Trinta anos de presença salesiana em Itaquera

Sábado, 04 Agosto 2012 11:25 Escrito por 
Trinta anos de presença salesiana em Itaquera Foto: Douglas Mansur
A Obra Social Dom Bosco, na periferia Leste da capital paulista, atende atualmente cerca de 6 mil pessoas diariamente e é uma referência nacional no serviço educativo voltado, em especial, às crianças e aos adolescentes.  

 

A reportagem do Boletim Salesiano passou um dia inteiro na Obra Social Dom Bosco (OSDB), em Itaquera, bairro da periferia Leste de São Paulo. Mas não foi possível conhecer todos os trabalhos realizados. Pudera: a ação que começou como atendimento social para 150 crianças é hoje, passados 30 anos, um complexo de 14 núcleos nos bairros de Itaquera e Guaianazes que, juntos, atendem cerca de 6 mil pessoas diariamente. Isso mesmo: são 6 mil crianças, adolescentes e adultos por dia, atendidos nos seis serviços sociais da obra: Centros de Educação Infantil, Centro Profissionalizante, Programa Socioeducativo, Núcleo de Convivência de Idosos, Acolhimento Institucional e Núcleo de Proteção Psicossocial Especial.
O que mais impressiona o visitante, no entanto, não são os números. E sim a maneira como Dom Bosco e sua proposta educativa estão presentes em tudo. O Santo da Juventude está em cartazes e murais pintados nas paredes internas e externas da OSDB, abençoando o bairro e os jovens de Itaquera. Está na alegria das crianças e dos adolescentes atendidos, no orgulho com que contam suas realizações e revelam seus sonhos. Está nos educadores, que falam com a maior desenvoltura sobre o sistema preventivo e mostram como ele funciona em sua prática cotidiana. É como afirma o padre salesiano Rosalvino Morán Viñayo, fundador e diretor-presidente da obra: “Dom Bosco aqui está vivo, ativo. E ele é forte”.

Sonho concretizado

Padre Rosalvino é a figura carismática no centro da Obra Social Dom Bosco. Ou a figura paterna, como ele prefere dizer: “Me desdobro para ser um pai em meio à carência. Porque penso que essa é a chave de ouro do sistema salesiano: a presença. É o nosso grande diferencial”. Quando a obra abre suas portas, às 7h da manhã, padre Rosalvino já está ali e é ele quem se despede dos alunos, às 22h.
Durante o dia, o trabalho é intenso. Como era ha mais de 30 anos, quando padre Rosalvino chegou à região atendendo a um pedido da Arquidiocese de São Paulo para que os salesianos fossem à periferia da cidade cuidar das crianças que perambulavam, desassistidas, pelas ruas. Naquela época, relembra o padre, Itaquera era uma região longínqua e mal-vista da cidade. O início, por isso, não foi fácil. O oratório começou nas calçadas e terrenos baldios do bairro. Depois, veio o trabalho com as famílias, inicialmente desconfiadas daquelas pessoas “de fora”. Aos poucos, a comunidade foi se aproximando da Igreja, da paróquia e da proposta educativa que se tinha ali.
Assim, em 31 de maio de 1981, quando inaugurou-se oficialmente a Obra Social Dom Bosco, isso foi sentido como a concretização de um sonho. Sonho inicial de um grupo de salesianos, composto pelo próprio Rosalvino, irmão Antonio Carlos Martins, irmão Hamilton Bernardo Rodrigues e alguns leigos comprometidos. E sonho também da comunidade, que fortalecia sua confiança nas próprias forças e sua esperança de uma vida melhor. O que mudou nesses 30 anos? Padre Rosalvino afirma com segurança que a presença salesiana contribuiu muito para o desenvolvimento da região. “Hoje temos um reconhecimento de nosso trabalho. Pelos governos, que começaram a olhar com outros olhos para a região devido à nossa ação missionária e educativa dos jovens, e pelas pessoas daqui”, diz ele.

