Henrique com grupo de jovens aspirantes a Salesianos Cooperadores
Confesso que quando criança e parte de minha adolescência queira ser “super-herói”. Ficava maravilhado em vê-los nos desenhos e filmes salvando vidas, dando novos rumos e oportunidades às pessoas que se encontravam em apuros e risco, sobretudo quando um deles ousava levantar o braço para dizer “para o alto e avante”. Fiquei frustrado ao saber que não conseguiria ser um deles.
Porém, depois de certo tempo, percebi que o sonho então esquecido e que poucos conheciam, na verdade, ainda estava sendo alimentado e nutrido em mim. Aos poucos, porém, a vida me fez perceber que existia uma forma bem mais concreta e de ser um “herói”:“Busca almas, nada de dinheiro, honras, nem privilégios. Sejam educados, cuidem dos doentes, dos jovens, dos idosos e dos pobres, evitem o ócio, sejam sóbrios no comer, no beber e descansar; cuidem da saúde; vivam a pobreza; amem-se uns aos outros e propaguem a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora e a Jesus Sacramentado. Além de que se recomende aos jovens a confissão e a eucaristia”. Dom Bosco me indicou o caminho a seguir e, aos poucos, percebi que estar no meio dos jovens, ouvi-los e incentivá-los, colaborar com os Salesianos de Dom Bosco (SDB) e as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), nossos irmãos, me dava muita satisfação e alegria. Foi assim que me senti incentivado a entrar em um processo de discernimento vocacional para me tornar um Salesiano Cooperador.
O primeiro toque divino veio durante algumas conversas com a salesiana cooperadora Lena Kátia, que na época era minha catequista na turma de Crisma. Recordo que tinha uma necessidade pessoal: ter uma proposta concreta, gratificante de futuro que não me trouxesse frustração. Lembro da reposta que Lena elaborou quando perguntei o que era ser salesiano cooperador: “O chamado a ser salesiano cooperador: uma aposta e uma atitude positiva perante a parcela da sociedade que recrimina, julga e subestima a juventude”. Essas palavras marcaram e marcam minha vida desde então.
O período de formação tem me ajudado a perceber que a opção e a escolha de ser salesiano cooperador é bastante desafiador, em um mundo onde existem outras opções que envolvem e cativam,. Afinal, seguir, proclamar e provocar vocações em jovens que têm “sonhos” e ambições, tais como ter o melhor carro e salário, a esposa mais bonita e prestígio, não é tarefa fácil. Pensar sobre isso me faz lembrar a passagem bíblica do jovem rico (Mc 10, 17-31). Porém, sinto-me chamado a ajudá-los a perceber que sigo por um belo caminho que, apesar de possuir desafios, é também muito gratificante.
Responder a essa vocação, bem delineada, pautada e traçada por Dom Bosco, é uma missão desafiadora, mas a cada dia que passa meu desejo é continuar rumo à “primeira promessa”, processo no qual estou há dois anos. No momento estou em formação, estudando o Plano de Vida Apostólica – PVA e sou considerado um aspirante a salesiano cooperador, como somos chamados.
Hoje sei que jamais poderei ser um “super-herói” com capa e máscara, tal como vislumbrava na infância, pois Deus me convida a ser herói de outra forma. Esta minha vocação é real e nela me empenho dia a dia. Por isso, parafraseando o apóstolo Paulo que diz “ai de mim, se eu não evangelizar” (1 Cor. 9:16), eu digo: Ai de mim se não salvar vidas e almas. Ai de mim se não propuser aos jovens novos rumos e oportunizar aos que se encontram em apuros um encontro pessoal com Jesus Cristo. Ai de mim se não levantar as mãos ao céu e não proclamar profeticamente no meio dos jovens: para o alto nós vamos, o nosso lugar é o céu!
Henrique Carreira é aspirante a Salesiano Cooperador em Belém, PA