Entre os dias 8 e 25 de janeiro, sete jovens provenientes das inspetorias São Pio X (Porto Alegre, RS), São João Bosco (ISJB – Belo Horizonte, MG) e de Nossa Senhora Auxiliadora (São Paulo) participaram de uma rica experiência missionária com o povo Yanomami, na comunidade de Maturacá. A aldeia fica a cerca de 150 quilômetros da sede de São Gabriel da Cachoeira, AM, município localizado no Alto Rio Negro, onde há mais de 90 anos, Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora dedicam-se à missão junto aos indígenas com atividades de catequese, oratório, educação e itinerância.
“Este é um projeto interinspetorial, organizado pelos delegados da animação missionária do Brasil salesiano. Os jovens, como protagonistas de seus sonhos, aceitam este desafio não somente como uma aventura, mas como uma resposta ao chamado de Deus que brota do anseio pela grandeza do encontro com o próximo, com sua diferença, língua e costume”, afirma Antonio Veiga Neto, pós-noviço salesiano da Inspetoria São Domingos Sávio (Manaus, AM), que acompanhou o grupo. Ele destaca também que a motivação para a experiência missionária foi a temática do Sínodo para a Amazônia: “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.
Os participantes da Inspetoria São Pio X foram o delegado para a Animação Vocacional e Missionária, padre Sérgio Ramos de Souza, e os jovens Gilson de Oliveira e Ana Caroline. Da Inspetoria de Nossa Senhora Auxiliadora (de São Paulo), participaram Rodrigo Rufino e Letícia Marques; e da Inspetoria São João Bosco, os jovens Celso Dias Bertazo Júnior e Miguel Alvarenga Ribeiro.
O grupo foi liderado pelo padre Reginaldo Cordeiro, delegado da Animação Missionária Salesiana na Amazônia e vice inspetor da Inspetoria São Domingos Sávio. O inspetor, padre Jefferson Luís, também enviou, para assessoria desta experiência, os salesianos pós-noviços, Antonio Veiga Neto e Gustavo Sousa.
Rio acima
Após três dias de atividades de formação, em 11 de janeiro os missionários deixaram a cidade de Manaus em direção a São Gabriel da Cachoeira. O percurso de 30 horas de barco pelo Rio Negro possibilitou conhecer um pouco mais da realidade do povo que vive nessa região da Amazônia.
No dia 14, o grupo seguiu rio acima, para a visita à comunidade Yanomami de Nazaré, onde permaneceu nos dias 15 e 16 de janeiro. Foi celebrada a Eucaristia e realizado o oratório com as crianças e adolescentes, finalizando as atividades com um almoço comunitário. A comunidade indígena também permitiu que os missionários participassem de um ritual próprio. O grupo prosseguiu a viagem de “voadeira” (um tipo de barco motorizado) até a comunidade de Maturacá, destino final dos missionários.
Superação das dificuldades
Para a maioria dos participantes, foi a primeira experiência em uma expedição fora de seu estado natal, o que propiciou aos jovens momentos de muita superação. Segundo Miguel Alvarenga Ribeiro, coordenador da Juventude Missionária Salesiana (JMS) de Campos dos Goitacazes, RJ, eles não sabiam da dimensão das dificuldades que enfrentariam. “A realidade no Amazonas é bem difícil, isso a gente já havia sido informado nas reuniões pré-missão, mas como jovens a gente não acreditava que seria isso tudo”. Entretanto, apesar dos percalços da extensa viagem, não faltou força de vontade para superar essas barreiras. “O que nos ajudava a não desistir era a memória dos salesianos que passaram por ali. Hoje nós estamos em 2019, então ir à missão de Maturacá foi muito mais fácil que há 90 anos, quando chegaram ali os primeiros salesianos”, considera Miguel.
Se houve dificuldades para chegar a Maturacá, o mesmo não ocorreu na comunicação com a comunidade indígena local. De acordo com Celso Dias Bertazo Júnior, coordenador da JMS de Vitória, ES, os moradores mais velhos falavam muito bem em português e, ao saberem que os visitantes eram salesianos, os receberam com muita alegria.
Após os 18 dias no norte do país realizando essa missão, os jovens Miguel e Celso contam o que trazem de lá para aplicar nas obras em que participam. Celso destaca o entusiasmo juvenil, a força de querer mudar o mundo e os “momentos de família” que ele vivenciou durante os dias da missão. Já Miguel, enfatiza que o que fica dessa experiência é a superação. “De certa forma nada é impossível, a força de vontade e a dedicação de cada pessoa é o que importa para que as coisas aconteçam, o que a pessoa realmente precisa é ter fé e ciência de que Deus pode tudo”.