Casa que acolhe, escola que educa

Entre os diversos serviços oferecidos atualmente pela OSDB de Itaquera, destaca-se o Centro de Desenvolvimento Social e Produtivo, considerado o maior centro profissionalizante totalmente gratuito do Estado de São Paulo. São 1.700 jovens e adultos, com idade acima de 15 anos, que frequentam os inúmeros cursos distribuídos em 16 áreas. A clientela preferencial é composta por quem não tem outras alternativas de profissionalização, mas muita gente procura a obra pela qualidade da formação ali oferecida, tanto na área técnica, como na perspectiva humana. “Aqui a gente é o pássaro que aprende a voar. Aprendi a direcionar os meus caminhos, a ter disciplina, a conviver, a ouvir a opinião alheia e hoje sei que posso realizar muito do que almejo”, resume Caroline Farias dos Santos, aluna de Técnicas Administrativas.
Outro serviço importante é o Socioeducativo, o mais antigo da Obra Social Dom Bosco, e que hoje é composto por quatro Centros da Criança e do Adolescente e pelo Centro de Formação e Cultura, com 1.200 crianças e adolescentes com idades de 6 a 17 anos e 11 meses. No contra-turno escolar, eles têm acesso a oficinas de artes e esportes. “Muitos chegam aqui sem nunca ter feito ginástica artística, ou sem saber nem pegar no lápis direito e hoje desenham ou se destacam no esporte”, afirma Maria Célia Fernandes dos Santos, coordenadora do Centro de Formação e Cultura. Mas ela ressalta que o objetivo maior não é formar atletas ou artistas, e sim dar aos jovens acesso à cultura e aos esportes; é formar bons cristãos e honestos cidadãos, como queria Dom Bosco: “Vêm crianças até de bairros muito distantes, porque em outros locais da zona Leste não há nada parecido com o que fazemos aqui”.
A própria Maria Célia é uma ex-aluna do projeto socioeducativo. “Como educadora, trabalho na obra há 16 anos, mas se falar em quanto tempo estou com os salesianos, então são 30 anos!”, destaca ela. Aliás, muitos dos hoje quase 500 funcionários da Obra Social Dom Bosco são ex-alunos. Como Márcia Rodrigues da Costa, que teve seu primeiro contato com os salesianos na catequese: “Fui ouvir o ‘padre novo’ (padre Rosalvino), que queria falar com os jovens, e estou até hoje ouvindo o que ele tem a dizer”, rememora.
Márcia coordena uma das oito casas de acolhimento institucional (abrigos) e tem sob seus cuidados 26 crianças e adolescentes de 0 a 17 anos e 11 meses. “Procuramos dar a oportunidade dessa criança escrever uma nova história para si e trabalhamos muito a questão da família”, diz Márcia. Perguntada sobre o significado de trabalhar na Obra Social de Itaquera, ela sorri e responde de forma precisa: “É muito bom trabalhar aqui, é a minha casa. Para mim é mais do que entender e levar a missão, porque eu vivi a missão!”.
Além dos serviços acima citados, a OSDB de Itaquera mantém dois Centros de Educação Infantil, para 260 crianças de 0 a 3 anos; o Núcleo de Convivência de Idosos para 90 pessoas e dois Núcleos de Atendimento a 120 adolescentes de 12 a 21 anos de idade em cumprimento de medidas socioeducativas, voltados para a Liberdade Assistida e a Prestação de Serviços à Comunidade.

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Última modificação em Sábado, 20 Outubro 2012 11:29

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Trinta anos de presença salesiana em Itaquera Foto: Douglas Mansur
A Obra Social Dom Bosco, na periferia Leste da capital paulista, atende atualmente cerca de 6 mil pessoas diariamente e é uma referência nacional no serviço educativo voltado, em especial, às crianças e aos adolescentes.  

 

A reportagem do Boletim Salesiano passou um dia inteiro na Obra Social Dom Bosco (OSDB), em Itaquera, bairro da periferia Leste de São Paulo. Mas não foi possível conhecer todos os trabalhos realizados. Pudera: a ação que começou como atendimento social para 150 crianças é hoje, passados 30 anos, um complexo de 14 núcleos nos bairros de Itaquera e Guaianazes que, juntos, atendem cerca de 6 mil pessoas diariamente. Isso mesmo: são 6 mil crianças, adolescentes e adultos por dia, atendidos nos seis serviços sociais da obra: Centros de Educação Infantil, Centro Profissionalizante, Programa Socioeducativo, Núcleo de Convivência de Idosos, Acolhimento Institucional e Núcleo de Proteção Psicossocial Especial.
O que mais impressiona o visitante, no entanto, não são os números. E sim a maneira como Dom Bosco e sua proposta educativa estão presentes em tudo. O Santo da Juventude está em cartazes e murais pintados nas paredes internas e externas da OSDB, abençoando o bairro e os jovens de Itaquera. Está na alegria das crianças e dos adolescentes atendidos, no orgulho com que contam suas realizações e revelam seus sonhos. Está nos educadores, que falam com a maior desenvoltura sobre o sistema preventivo e mostram como ele funciona em sua prática cotidiana. É como afirma o padre salesiano Rosalvino Morán Viñayo, fundador e diretor-presidente da obra: “Dom Bosco aqui está vivo, ativo. E ele é forte”.

