deus ou do Transcendente que nasce da consciência do ser humano e a partir daí o leva a construir relacionamentos com a natureza e com os outros seres humanos que harmonizem com tal busca.
A esse respeito, dom Biasin lembra que o papa Francisco, em homilia proferida na capela da Casa Santa Marta no dia 17 de janeiro afirmou: “A Palavra de Deus, a graça do Espírito Santo não é ideologia, é vida, faz crescer sempre, avançar, e também abrir o coração aos sinais do Espírito, aos sinais dos tempos”. Em outra ocasião, reforçou o bispo, o papa afirmou: “Não pode ser chamada religião a que justifica a eliminação e a morte de outros seres humanos”.
Pontos de convergência
Dom Biasin destaca que é necessário conhecer a religião do outro e colher aqueles pontos de convergência com o nosso caminho de fé que nos permita dialogar e, quando é possível, trabalhar juntos para construir a paz, para defender as pessoas de qualquer forma de injustiça, para o respeito e o cuidado com a casa comum.
No caso específico do Brasil, o bispo defende que é importante que os cristãos, de maneira especial os católicos, se revistem de uma atitude de profunda humildade. Segundo ele, é fácil que se instaure no coração dos católicos uma atitude de superioridade hegemônica e que assumam um olhar altivo de quem se sente dono da verdade e “tolera” os outros.
O religioso afirma que para o cristão é pouco demais “tolerar”, pois Jesus nos manda “amar”, inclusive os inimigos: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam”(Lc 6,27). Dom Biasin reforça que os fiéis de outras Igrejas são irmãos e irmãs no Senhor e os membros de outras religiões são companheiros de caminhada na estrada da vida e da história humana: “somos chamados a respeitar, acolher, dialogar, numa palavra a assumir para com eles a atitude que tudo resume, enaltece e enobrece, a Amar!”
Fonte: CNBB