O arcebispo confirmou que o evento está programado de 23 a 28 de julho, sendo que a chegada do Papa está marcada para o dia 22. "Onde tem a visita do Santo Padre tem muitas manifestações. Nesses momentos, as pessoas aproveitam para reivindicar tantas coisas. A gente sabe que há gastos, por exemplo, mas não podemos nos fechar a investimentos. Todo grande evento exige gastos necessários para que tudo corra bem. As coisas vão acontecer normalmente e não há nenhum tipo de conversa e possibilidade de se fazer diferente e mudar a data. Isso não está cogitado."
Segundo Dom Orani, que completou 63 anos dia 23, mesma data que marcou a contagem regressiva de um mês para o evento, os preparativos estão na reta final. "Eu creio que o maior desafio é o tempo. Temos de acabar de montar os palcos em Copacabana e Guaratiba, terminar de distribuir os hóspedes pelas várias regiões da Arquidiocese, fazer a distribuição dos kits dos voluntários e peregrinos e nós queremos garantir que todos sejam muito bem acolhidos nas rodoviárias e aeroportos."
Rio: cidade-sede
Dom Orani garante que a cidade tem a cara do Brasil e que o sistema de hospedagem em casas de família vai fazer com que as pessoas percam o medo do próximo. "Quando o Brasil foi escolhido para sediar a Jornada, eu tinha certa obrigação de colocar o Rio à disposição, porque é um lugar de grandes eventos, a cara do Brasil. As famílias que se abrem para acolher os jovens vão se abrir a outras realidades e vencer muitos obstáculos de ter medo do outro, como acontece nas grandes cidades."
Desafios de Guaratiba
O escolha do bairro de Guaratiba como palco para a Vigília (dia 27) e a Missa de Envio (dia 28) com o Papa, foi um pedido do arcebispo. Segundo ele, era uma forma de atrair os olhos do poder público para a Zona Oeste.
"Despertar a atenção para uma área mais carente já é um grande passo. É claro, que em pouco tempo, não se consegue resolver todos os problemas que existem há dezenas de anos. Muitos terrenos ali são mais baixos do que a maré e há um problema de enchentes. Mas queremos que olhem também para a comunidade da Varginha e fazer com que o desenvolvimento e o progresso cheguem a todos."
Conectado
Especialista em comunicação, o arcebispo do Rio, conectado ao Twitter, Facebook, WhatsApp e torpedos, diz que a rede o ajuda a chegar às pessoas.
"Eu uso as mídias sociais muito menos do que eu gostaria. É preciso tempo para entrar, postar, responder. Enquanto os outros meios de comunicação chegam a todo mundo, as mídias sociais chegam de pessoa a pessoa e depois você interage. O mundo de hoje está nessa linha de dialogar por meio das mídias sociais e chamar as pessoas a olhar situações que não se veem em outras mídias. Eu creio que a evangelização também passa por aí, tirando dúvidas e iluminando a sua angústia ou necessidade existencial."
"Isso tudo está dentro da Jornada"
Sobre as manifestações que ganharam destaque na última semana e continuam levando milhares de jovens às ruas, o arcebispo revelou que a Jornada está bem sintonizada com as reivindicações. Ele citou trechos da oração e do hino oficiais do evento que lembram o direito dos jovens reivindicarem melhorias.
"A oração da Jornada, feita há dois anos, fala que "impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, os jovens sejam protagonistas de um mundo novo". Isso que os jovens saíram às ruas pacificamente, cantando o Hino Nacional também quiseram levar. O clamor de um mundo mais justo está dentro daquilo que a Jornada propõe. É nesse aspecto que a Jornada está bem sintonizada com essas reivindicações. Claro que o que se trata de situações de violência e roubos, isso não é o caso de uma feliz reivindicação. Quem ama a sua cidade, sabe preservá-la. Na Jornada, nasce um pouco essa preocupação de o jovem ter esperança do amanhã, que aliás é o tema do nosso hino oficial: 'Esperança do Amanhecer'."
Dom Orani ressaltou ainda que muitos voluntários nacionais e internacionais também foram às ruas.
"Muitos dos nossos jovens voluntários que trabalham no Comitê participaram da passeata e famílias inteiras. Grande parte que estava na caminhada são católicos que vivem nas igrejas. Eu creio que o cristão é aquele que tem uma espiritualidade, mas também tem a sua consciência política. Amar o outro também é trabalhar para que todos tenham justiça, igualdade e cidadania. Como fazer a reforma política que se pensa, eis aí a discussão que está aberta. Os jovens querem propostas mais representativas."
Debates durante a Jornada
Dom Orani disse que a Jornada também contará com fóruns que levantarão questões sociais durante os dias do evento.
"Vamos ter fóruns sobre o jovem no mundo, debate com a ONU sobre o futuro da humanidade, direitos humanos, diálogo intereligioso e ecumênico, estímulo à sustentabilidade e acessibilidade, a questão dos dependentes químicos. O importante é que esses debates levem depois a consequências ao mundo inteiro, já que teremos jovens de mais de 175 nações reunidos. A Jornada vem justamente dizer ao jovem que tenha esperança. Que os jovens tenham na igreja a sua parceira. Coragem, nós acreditamos em vocês. Temos certeza que vai valer a pena confiar na juventude, eles sabem trabalhar e fazer as coisas irem para frente."