Sonho concretizado

Padre Rosalvino é a figura carismática no centro da Obra Social Dom Bosco. Ou a figura paterna, como ele prefere dizer: “Me desdobro para ser um pai em meio à carência. Porque penso que essa é a chave de ouro do sistema salesiano: a presença. É o nosso grande diferencial”. Quando a obra abre suas portas, às 7h da manhã, padre Rosalvino já está ali e é ele quem se despede dos alunos, às 22h.
Durante o dia, o trabalho é intenso. Como era ha mais de 30 anos, quando padre Rosalvino chegou à região atendendo a um pedido da Arquidiocese de São Paulo para que os salesianos fossem à periferia da cidade cuidar das crianças que perambulavam, desassistidas, pelas ruas. Naquela época, relembra o padre, Itaquera era uma região longínqua e mal-vista da cidade. O início, por isso, não foi fácil. O oratório começou nas calçadas e terrenos baldios do bairro. Depois, veio o trabalho com as famílias, inicialmente desconfiadas daquelas pessoas “de fora”. Aos poucos, a comunidade foi se aproximando da Igreja, da paróquia e da proposta educativa que se tinha ali.
Assim, em 31 de maio de 1981, quando inaugurou-se oficialmente a Obra Social Dom Bosco, isso foi sentido como a concretização de um sonho. Sonho inicial de um grupo de salesianos, composto pelo próprio Rosalvino, irmão Antonio Carlos Martins, irmão Hamilton Bernardo Rodrigues e alguns leigos comprometidos. E sonho também da comunidade, que fortalecia sua confiança nas próprias forças e sua esperança de uma vida melhor. O que mudou nesses 30 anos? Padre Rosalvino afirma com segurança que a presença salesiana contribuiu muito para o desenvolvimento da região. “Hoje temos um reconhecimento de nosso trabalho. Pelos governos, que começaram a olhar com outros olhos para a região devido à nossa ação missionária e educativa dos jovens, e pelas pessoas daqui”, diz ele.

Casa que acolhe, escola que educa

Entre os diversos serviços oferecidos atualmente pela OSDB de Itaquera, destaca-se o Centro de Desenvolvimento Social e Produtivo, considerado o maior centro profissionalizante totalmente gratuito do Estado de São Paulo. São 1.700 jovens e adultos, com idade acima de 15 anos, que frequentam os inúmeros cursos distribuídos em 16 áreas. A clientela preferencial é composta por quem não tem outras alternativas de profissionalização, mas muita gente procura a obra pela qualidade da formação ali oferecida, tanto na área técnica, como na perspectiva humana. “Aqui a gente é o pássaro que aprende a voar. Aprendi a direcionar os meus caminhos, a ter disciplina, a conviver, a ouvir a opinião alheia e hoje sei que posso realizar muito do que almejo”, resume Caroline Farias dos Santos, aluna de Técnicas Administrativas.
Outro serviço importante é o Socioeducativo, o mais antigo da Obra Social Dom Bosco, e que hoje é composto por quatro Centros da Criança e do Adolescente e pelo Centro de Formação e Cultura, com 1.200 crianças e adolescentes com idades de 6 a 17 anos e 11 meses. No contra-turno escolar, eles têm acesso a oficinas de artes e esportes. “Muitos chegam aqui sem nunca ter feito ginástica artística, ou sem saber nem pegar no lápis direito e hoje desenham ou se destacam no esporte”, afirma Maria Célia Fernandes dos Santos, coordenadora do Centro de Formação e Cultura. Mas ela ressalta que o objetivo maior não é formar atletas ou artistas, e sim dar aos jovens acesso à cultura e aos esportes; é formar bons cristãos e honestos cidadãos, como queria Dom Bosco: “Vêm crianças até de bairros muito distantes, porque em outros locais da zona Leste não há nada parecido com o que fazemos aqui”.
A própria Maria Célia é uma ex-aluna do projeto socioeducativo. “Como educadora, trabalho na obra há 16 anos, mas se falar em quanto tempo estou com os salesianos, então são 30 anos!”, destaca ela. Aliás, muitos dos hoje quase 500 funcionários da Obra Social Dom Bosco são ex-alunos. Como Márcia Rodrigues da Costa, que teve seu primeiro contato com os salesianos na catequese: “Fui ouvir o ‘padre novo’ (padre Rosalvino), que queria falar com os jovens, e estou até hoje ouvindo o que ele tem a dizer”, rememora.
Márcia coordena uma das oito casas de acolhimento institucional (abrigos) e tem sob seus cuidados 26 crianças e adolescentes de 0 a 17 anos e 11 meses. “Procuramos dar a oportunidade dessa criança escrever uma nova história para si e trabalhamos muito a questão da família”, diz Márcia. Perguntada sobre o significado de trabalhar na Obra Social de Itaquera, ela sorri e responde de forma precisa: “É muito bom trabalhar aqui, é a minha casa. Para mim é mais do que entender e levar a missão, porque eu vivi a missão!”.
Além dos serviços acima citados, a OSDB de Itaquera mantém dois Centros de Educação Infantil, para 260 crianças de 0 a 3 anos; o Núcleo de Convivência de Idosos para 90 pessoas e dois Núcleos de Atendimento a 120 adolescentes de 12 a 21 anos de idade em cumprimento de medidas socioeducativas, voltados para a Liberdade Assistida e a Prestação de Serviços à Comunidade.

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