“Eu não disse que seria fácil...”

Segunda, 05 Mai 2014 21:14 Escrito por  Editorial Boletim Salesiano - ANS
“Eu não disse que seria fácil...” ANS ImageBank
Em diversas partes do mundo, salesianos e salesianas prestam sua solidariedade às vítimas de conflitos, guerras e catástrofes naturais. Nestes locais, fazem valer uma das frases mais conhecidas de Dom Bosco: “Eu não disse que seria fácil. Disse que valeria a pena”.

Como um dos últimos documentos de seu reitorado, padre Pascual Chávez escreveu em fevereiro uma carta à Família Salesiana, com dez orientações para a gestão de emergências, especialmente para os casos de calamidades naturais, guerras ou situações de instabilidade político-sociais. Dentre as orientações constam: estar presentes; oferecer serviços práticos e espirituais; trabalhar com unidade; partilhar as informações; acolher a solidariedade e a coordenação internacional; ser transparentes; promover a participação local e a consciência dos direitos; adotar medidas preventivas e garantir a transição da fase de emergência para a de reconstrução.

Assim, o documento oferece diretrizes de como agir em momentos emergenciais de acordo com o sistema preventivo, partindo da experiência prática já realizada por salesianos e salesianas em países como o Haiti, a Síria, o Sudão do Sul e a República Centro-Africana. Nestas regiões, a ação salesiana se dá com atenção especial às crianças, aos adolescentes e aos jovens, principais vítimas das situações de emergência. Os números da UNESCO, frente da Organização das Nações Unidas (ONU) para a educação, registram que há quase 60 milhões de crianças no mundo que vivem em áreas de conflito. Em meio à crueldade da guerra, metade delas está fora da escola, mais uma consequência perversa a marcar suas vidas.

 

Síria

O número de crianças mortas na guerra da Síria é superior a 11 mil. Dentre os refugiados, um milhão seriam crianças e metade destas teria menos de cinco anos. O número de crianças afastadas de suas famílias soma mais de cinco mil e as deslocadas pelo interior país chegam a três milhões.

Em Damasco, Capital do país, as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) dirigem o Hospital Italiano, no bairro de Mazraa. Há dois anos socorrem gratuitamente feridos pelos bombardeios decorrentes da guerra. “Houve dias em que chegaram 30 feridos. Médicos, enfermeiros, irmãs, fizemos tudo o que podíamos, alojando-os até pelos corredores”, conta a diretora, irmã Annamaria Scarsella.

O hospital, que celebra seu centenário, é local de referência no amparo da população, assim como as obras vizinhas, mantidas pelos Salesianos de Dom Bosco: o oratório e o centro de catequese, frequentados por 200 crianças e 300 jovens. As entidades zelam pela distribuição de alimentos às famílias em dificuldade, além das atividades de auxílio psicológico, cursos de formação e apoio escolar. “Acolhemos crianças e adolescentes cristãos de qualquer rito”, sublinha o padre salesiano Alejandro José León, missionário da Venezuela.

 

Sudão do Sul

No Sudão do Sul há cerca de 200 paroquianos da obra salesiana, que sofrem pela falta de comida e pelas precárias condições higiênico-sanitárias. Na escola secundária da obra, cerca de 200/250 refugiados estão acolhidos, em sua maioria crianças e mulheres, entre as quais algumas grávidas.

A comunidade salesiana do Sudão do Sul organizou uma Comissão de Resposta às Emergências, da qual fazem parte, com funções específicas e bem definidas, cinco salesianos, duas irmãs da Congregação Irmãs Caridade de Jesus, grupo pertencente à Família Salesiana, e uma irmã FMA. “A situação em Juba é suficientemente calma, embora haja ainda esporadicamente tiroteios e mortes, sobretudo por vingança. Quando os soldados se afastam, é quase certo que as lutas reiniciaram. A população, por isso, continua vivendo no medo, e traumatizada”, relata padre Ferrington, delegado inspetorial para os dois Sudões.

 

Congo e Mali

O Centro Don Bosco Ngangi, na República Democrática do Congo, é um dos lugares em que centenas de pessoas se refugiam toda vez que se reacendem os confrontos na região. Atualmente, a comunidade salesiana está alerta, porque, apesar de decretado cessar-fogo, e a trégua entre as partes em conflito estar sendo respeitada, os ataques esporádicos não estão descartados.

