No entanto, as orações e festividades a Nossa Senhora dos Navegantes começaram ainda em julho, com a peregrinação da imagem pelos distritos e municípios da região, entre os dias 18 de julho e 4 de agosto .
Durante a novena, vários padres salesianos e diocesanos presidiram as celebrações, incluindo na noite de 14 de agosto e na festa, em 15 de agosto, sendo esta presidida pelo inspetor da Inspetoria Salesiana do Nordeste, padre Nivaldo Pessinatti.
O ponto alto da festa, como todos os anos, foi a tradicional procissão marítima, no dia 15, à tarde, feriado municipal. Nesse dia, milhares de fiéis e devotos de Areia Branca e região participam do passeio de barcos com a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes pelas águas do rio Apodi-Mossoró.
Na programação deste ano, além das celebrações Eucarísticas foram realizadas caminhadas penitenciais e alguns gestos concretos denominados "obras de misericórdia", dentro das propostas do Ano Jubilar da Misericórdia e inspiradas nos conselhos do Papa Francisco. Também no dia 14, dentro da programação das festividades, foi realizada a 4ª edição da Moto Romaria dos navegantes.
Paralelamente às atividades religiosas em alusão a Nossa Senhora dos Navegantes, o projeto Vila das Areias Brancas trouxe a programação social, com shows artísticos e culturais. A atração da noite da festa foi a irmã Kelly Patrícia, religiosa cantora conhecida nacionalmente pelo público católico. Nas suas redes sociais, ela publicou fotos do evento e escreveu: "Agradeço imensamente a acolhida dos queridos padre César, padre Demontier e do povo de Areia Branca, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes foi linda, ela é a estrela do mar de nossas vidas!".
105 anos de fé, amor e devoção
Nossa Senhora dos Navegantes não é padroeira da cidade de Areia Branca, mas faz parte da história do povo de Areia Branca e está em seu coração.
Tudo começou com o areiabranquense Manuel Félix do Vale. Em maio de 1911, o conhecido rebocador “Sucesso’’, do trafego do porto, viajou ao Recife, PE, rebocado pelo vapor “Assu’’ para, nos estaleiros daquele porto, submeter-se a reformas gerais nas suas máquinas. Navegava assim rebocado, quando na altura do Cabo Santo Agostinho, o cabo bastante longo que o prendia ao vapor enroscou-se na hélice, em consequência da grande agitação do mar.
A situação tornara-se perigosa. Foi aí que Manuel Félix do Vale, católico, membro de tradicional família, resolveu mergulhar com risco da própria vida, com apenas uma faca na mão, para cortar o cabo enroscado na hélice, evitando assim o iminente naufrágio do rebocador. Ao mergulhar, certo do perigo que corria, fez uma promessa a Nossa Senhora dos Navegantes que, se ele conseguisse cortar o cabo que estava enroscado na hélice e salvasse sua vida e de toda a tribulação, ele levaria a Areia Branca uma imagem da Virgem dos Navegantes, entronizava no altar da igreja e todos os anos, no dia 4 de julho, organizaria uma bonita procissão marítima no porto interno. Assim, sob a proteção da Mãe de Deus, mergulhou e conseguiu assim cortar o cabo e evitar o naufrágio do rebocador.
Na Capital Pernambucana Manuel Félix comprou a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes e cumpriu sua promessa. E a cada ano no dia 4 de julho ele realiza a procissão marítima. A data, porém, foi posteriormente alterada para o dia 15 de agosto, consagrado a Nossa Senhora pelo bispo dom Antônio Cabral dos Santos, bispo de Natal, RN. E assim a devoção se espalhou e a festa se consagrou até os dias atuais; 105 anos depois toda a cidade de Areia Branca festeja anualmente a Virgem Mãe de Deus e recebe milhares de peregrinos vindos de diversos lugares, que vem reverenciar a padroeira dos marítimos.
Jakeline Lira e Vinicius Souza