O caminho metodológico da Semana foi construir um itinerário a partir da realidade juvenil e de uma fundamentação teológico-litúrgica, reconhecendo a juventude como lugar teológico, no espírito do Concílio Vaticano II e das Conferências Episcopais Latino Americanas e Caribenhas. Esse caminho iniciou com o levantamento de inquietações, que por sua vez levaram o grupo a buscar propostas que pudessem animar e melhorar a participação da juventude na vida celebrativa da Comunidade-Igreja, bem como favorecer que a liturgia na vida da Igreja tenha frutuosamente expressão na vida da juventude.
Inquietações – Entre as inquietações, destacamos dois eixos centrais:
Acolhida:
Constata-se que há poucos espaços nas comunidades que garantam os jovens como protagonistas, em condições de preparar, celebrar e atualizar o mistério celebrado. Existe uma dificuldade de aprofundar nas comunidades a ideia que se tem do que é ser jovem, de quem é o jovem que celebra nas comunidades, bem como de considerarmos que todos os jovens desejam a mesma coisa nas celebrações. Esse desafio da acolhida gera incapacidade de ouvir, preconceitos e conflitos com as lideranças adultas nas comunidades, sobretudo com os animadores da vida litúrgica nas comunidades.
Formação:
Há poucos espaços para a formação litúrgica da juventude nas comunidades e, quando há, falta aprofundar questões como: Formação para ou com os jovens? Constatam-se dificuldades nas práticas metodológicas. Há formações mais narrativas e não vivenciais/celebrativas, outras mais impositivas e não dialogais, e ainda há falta de diálogo entre a catequese e a liturgia.
Propostas:
Sobre as propostas, elas estão na ótica do tema e também do objetivo: contribuir para uma formação mistagógica, isto é, capaz de fazer a introdução do jovem ao mistério que se celebra. Na medida em que vamos celebrando, que os jovens vão vivendo o Mistério celebrado, é útil e necessário ater-se às seguintes propostas para uma formação mistagógica com a juventude:
– Assumir e viver a liturgia na vida da juventude onde ela está;
– Metodologia participativa, celebrativa, processual, inculturada e mistagógica, considerando a realidade juvenil e a corporeidade (em sua linguagem adequada e afetiva);
– Valorizar a leitura orante, o método ver-julgar-agir-rever-celebrar, o laboratório litúrgico, o vivencial celebrativo, a construção em mutirão e a preparação das celebrações;
– Assumir a poesia, a dança e a música na formação juvenil litúrgica, valorizando suas expressões em diálogo permanente com a tradição, a Bíblia e o magistério da Igreja;
– Conhecer o rosto da juventude, identificando suas realidades e suas expectativas, favorecendo uma formação adequada e atualizada com o modo se ser jovem e suas pluralidades;
– Utilizar o Ofício Divino da Juventude como caminho de amadurecimento na espiritualidade litúrgica e fruto precioso do caminho teológico-litúrgico-ecumênico da juventude da Igreja no Brasil;
– Estabelecer o aprofundamento teológico da ritualidade cristã com aspectos juvenis;
– Possibilitar nas comunidades celebrações e itinerários do RICA (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos), vivenciando outras formas de celebração diferentes da missa;
– Promover formação de multiplicadores adultos e jovens, para assessoria litúrgica à juventude;
– Realizar de maneira autêntica a capacidade de acolhida dos jovens. Garantir o diálogo, sem imposições, favorecendo a convivência em pequenos grupos. Exercer uma pedagogia que leve o jovem a apaixonar-se por Jesus de Nazaré e a construção do Reino;
– Favorecer um processo de formação que leve ao exercício da autonomia;
– Reconhecer a celebração como parte do processo de formação.
A densidade desses conteúdos chama nossa atenção para um fato: para bem celebrar com os jovens, a solução não é inventar ou criar coisas “diferentes”, mas preocupar-se com a formação. Devemos fazer um caminho mistagógico com eles para apreendermos melhor a compreensão do Mistério Pascal revelado no seu modo juvenil. E veremos na vida da juventude sua entrega perdidamente pelo Reino.
A 25ª Semana de Liturgia
A semana Brasileira de Liturgia é organização e coordenada pelo Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard e, nesta 25ª edição, teve como parceiros a Rede Celebra e o Instituto Pio XI do Centro Universitário Salesiano (Unisal-SP). Considerando o crescimento da população jovem (de 15 a 29 anos) no Brasil e a intensa busca de espiritualidade dessa parcela social, a 25ª Semana de Liturgia teve como objetivo central capacitar os participantes para a formação litúrgica com a juventude. O evento também inseriu-se como parte dos preparativos para a celebração, em 2013, do cinquentenário da Constituição Sacrosanctum Concilium (SC) sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II, que desencadeou todo um processo de rejuvenescimento da Igreja mediante a reforma e o incremento da liturgia.