“Queremos nos unir especialmente a eles nestes momentos delicados e difíceis para o país”, conclui o superior salesiano no Mali, padre Maurizio Spreafico, referindo-se à instabilidade política que o país vive desde a derrubada do governo Hosni Mubarak, em 2011. São 280 mil desabrigados, sem mencionar os cerca de 120 mil refugiados que buscaram guarida nos países vizinhos. No Mali, em Bamaco, os missionários salesianos se preocupam pelas famílias necessitadas.

 

Haiti e Filipinas

Se a ação salesiana faz diferença na vida dos jovens que vivem em meio a conflitos e guerras, ela é fundamental também no auxílio às vítimas de catástrofes naturais. No final do ano passado, quando o tufão Haiyan atingiu as Filipinas, a Família Salesiana se prontificou imediatamente no socorro aos jovens e suas famílias. Além dos SDB e das FMA presentes no país, que designaram 11 de suas obras para estocar e distribuir alimentos e remédios, entidades internacionais salesianas coordenaram as ações de solidariedade, mobilizando-se para arrecadar doações e para fazê-las chegar às famílias filipinas atingidas pelo tufão.

A ação rápida e eficiente no momento de emergência se completa com as atividades de reconstrução após a calamidade. É o que ocorre no Haiti. Em 12 de janeiro completaram-se quatro anos do terremoto que sacudiu o país. Desde 2010, muitas iniciativas já foram realizadas para melhorar a vida de jovens e crianças como, por exemplo, na Igreja salesiana da Imaculada Conceição, em Cité Soleil, onde são oferecidos cursos de música e dança para ajudar os jovens a superarem o trauma do terremoto.

Aqui também a solidariedade internacional se faz presente. Em julho de 2013, quatro professores da Rede Salesiana de Escolas (RSE) foram ao Haiti para desenvolver práticas esportivas com os alunos dos colégios e oratórios salesianos. A iniciativa ganhou o nome de “Professores sem Fronteiras” e ajudou a transformar, por meio do esporte, a rotina de crianças e jovens que vivem abaixo da linha de pobreza.

Assim, nas regiões de conflito ou nos países atingidos por catástrofes naturais, a presença da Família Salesiana urge por amparar a quem possa, sob os preceitos deixados por Dom Bosco.

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Última modificação em Sexta, 29 Agosto 2014 11:57

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Segunda, 05 Mai 2014 21:14 Escrito por  Editorial Boletim Salesiano - ANS
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Em diversas partes do mundo, salesianos e salesianas prestam sua solidariedade às vítimas de conflitos, guerras e catástrofes naturais. Nestes locais, fazem valer uma das frases mais conhecidas de Dom Bosco: “Eu não disse que seria fácil. Disse que valeria a pena”.

Como um dos últimos documentos de seu reitorado, padre Pascual Chávez escreveu em fevereiro uma carta à Família Salesiana, com dez orientações para a gestão de emergências, especialmente para os casos de calamidades naturais, guerras ou situações de instabilidade político-sociais. Dentre as orientações constam: estar presentes; oferecer serviços práticos e espirituais; trabalhar com unidade; partilhar as informações; acolher a solidariedade e a coordenação internacional; ser transparentes; promover a participação local e a consciência dos direitos; adotar medidas preventivas e garantir a transição da fase de emergência para a de reconstrução.

Assim, o documento oferece diretrizes de como agir em momentos emergenciais de acordo com o sistema preventivo, partindo da experiência prática já realizada por salesianos e salesianas em países como o Haiti, a Síria, o Sudão do Sul e a República Centro-Africana. Nestas regiões, a ação salesiana se dá com atenção especial às crianças, aos adolescentes e aos jovens, principais vítimas das situações de emergência. Os números da UNESCO, frente da Organização das Nações Unidas (ONU) para a educação, registram que há quase 60 milhões de crianças no mundo que vivem em áreas de conflito. Em meio à crueldade da guerra, metade delas está fora da escola, mais uma consequência perversa a marcar suas vidas.

 

Síria

O número de crianças mortas na guerra da Síria é superior a 11 mil. Dentre os refugiados, um milhão seriam crianças e metade destas teria menos de cinco anos. O número de crianças afastadas de suas famílias soma mais de cinco mil e as deslocadas pelo interior país chegam a três milhões.

