Tal como depois de jejuar comemos mais para recuperar as energias perdidas, assim a Praça de São Pedro - após a longa abstinência de celebrações cheias de pessoas devido à pandemia – lotou-se na segunda-feira, 18 de abril, com uma maré de jovens italianos – cerca de 100 mil, segundo as estimativas – que, de todas as dioceses da península, foram em peregrinação a Roma.
Foi o próprio Papa Francisco, com a linguagem simples e cativante que usa quando se dirige aos jovens, a usar a metáfora do jejum na abertura do seu discurso amigo e paterno aos participantes.
A praça estava lotada desde o início da tarde, com milhares de jovens participantes da peregrinação promovida pelo Serviço Nacional de Pastoral Juvenil da Conferência Episcopal Italiana (CEI) sobre o tema #Seguimi (Siga-me).
Logo no início, convidados famosos e jovens cantores, amados dos adolescentes, entreteram os jovens; mas o grande entusiasmo disparou por volta das 17h30, quando o "papamóvel" do Papa Francisco se deslocou para entre os jovens, percorrendo os vários setores para saudar, de perto, o maior número possível de adolescentes.
Em seguida, o presidente da CEI, cardeal Gualtiero Bassetti, deu início ao momento de oração, com uma meditação seguida por alguns testemunhos de jovens, relativos ao capítulo 21 do Evangelho de João e, em particular, à página dedicada à pesca milagrosa no mar da Galileia após uma noite de tentativas frustradas.
Não ter medo da escuridão das trevas
Posteriormente, o Santo Padre tomou a palavra. E disse claramente aos jovens, sem negar as dificuldades: “as nuvens que escurecem nosso tempo ainda são densas. Além da pandemia, a Europa vive uma guerra terrível, enquanto as injustiças e a violência continuam em muitas regiões da terra”.
O trecho evangélico sobre o qual os jovens meditaram em sua peregrinação também começa com a escuridão da noite. Depois da ressurreição de Jesus, os apóstolos voltaram à sua vida normal de pescadores e não lhes faltaram decepções, como as redes vazias após uma longa noite de trabalho. Isso acontece até hoje, até com crianças. E o Papa se identifica bem com a situação deles: “que decepção! Depois de colocarmos tanta energia em realizar nossos sonhos, depois de investirmos tantas coisas, como os apóstolos, e virmos que nada acontece...!".
Mas, assim como aconteceu aos apóstolos, também para os jovens pode-se dar um encontro com Jesus - no amanhecer! - e de recuperar o cansaço e o tempo perdido com frutos abundantes. Por isso, o Papa convida a não ter medo da escuridão das trevas, dos nossos próprios limites ou das dificuldades; e exorta a abrir-se. "A quem? Ao pai, à mãe, ao amigo, à amiga, à pessoa que pode ajudá-lo... Não desanime: se você tem medo, mostre-o sem medo! E isto lhe fará bem!”.
Em seguida, oferece aos jovens alguns exemplos que podem inspirá-los ao sucesso como indivíduos e como cristãos. É de João, o discípulo mais jovem, "aquele faro", aquela intuição típica dos jovens que o faz compreender as coisas de antemão; e, de fato, João é o primeiro a reconhecer o Senhor na praia; e é de Pedro, a coragem que o leva a pular na água para chegar a Jesus.
E, nos momentos de dificuldade, o Pontífice refere-se ao gesto tão humano de voltar a pedir ajuda à própria mãe, em particular a Maria, à Mãe Celeste. “Que Nossa Senhora, a mãe que tinha quase a idade de vocês quando recebeu o anúncio do anjo e engravidou, possa ensiná-los a dizer: 'Aqui estou!’ ”, concluiu o Santo Padre.
O encontro terminou com a oração pela paz diante da imagem de Nossa Senhora ‘Salus Popoli Romani’ (Salvação do Povo Romano), a profissão de fé e a bênção final do Papa. No final, saudou os jovens com uma saudação pascal: "Que Jesus ressuscitado, seja a força de suas vidas: vão em paz e sejam felizes, todos vocês: em paz e com alegria!"