Em Damasco, Capital do país, as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) dirigem o Hospital Italiano, no bairro de Mazraa. Há dois anos socorrem gratuitamente feridos pelos bombardeios decorrentes da guerra. “Houve dias em que chegaram 30 feridos. Médicos, enfermeiros, irmãs, fizemos tudo o que podíamos, alojando-os até pelos corredores”, conta a diretora, irmã Annamaria Scarsella.

O hospital, que celebra seu centenário, é local de referência no amparo da população, assim como as obras vizinhas, mantidas pelos Salesianos de Dom Bosco: o oratório e o centro de catequese, frequentados por 200 crianças e 300 jovens. As entidades zelam pela distribuição de alimentos às famílias em dificuldade, além das atividades de auxílio psicológico, cursos de formação e apoio escolar. “Acolhemos crianças e adolescentes cristãos de qualquer rito”, sublinha o padre salesiano Alejandro José León, missionário da Venezuela.

 

Sudão do Sul

No Sudão do Sul há cerca de 200 paroquianos da obra salesiana, que sofrem pela falta de comida e pelas precárias condições higiênico-sanitárias. Na escola secundária da obra, cerca de 200/250 refugiados estão acolhidos, em sua maioria crianças e mulheres, entre as quais algumas grávidas.

A comunidade salesiana do Sudão do Sul organizou uma Comissão de Resposta às Emergências, da qual fazem parte, com funções específicas e bem definidas, cinco salesianos, duas irmãs da Congregação Irmãs Caridade de Jesus, grupo pertencente à Família Salesiana, e uma irmã FMA. “A situação em Juba é suficientemente calma, embora haja ainda esporadicamente tiroteios e mortes, sobretudo por vingança. Quando os soldados se afastam, é quase certo que as lutas reiniciaram. A população, por isso, continua vivendo no medo, e traumatizada”, relata padre Ferrington, delegado inspetorial para os dois Sudões.

 

Congo e Mali

O Centro Don Bosco Ngangi, na República Democrática do Congo, é um dos lugares em que centenas de pessoas se refugiam toda vez que se reacendem os confrontos na região. Atualmente, a comunidade salesiana está alerta, porque, apesar de decretado cessar-fogo, e a trégua entre as partes em conflito estar sendo respeitada, os ataques esporádicos não estão descartados.

“Queremos nos unir especialmente a eles nestes momentos delicados e difíceis para o país”, conclui o superior salesiano no Mali, padre Maurizio Spreafico, referindo-se à instabilidade política que o país vive desde a derrubada do governo Hosni Mubarak, em 2011. São 280 mil desabrigados, sem mencionar os cerca de 120 mil refugiados que buscaram guarida nos países vizinhos. No Mali, em Bamaco, os missionários salesianos se preocupam pelas famílias necessitadas.

 

Haiti e Filipinas

Se a ação salesiana faz diferença na vida dos jovens que vivem em meio a conflitos e guerras, ela é fundamental também no auxílio às vítimas de catástrofes naturais. No final do ano passado, quando o tufão Haiyan atingiu as Filipinas, a Família Salesiana se prontificou imediatamente no socorro aos jovens e suas famílias. Além dos SDB e das FMA presentes no país, que designaram 11 de suas obras para estocar e distribuir alimentos e remédios, entidades internacionais salesianas coordenaram as ações de solidariedade, mobilizando-se para arrecadar doações e para fazê-las chegar às famílias filipinas atingidas pelo tufão.

A ação rápida e eficiente no momento de emergência se completa com as atividades de reconstrução após a calamidade. É o que ocorre no Haiti. Em 12 de janeiro completaram-se quatro anos do terremoto que sacudiu o país. Desde 2010, muitas iniciativas já foram realizadas para melhorar a vida de jovens e crianças como, por exemplo, na Igreja salesiana da Imaculada Conceição, em Cité Soleil, onde são oferecidos cursos de música e dança para ajudar os jovens a superarem o trauma do terremoto.

Aqui também a solidariedade internacional se faz presente. Em julho de 2013, quatro professores da Rede Salesiana de Escolas (RSE) foram ao Haiti para desenvolver práticas esportivas com os alunos dos colégios e oratórios salesianos. A iniciativa ganhou o nome de “Professores sem Fronteiras” e ajudou a transformar, por meio do esporte, a rotina de crianças e jovens que vivem abaixo da linha de pobreza.

Assim, nas regiões de conflito ou nos países atingidos por catástrofes naturais, a presença da Família Salesiana urge por amparar a quem possa, sob os preceitos deixados por Dom Bosco.

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